segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Chef Baron

paella

Forjado homem nas alamedas do acolhedor São Lázaro, Luiz, vinte e poucos, enxergou que o seu eldorado estava muito além das macaúbas. Na vitrine midiática do globo por conta dos Jogos Olímpicos, Barcelona foi o destino eleito. O ano era 1992 e ele não tinha a menor idéia de como ganharia a vida na Espanha. Embarcou com algumas dicas, com a cara limpa e com a coragem típica de um bandeirante da Beloca.

Alguns contatos no bolso, Luiz desembarcou em Madri e tomou o rumo de El Masnou, pequena localidade que fica nas cercanias de Barcelona.

Frustrado o encontro com as referências brasucas que poderiam dar-lhe o primeiro norte profissional em solo ibérico, um colóquio casual  com um dominicano propiciou ao crepuscular o seu primeiro trabalho.

A faina inaugural foi lavar pratos. E o seu primeiro teto foi com os donos do restaurante.

O primeiro emprego e a primeira morada duraram menos de mês. E a curta relação se rompeu por Luiz levar consigo um hábito dos trópicos que desagradou os patrões. Depois de uma jornada de labuta na cozinha, suado e engordurado, ele não abria mão dos banhos diários. Trabalhando num restaurante, acreditem!, foi dispensado por excesso de higiene.

E, de novo, o dominicano foi a mão amiga. Levou Luiz para também lavar pratos no restaurante do Clube de Tênis, no qual era chef.

Ali, na árdua lida de lavar louças, o macaúbico decidiu que queria ser chef.

Meta traçada, Luiz enfim conseguiu contatar a comunidade brasileira do pedaço. E no convívio com os tapuias granjeou um upgrade na cozinha. Chegou, com a ajuda dos conterrâneos, ao Masia Can Casals para auxiliar na seção de saladas (entradas) e sobremesas. Estava na cidadezinha de Alella.

A entrega à nova função fez o restauranter Pepito ver o talento que laborava na sua brigada.

Expandindo os negócios para a cosmopolita Barcelona, o empresário levou Luiz para inaugurar uma nova casa. Por ano e meio o mantiqueiro-hispano chefiou a área de couverts e sobremesas do El Pirata del Puerto.

Com o firme propósito de vestir o avental de chef, passou a rodar para aprender. Um ano em cada cozinha era o suficiente pra ganhar bagagem. E assim foi dominando as caçarolas da gastronomia clássica espanhola: paellas, caldeiradas e uma variedade colorida e saborosa de pratos de frutos do mar.

A rede de contatos cresceu e, por isso, já gozava de um certo prestígio no backstage da gastronomia de Barça.

No fim dos anos 90, veio o primeiro convite para o ápice: ser o 1º chef do restaurante do Abba Sants, um hotel cinco estrelas. Ainda um tanto inseguro para a empreitada, declinou o chamado para o comando geral e foi efetivado como 2º chef.

Segundo de direito, mas primeiro de fato. Pouco afeito ao trabalho duro sob as coifas, o 1º chef posava de estrela enquanto Luiz carregava o piano.

A incômoda situação não durou mais que dois anos. No início do novo século, a cozinha estrelada do Abba Sants passou a ser, de fato e de direito, chefiada por Luiz Baron Neto. O menino do São Lázaro venceu em plagas estrangeiras.

Há dois anos retornou ao pé da Mantiqueira, onde exerce sua arte sem endereço fixo. Nas casas de quem o contrata, segue o lema de fazer uma cozinha correta na qualidade, na quantidade e no preço.

Em tempo: Gourmet ocasional e glutão full time, o blogueiro ainda não foi apresentado aos pratos do chef Luiz Baron o que, desinteressadamente, ele espera que aconteça após essa postagem.

 

Sugestão de menu degustação do chef Luiz Baron:

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Entrada

Carpaccio de salmão com lâminas de parmesão e vinagrete de tomate fresco (foto acima) ; Creme de abóbora com mousse de bacalhau (foto abaixo); Rigatone com filet mignon suíno.

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Principal

Lombo de namorado no vapor sob parmentier de mandioquinha; Carré de cordeiro assado ao molho de vinho e champignons.

Sobremesa

Figos maduros refogados com cravo e canela servidos com sorvete de macaúba.

Mais sobre o chef Luiz Baron

No Facebook

No YouTube

O chef ensina como fazer uma salada de bacalhau

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pedra bruta

boteco

Sobre a lei, aprovada nesta semana pela Câmara Municipal, que regulamenta o horário de funcionamento de estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas, tenho palpites esparsos sobre o tema nas redes sociais. Como o assunto é bastante controverso, e a lei ainda depende de sanção do prefeito para entrar em vigor, consolido aqui alguns juízos pessoais.

  1. Os vereadores não aprovaram o dispositivo legal de afogadilho. A anuência, unânime, diga-se, se deu após alguns meses de discussão;
  2. O Legislativo concordou com pareceres favoráveis à lei de diversas instituições e segmentos da sociedade, notadamente Ministério Público, Poder Judiciário, Polícias Militar e Civil e Associação Comercial;
  3. Qualquer lei é um troço chato, impositivo, obriga a obediência sob pena de castigo. Numa sociedade ideal as regras não escritas da boa convivência seriam balizadoras do comportamento humano;
  4. Longe do mundo ideal, pode haver a necessidade de incômodos na liberdade e na diversão sadia de alguns. O cerceamento destes alguns se justifica com uma relevante melhora de muitos. O bem-estar da coletividade está acima de interesses individuais;
  5. A lei não pode ser vista como uma panacéia que resolverá todos os problemas de segurança da cidade. Ela tem que vir acompanhada de uma série de medidas complementares, tais como: aumento no efetivo policial nas áreas críticas, fiscalização nos estabelecimentos ilegais, melhora na iluminação dos espaços públicos, oferta de lazer aos jovens da periferia, etc.;
  6. Num debate com algum grau de passionalismo, me apego aos números de cidades que implantaram códigos semelhantes. As estatísticas, nestas localidades, apresentam redução significativa na criminalidade e naqueles pequenos delitos que o jargão policial chama de “desinteligência”;
  7. Não enxergo essa lei como pétrea, imutável. Se os objetivos não forem alcançados de maneira significativa, que se revogue o dispositivo legal;
  8. Num primeiro momento, vejo a lei como uma bem intencionada pedra bruta. A sua lapidação —ou a sua destruição— decorrerá da observância crítica dos cidadãos e da sociedade organizada.

Em tempo: O vereador, eleito agora presidente da Câmara, Francisco Arten, tem postado no Facebook diversos temas de interesse público. As postagens têm suscitado saudáveis —e acalorados— debates. São as redes sociais a serviço da democracia.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Redes sociais

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(...)É mais um dos formidáveis poderes da internet. Depois de anular as distâncias, anula o tempo. Temos na mesma turma o colega do curso primário e o sujeito que acabamos de conhecer, como se os fatos que separam nossas camadas de história ficassem chapados num único frame. Isso é novo na existência humana. O que vai resultar disso? Não tenho a menor idéia.(...)
Dagomir Marquezi, sobre as redes sociais, na revista Info deste mês.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Escuro

claro

Um tanto ausente desta tribuna, o blogueiro reaparece por razões, digamos, sangüíneas (com trema, please).

Atendente de 0800 e afins quase sempre leva bucha por conta de maus serviços prestados pela empresa que o contrata. Não raras vezes, esse sofrido empregado tenta justificar o injustificável da corporação que paga seu salário. Ele ouve esporros da clientela irada porque ali no telefone ele não é o João/Zé/Luís, ele é a Vivo/Claro/TIM. Há tristes exceções no meio desse exército de bons operadores.
Explico. Comprei para meu filho um aparelho celular de um amigo (coitado!) que é cliente Claro. Para desbloquear o aparelho (somos clientes Vivo), meu filho contatou o canal 0800 da operadora. Lá pelas tantas, explicações técnicas indo e vindo para zero de resolução, a atendente Daniele (20102255236573), num descuido com a tecla "mudo", soltou essa falando com um colega: "Fulano, o cliente aqui é mais burro do que eu".
Se ela estivesse falando comigo, um neófito tecnológico, até aceitaria ouvir algo pouco edificante sobre a minha parvoíce. Mas a negligente “clarete” falava com um jovem de 20 anos que, como muitos da sua idade, nasceu com o mouse na mão. Há muito sou Vivo e, por essa, é claro que nunca vou ser Claro.

Teimosamente, continuamos sendo Vivos e burros.

domingo, 17 de outubro de 2010

Plínio, o socialista

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Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, foi o diferente no pleito presidencial de 2010. Defensor de um projeto político controverso, sarcástico, corajoso, Plínio cutucou os oponentes (“são todos iguais, eu sou a diferença”), bateu na Globo dentro da própria Globo e, com provocações inteligentes, jogou água quente na mesmice dos primeiros debates televisivos.

Nas suas espetadas, o ex-petista (“saí do PT por causa da política entreguista e submissa do Lula”) e candidato do PSOL atacou até a verde Marina Silva: “É uma ecocapitalista. Não há como proteger o meio ambiente sem atacar o lucro”.

Adepto das redes sociais, soube usar bem o Twitter e ganhou uma legião de fãs entre a juventude internética.

Casado com a sanjoanense Marietta Ribeiro de Azevedo Sampaio, Plínio, que já viveu exilado no Chile e EUA, vem sempre aos Crepúsculos para se desligar da faina política. Repousa com a família num agradável sítio nos arredores desta Sanja.

Um tanto ausente das reuniões, diga-se, é imortal da Academia de Letras de São João da Boa Vista. Aproveita o contato com o blogueiro e confrade para se justificar: “Quando me convidaram, mencionei a dificuldade que tenho para estar presente nas reuniões. Mas sempre que posso, vou. Minha mensagem aos confrades e confreiras: tenho clara consciência do que representa uma Academia como a nossa para o desenvolvimento cultural da sociedade sanjoanense. Tenho orgulho de participar dela”.

Noite destas, surfando na rede, sapequei algumas perguntas para publicação neste blog. Passava de meia-noite e, talvez cansado das dezenas de twittadas, Plínio foi conciso no pingue-pongue que segue:

Polegar para cima

Por que defender o voto nulo no segundo turno?

Porque estou convencido de que nenhum dos dois [Serra e Dilma] resolverá os problemas do povo e é importante deixar claro que melhorar não é resolver. Sem essa consciência, a massa trabalhadora jamais se levantará contra a burguesia.

O programa de governo da petista Dilma Rousseff tem alguma proximidade ideológica com o do PSOL?

Não. Nada. É um programa capitalista e o nosso programa é socialista.

Sair do PT foi muito doloroso para o senhor? Houve algum fato isolado, e grave, que precipitou a sua saída do partido?

Foi muito doloroso pela importância que dou ao PT, o primeiro partido político do Brasil formado por pessoas do povo que conseguiu penetração nacional. O fato básico que precipitou a minha saída foi a política entreguista e submissa do Lula.

A História mostra que os regimes socialistas acabam se transformando em ditaduras. Como o senhor, um notório defensor dos valores democráticos, explica isso?

É verdade. A degenerescência se deve a dois fatores: pressão do mundo capitalista, de um lado, visão equivocada do socialismo, de outro. Pretendemos trabalhar este segundo aspecto. Meu socialismo não abre mão da democracia.

Há algo de bom no governo de Hugo Chávez que poderíamos usar no Brasil?

Hugo Chávez está procurando organizar o povo pela base. Só isto bastaria para justificar nosso apoio ao seu governo.

Fale-nos um pouco sobre as referências de São João na sua vida?

Bom, para não ir mais longe: São João é a terra da Marietta. Precisa algo mais?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Donagertrúdico e Guiomarnovático

Marcelo Sguassábia

No retrato, o cronista refestelado depois de fartas porções de chantilly com batata pringles

Polegar para cima

Nascido no Reino da Beloca, deixou de beber a água do Jaguari aos 4 anos. O desterro precoce não matou o seu amor pelos Crepúsculos. Ao contrário.

Caminhando para meio século de vida, Marcelo Pirajá Sguassábia ganha o pão desde os 22 como um premiado redator publicitário. Ele é bom!

Escreve na labuta e escreve no recreio. Desde 2005, fora da faina, ele produz jóias literárias semanais que são publicadas em três jornais (Sanja o lê na Gazeta de São João) e em diversos sítios internéticos. Ele é muito bom!

Sobre o vezo das suas linhas, o escritor mostra resignação com a pena flutuante:

“Minhas lavras oscilam entre o conto e a crônica, sem estilo definido, e já me conformei com o fato de que é neste limbo que elas irão ficar”.

Incertos no enquadramento, ora líricos, ora cheios de humor, ora numa mistura prazerosa de poesia e sátira, os textos do Marcelo são precisos em agradar os leitores. Se seus escritos variam na classificação literária, eles são pétreos na qualidade. O macaúbico letrado espanta pela regularidade. Ele é fora de série!

Bom, muito bom, fora de série, genial!!!! Lavrador onírico, beatlemaníaco empedernido, pianista diletante e viajante no tempo, Marcelo Pirajá Sguassábia, 46 anos, depois de inúmeras e estafantes tratativas (embora não verdadeiro, o tempero da dificuldade valoriza o colóquio perguntativo), sucumbiu ao pedido do blogueiro e respondeu o revelador questionário que segue.

Polegar para cima

Da sua infância na província crepuscular, tem alguma lembrança marcante?

Muitas. As férias na chácara da minha avó Chiquinha, na estrada São João–Pinhal, a casa do velho Pirajá na Tereziano Vallim, as matinês de Carnaval no Recreativo, meu avô Miguel Sguassábia, o antigo Bar Teatro, o quintal e a sala do piano no casarão da minha tia Mariquinha, os primos todos, a fazenda do Matão... a lista é grande.

Descobriu quando o gosto pelas letras? Quem elogiou as suas primeiras lavras?

À minha relação com a palavra eu não atribuiria nem gosto nem facilidade. Há coisas que gosto mais de fazer e escrever nunca é fácil, por mais que se ganhe prática. Digamos que, desde pequeno, o que botava no papel se sobressaía da média. Acho que quem primeiro me incentivou a escrever foi a professora que me alfabetizou, Dona Jamile Pereira.

Como é o seu processo de criação dos textos? Como você escolhe o mote, quase sempre inusitado, para suas deliciosas “viagens maionésicas”?

Depende muito. Às vezes o mote surge e vai sendo trabalhado aos poucos, por uns 3 ou 4 dias. Outras vezes a ideia inicial vira outra coisa completamente diversa. Habitualmente inicio meus textos pelo meio ou pelo fim, quase nunca pelo começo. Invejo aqueles que escrevem dentro de um encadeamento lógico e fluente –obedecendo a sequência introdução/desenvolvimento/conclusão. Meu processo é meio caótico e fragmentado, aos poucos vou juntando as partes para tornar o conjunto coeso.

Por que ainda não sucumbiu ao livro para publicar uma coletânea das suas crônicas?

Porque sem dúvida sucumbiria à tentação de reescrevê-lo, tão logo publicado.

Pergunte ao Mestre Duña, e exija sinceridade, como ele definiria Marcelo Pirajá Sguassábia.

No mais das vezes, é um sujeito que faz ouvidos moucos aos meus enunciados, máximas, teoremas e profecias, não obstante as advertências que reiteradamente lhe faço ao longo dos anos – especialmente quanto ao funesto hábito de caminhar colocando alternadamente um pé à frente do outro.

Um sujeito altamente mais ou menos e paradoxal por excelência, fanfarrão e ensimesmado, Pagúlico e avesso a pândegas e galhofas. Um bipolar de nascença, mormente no que tange a atributos mantiqueiros. Tereziânico do pescoço para cima, porém Vallímico da canela para baixo. Ao mesmo tempo em que é Orídico nos olhos, é estranhamente Fontélico nas pálpebras. Embora baurúnico às terças, é Belóquido às quintas – o que contraria frontalmente as mais elementares leis da física. No afã de tornar-se Perpétuo, não hesita em pedir Socorro.

Donagertrúdico nas preferências gastronômicas pouco ortodoxas, Guiomarnovático aos domingos, nos dias santos de guarda e no interim entre uma coisa e outra. Joaquinjosélico em suas convicções filosóficas. Bairroalégrico quando se trata de optar entre o que é certo e duvidoso, o bem e o mal, chantilly com pringles e pistache com fanta uva.

Ainda assim, desejo ao meu porta-voz, esse carrasco que só me concede aparições bissextas nos seus esquecíveis escritos, uma longevidade Palmyroferrântica.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Neo-macaúbico

Família Umhof

Família Umhof: reconhecimento da nação macaúbica ao patriarca Alberto

Criando seus dois filhos aqui, empreendendo, gerando empregos, apaixonado pela cidade e figura ativa na sociedade crepuscular, Alberto Umhof, agraciado com a homenagem na noite da última sexta-feira, é merecedor inconteste do título de cidadão macaúbico.

Reproduzo abaixo um fragmento cheio de poesia do discurso de agradecimento do neo-sanjoanense:

“O ar de São João é doce, como a água encantada do Rio Jaguari, como os mil tons de laranjas e roxos dos Crepúsculos Maravilhosos, como os milhões de verdes da Mantiqueira.

Eles vão entrando devagarzinho na alma da gente, sem fazer força até que o espaço que abrem tem tal singularidade que não pode ser preenchido por outros cheiros, por outras paisagens.

...especialmente honrado em receber o título da cidadania quando na alma essa presença já se fez inteira, como sabiamente um amigo sanjoanense jornalista e blogueiro me fez notar”.

Alberto, meu amigo, honrado fica o blogueiro por ser citado em elóquio de tal importância.

domingo, 26 de setembro de 2010

Algumas nothas (replay)

Republicação de uma crônica de 30/05/2008. Estaria mentindo se dissesse que o repeteco foi “a pedidos”.

propaganda antiga grapette

Aureliano Passos Monteiro, emérito guarda-livros da Companhia Crepuscular, encontra-se acamado convalescendo de uma pavorosa blenorragia. Desde sempre um homem sério, Aureliano tem freqüentado ambientes nada recomendáveis ultimamente. A chaga, dizem, foi um sinal divino para levá-lo de volta ao caminho dos retos. Embora a esposa queira matá-lo, aqui da Redação emanam votos de pronto restabelecimento.

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Gildásio Rosa das Neves, maquinista da TransBeloca, não resistiu aos encantos da voluptuosa costureira Selma Tesourada e, entorpecido de desejo, abandonou a noiva Izildinha. Em pranto pela galheira vil às portas do matrimônio, Izildinha seguiu o conselho da tia Maria Pia e se enclausurou no Convento das Macaúbicas Descalças. Gervásio, fotógrafo do periódico, decreta que o irmão Gildásio fez o certo: “Ele barganhou uma vida de caldos ralos e insípidos por outra de homéricas e calóricas rabadas”.

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Notório mal-ajambrado e vezeiro em ultrajar o verbo, o edil Osmar Motta tem circulado com desembaraço e elegância por alguns salões requintados da cidade. Almas ingênuas creditam o garbo repentino ao curso de etiqueta de Madame Daniele Gertrudoir. A turba da língua mais ácida apregoa que a gaita grossa da corrupção proporciona tão somente uma recauchutagem grotesca. O político Motta, rezam estes, não passa de uma indecorosa casinha de sapé ornada com brilhoso vitraux europeu.

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Jairo Vallim, inspetor fiscal, com muitos vivas da família deu cabo ao duradouro compromisso pré-nupcial e levou a bela Maria de Lourdes Tereziano ao altar. Após solene cerimônia na igreja do Rosário, o novo casal brindou com os convidados em inesquecível rega-bofe no salão da paróquia. Cobiçosos pela primeira noite, os pombinhos nem esperaram o fim da festa e partiram em viagem para a fria e romântica Poços de Caldas. Funcionários do Palace Hotel dão conta que as ruidosas brincadeiras carnais só findaram junto aos primeiros raios de sol.

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Poeta chinfrim, cronista aborrecível, mais afeito ao trabalho burocrático e menos às lides intelectuais, o bancário Augusto Laureado foi eleito para a Academia de Letras. A suspeita eleição está sob rigorosa investigação. Alheio ao prognóstico de bandalheira, o abjeto escriba ostenta acintosamente o medalhão pelas esquinas da província.

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Clodomiro Januário, promotor recém-chegado na comarca, tem provocado arrepios nas donzelas casadoiras. Solteiro, galante e alinhado, o jovem operador do Direito é recíproco aos libidinosos olhares femininos. “Tudo fachada!”, brada o escrevente da 2ª Vara de Pindamonhangaba. E conclui: “Ele é bom de pose, mas não é chegado na fruta”.

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Mirante da Mantiqueira, o tradicional restaurante dos almoços dominicais precisa trazer à luz o triste ocorrido da última semana. Aos fatos. O patriarca dos Souza Andrade levou o seu numeroso clã ao estabelecimento para comemorar a Primeira Eucaristia do caçula Paulinho. O tão esperado mousse de chocolate foi uma tenebrosa sobremesa para os Souza Andrade. Minutos após a doce ingestão veio a amarga e desesperada procura por latrinas. Alô, alô, patrulheiros sanitários, vamos apurar as causas do desarranjo e punir os culpados. A flora intestinal dos Souza Andrade agradece.

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Ainda o rescaldo da diarréia. Entre desidratado e traumatizado, o caçula Paulinho jurou para desânimo da mãe carola: “Não comungo nunca mais!”

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Mestre Duña, coach dos Macaubulls, não vai comandar o time na Taça dos Bugres do Jaguari. Em evidente processo de fritura, o genial estrategista não conseguiu se fazer entender pelos pupilos e vai voltar para a cátedra. Sonhador, ele promete voltar e profetiza: “A Macaúba Mecânica ainda vai assombrar o mundo!”

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Doutor Joseph Prost Son, o sábio de branco, traduz para os leigos a patologia de Aureliano Passos Monteiro: blenorragia é doença sexualmente transmissível, provocada por bactéria da espécie neisseria gonorrhea. No homem, geralmente caracterizada por uretrite, na mulher, por corrimento mucoso. Gonorréia, para simplificar.

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Augusto Laureado, o acadêmico embusteiro, explicita aos broncos o infortúnio dos Souza Andrade: caganeira.

domingo, 19 de setembro de 2010

Talento crepuscular

A Folha me conta que Eduardo Bueno e Laurentino Gomes são fenômenos editoriais contando a História do Brasil. Os dois historiadores, que já venderam milhares de livros, apostam no mix dados pitorescos com análises mais profundas. Eles negam que seus livros sejam simplificação da História. Defendendo obras mais acessíveis, Laurentino Gomes diz que o viés humano do seu trabalho avaliza as investigações acadêmicas mais densas.

Cá nos torrões da Beloca, Dulcídio Braz Júnior, mestre em Física, ensina a matéria numa linha muito parecida com a dos best-sellers de História. Sabe, como poucos, converter conceitos complicados e equações impenetráveis numa linguagem inteligível, prazerosa até.

E o faz usando uma ferramenta em que ele também esbanja conhecimento: a informática.

Seu premiado blog, Física na Veia, que já teve mais de 1.300.000 acessos e está hospedado na Estação Ciência e Saúde do UOL, é referência no ensino de Física para professores de todo o território nacional. “Tópicos de Física Moderna”, é livro de sua autoria que também difunde com muita competência a matéria para estudantes Brasil afora.

Recém-chegado da Suíça, onde realizou o sonho de conhecer as instalações do CERN/LHC, Júnior, assim chamado em sala de aula, cumpriu uma promessa pré-viagem e gentilmente aceitou ser entrevistado pelo dono deste Baú. Empolgado, falou pelos cotovelos proporcionando o post mais longo da história desta tribuna:

Mire-se na figura deste néscio blogueiro e explique aos leigos os ensaios científicos realizados no CERN.

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Vista aérea de Genebra e o perfil do anel subterrâneo

Antes de mais nada, é preciso entender que o LHC –Large Hadron Collider– é um enorme acelerador de partículas (atualmente prótons) que ganham energia até atingirem 99,99% da velocidade da luz no vácuo (que é aproximadamente 300.000 km/s). Nesta rapidez enorme, as partículas carregam muita energia cinética per capta. Na prática, são dois feixes de prótons que viajam em sentidos opostos dentro do anel de praticamente 27 km de extensão que fica a 100m de profundidade e encravado na rocha. É difícil imaginar quão grande é tudo isso. Mas nessa velocidade, cada feixe dá cerca de 11000 voltas por segundo no anel de 27 km!

Em quatro sítios, onde ficam os quatro experimentos (ATLAS, CMS, ALICE e LHCb), as partículas são colocadas em rota de colisão. E o resultado desta colisão é analisado por detectores que juntos, em cada experimento, somam em média 10.000 toneladas e correspondem em tamanho a um pequeno edifício de 3 ou 4 andares.

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Esquema do anel 100m abaixo da superfície

Uma trombada a esta enorme velocidade, ou seja, com enorme energia, equivale a uma poderosa martelada que faz as partículas do átomo fragmentarem-se em subpartículas ainda menores. E aí podemos, através dos detectores que citei acima, convenientemente posicionados, estudar as entranhas da matéria. Pode-se dizer que o LHC é um poderoso microscópio para “espiar” dentro do átomo e tentar entender a sua estrutura fina.

A idéia básica por trás dos experimentos do LHC é que matéria como conhecemos está organizada segundo o Standard Model, o Modelo Padrão de Partículas, que prevê a existência de 61 subpartículas atômicas. Destas, 60 já foram detectadas. Falta apenas uma partícula para a confirmação da teoria que tenta explicar como a matéria surgiu e se organizou a partir do Big Bang, o início do nosso Universo, evoluindo até os dias de hoje. Esta peça que ainda falta no quebra-cabeças é chamada de Bóson de Higgs proposta em 1964 pelo físico escocês Peter Higgs. Segundo ele, esta partícula é responsável pelo mecanismo de prover massa às outras partículas e a si mesma. Acredita-se que quando o LHC estiver funcionando a toda carga (atualmente está a 50% a sua capacidade), o Bóson de Higgs possa aparecer para confirmar a teoria.

No CERN também estão pesquisando a razão pela qual a quantidade de matéria superou a de anti-matéria logo após o Big Bang. Hoje só temos matéria. Por que houve essa quebra de simetria? Esta é uma questão que intriga muito os cientistas até porque se houvesse quantidades iguais de matéria e anti-matéria provavelmente não estaríamos aqui. Quando matéria e anti-matéria se encontram, aniquilam-se, resultando em energia.

Existem ainda outras tantas questões fundamentais em aberto. Só para exemplificar, cito mais duas delas. Estima-se que apenas 4% do Universo seja constituído pela matéria ordinária, ou seja, a matéria da qual somos todos feitos. No restante, 22% é matéria escura e a maior fatia do bolo, 74%, energia escura. A matéria escura corresponde à massa que não “vemos” diretamente (daí o termo escura), mas cujos efeitos gravitacionais são medidos experimentalmente. O Sol, por exemplo, orbita o centro da nossa galáxia a uma velocidade de cerca de 220 km/s. Pelos cálculos, pela massa observada e estimada da Via Láctea, a velocidade orbital do Sol deveria ser em torno de 160 km/s. Mas é maior. Suspeita-se que esta velocidade (maior) decorre de uma massa extra relativa a algum tipo de matéria ainda desconhecida. Talvez esta matéria não ordinária apareça em algum experimento do LHC. Ou pelo menos pistas do que ela possa ser. E a energia escura é outro enigma cosmológico. Desde os trabalhos de Edwin Hubble, em 1929, sabemos que o Universo está em expansão. Recentemente, no entanto, descobriu-se que a taxa de expansão do Universo não é constante. A expansão está acelerada, ou seja, alguma coisa se sobrepõe à gravidade que deveria “brecar” a expansão. A energia que faz esta tarefa de aumentar a taxa de inflação do Universo tem origem desconhecida e, por isso mesmo, também é qualificada de escura. Talvez seja possível través do LHC descobrir pistas do que é e de onde vem esta energia misteriosa.

Resumindo: o CERN trabalha na fronteira do conhecimento e pesquisa assuntos de física teórica de ponta realizando o mais sofisticado experimento de todos os tempos. Eu estive lá por uns dias e posso dizer que no CERN temos a impressão de que estamos num filme de ficção científica. Mas não há nada de ficção. É ciência do mais alto nível, acontecendo ali, na nossa cara!

Conhecer in loco as instalações do CERN/LHC mudou a sua visão sobre os experimentos lá realizados?

Não posso dizer que mudou a minha visão, eu já sabia bem o que se faz por lá. Só que a gente imagina algo grandioso e, quando passa a viver lá dentro, percebe que é muito, mas muito mais mesmo!!! É tudo over!

Ali estão somados conhecimento científico e tecnologia de décadas. Só para citar um exemplo, quando fui visitar o LINAC, o acelerador primário, de onde partem os prótons que mais tarde vão entrar no anel do LHC, deparei-me com uma placa inaugural documentando a presença de Niels Bohr ali naquele local em 1960, três anos antes do meu nascimento. Vale lembrar que Bohr, que criou um modelo quântico para o átomo de hidrogênio, é um dos meus ídolos da Física Moderna! Imagina a emoção!

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Placa de inauguração do Syncrotron com a presença de N. Bohr

E não é raro nos deparamos no CERN com algum prêmio Nobel circulando nos corredores ou até quem sabe sentado ao seu lado no restaurante!

Sobre a complexidade de todo o aparato, é impressionante! São diversos experimentos interligados. No fundo o LHC é um upgrade do que já existia lá. Ele recebe os prótons de aceleradores menores, pré-existente, e termina por dar mais energia ao feixe, batendo o recorde energético na história da física até o momento.

E todo o pessoal que lá trabalha é top. E nem podia ser diferente: lá respira-se ciência da melhor qualidade o tempo todo. Até no restaurante do CERN, além de outros lugares de circulação comum, existem monitores LCD que mostram detalhes dos experimentos que estão sendo realizados em tempo real.

Voltei de lá renovado. E muito mais convicto do quanto sou apaixonado pela ciência, em especial pela Física. E quero continuar passando isso para os meus alunos presenciais e para meus leitores do Física na Veia! que são, no fundo, alunos “virtuais” (não gosto de “virtual” neste sentido mas às vezes ele é inevitável!)

Do ponto de vista prático, o que vai melhorar na vida do cidadão comum com o resultado das pesquisas no CERN/LHC?

A ciência trabalha em busca de modelos que possam explicar cada vez melhor o universo observável, em todas as escalas, do micro ao macro. E, como no CERN o conhecimento é top, é de fronteira, não dá para dizer que teremos aplicações imediatas da descoberta do Bóson de Higgs ou das pistas do que pode ser matéria escura, por exemplo.

Mas todo o esforço concentrado para fazer funcionar um experimento gigante acaba melhorando tecnologias pré-existentes e até gerando novas tecnologias que, inevitavelmente, terão reflexo nas nossas vidas de alguma forma. 

Quer exemplos?

Pouca gente sabe, mas foi lá no CERN que nasceu a internet. A quantidade de dados gerados a partir da detecção das partículas nos experimentos dos aceleradores é tão grande que precisa ser distribuída e compartilhada numa grande rede mundial. O CERN criou esta rede do zero para uso próprio. E, quando ela estava pronta, percebeu que poderia ser útil à sociedade que foi presenteada com este avanço que mudou o paradigma da troca de informação. Estamos vivendo uma nova revolução, a revolução da informação, historicamente tão importante quanto foi a revolução industrial. E isso veio do CERN, sem custo para a sociedade. Se a internet tivesse sido desenvolvida por uma empresa privada, hoje pagaríamos pelo seu uso. Pagamos apenas pelo acesso à internet. Mas a tecnologia não tem dono, é de uso comum, é presente do CERN para a humanidade.

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Dulcidio no CERN, diante da sala onde nasceu a Web

Um outro exemplo importante é que a tecnologia usada nos aceleradores de partículas, como os do CERN, ajudou a desenvolver e melhorar a qualidade dos exames diagnósticos (não invasivos) por imagem. A Medicina ganhou muito com estes avanços. Exames ultramodernos, como a PET (sigla para Tomografia por Emissão de Pósitrons), nasceram como fruto desta tecnologia aplicada. Tratamentos de tumores cancerígenos também evoluíram bastante a partir desta tecnologia.

É difícil mensurar “quanto”, “como” e “quando” um conhecimento de fronteira vai interferir nas nossas vidas. Mas isso sempre acontece.

As experiências com o LHC colocam a vida no planeta em risco? Por que existe controvérsia sobre os riscos do experimento?

Toda vez que um grande experimento aparece, surgem as teorias conspiratórias. Temos vários exemplos disso ao longo da história da humanidade. E a falta de educação científica ajuda a propagar as notícias alarmistas e a disseminar o pânico nas pessoas.

Todos podem ficar tranquilos. O mundo não vai acabar. Pelo menos não vai acabar pelas ações do CERN! Mais fácil cair um asteróide no planeta e acabar com as nossas condições de sobrevivência!

Digo isso porque o que quase ninguém comenta é que na natureza existem partículas vindas do espaço que carregam muito mais energia do que as partículas aceleradas no LHC. Algumas destas partículas, geradas em alguns processos ativos, possivelmente em núcleos de galáxias distantes, já foram detectadas aqui na Terra. Sendo assim, como é que o Universo ainda não se autodestruiu se ele mesmo produz partículas de altíssima energia?

Logo, não vai ser o LHC quem vai acabar com o mundo. Concorda?

Acho que você já poderia pensar em viver como pesquisador, conferencista e blogueiro. Você pensa em abandonar a carreira de professor? Estar em sala de aula ainda lhe dá prazer?

Esta é uma questão delicada, quase tão delicada quanto o que se faz no CERN!

Em primeiro lugar, adoro dar aulas. Pode negritar isso! O prazer é o mesmo de quando comecei a lecionar com vinte e poucos anos de idade. Afinal, falar sobre um assunto pelo qual somos apaixonados é uma delícia. E o olhar de quem entende algo antes tido como complexo é uma deliciosa recompensa!

Só que ensinar é uma via de mão dupla. Este é o melhor aspecto da minha profissão de educador. Mas, paradoxalmente, também é o pior! É o melhor quando dá certo, quando temos um aluno em sintonia, querendo aprender. Aí a troca é gratificante. No entanto, quando um aluno não está nem aí para o que você é e o que você fala, toda a energia empregada é despejada no lixo. A assimetria no processo é cruel. E a sensação de inutilidade é um ralo que nos suga por inteiro! Isso fica claro a cada vez que corrigimos provas e ratificamos o quanto somos inúteis para certas pessoas!

Num mundo de tantas opções, é fato que alguns jovens estão se perdendo. A internet, por exemplo, que é uma ferramenta maravilhosa, por outro lado traz a falsa sensação de que quando quisermos temos qualquer informação ao clique do mouse. Não é bem assim. E, mesmo que fosse, informação e conhecimento são coisas bem diferentes. Pouca gente se dá conta disso! A internet vai trazer no máximo informação. Mas o conhecimento é algo que pressupõe envolvimento, experimentação, degustação de idéias e vivências. Este processo lento, gradativo, que requer maturação, às vezes, pode ser até um pouco dolorido. Neste sentido, o papel do professor como um guia, como um facilitador, é fundamental. Mas temos muitos jovens iludidos do contrário. Naturalmente, isso nos desgasta. E confesso que tenho pouca tolerância à jovens que torram a grana da família numa escola cara, particular, enquanto seus pais ralam pesado para tentar oferecer a eles o melhor!

Então ratifico: adoro dar aulas! Só que muitas vezes, por mais que eu queira, não dou aulas porque o processo fica truncado. E disso, obviamente, não gosto nem um pouco. E, em longo prazo, cansa.

Dá para perceber o quão paradoxal e delicada é a questão? E converso muito com colegas professores de todas as disciplinas e de todo o Brasil, de escolas públicas e particulares, e com eles não é diferente. Estamos vivendo uma crise velada de valores que colocam a escola e a educação num plano inferior. E isso ainda vai explodir mais adiante, pode escrever!

Creio que naturalmente, como todo professor que acumula anos de experiência, vou mudando o foco do meu trabalho aos poucos. Entre outras coisas, é preciso abrir caminho para outros professores mais jovens, com mais gás para enfrentarem as adversidades. Mas não pretendo abandonar de vez a sala de aula porque esta é uma experiência que me alimenta, inclusive como autor de material didático.

Mas há outras maneiras de ganhar a vida, maneiras mais apropriadas para quando a idade chega. Já tenho convite de duas importantes editoras para publicar livros (uma universitária e outra internacional). Não vou revelar nomes porque ainda é segredo. Escrever e passar a sua experiência em livros é uma excelente maneira de ganhar a vida depois dos cinqüenta anos.

Aliás, em breve completo meio século de vida. E preciso começar a (re)pensar minhas estratégias de viver bem, não é mesmo? Já tenho ensaiado algumas outras maneiras de viver dentro do que adoro, dentro da ciência, e da educação. Escolhi a profissão certa! Disso não tenho dúvidas. O segredo é adequar as atividades a cada etapa da vida.

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Foto exclusiva no Baú: Professor Dulcídio no LINAC, onde tudo começa no LHC, onde os prótons são injetados no sistema e começam a ganhar velocidade

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cinquentona enxuta

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Morador do bairro do Pratinha, João Silva, operário, 50 anos, é um zeloso pai de família que pautou sua vida para dar boa educação aos filhos. Previdente, ele sempre guardou parte dos seus ganhos.

Junto com a esposa Maria, hábil costureira, o diligente João obteve êxito em muitos dos seus propósitos de vida. E o quê mais o orgulha são os filhos formados: José, o mais velho, é dentista. Ana é arquiteta.

Hoje casado e habitando numa velha e charmosa alameda do São Lázaro, José não é mais apenas um odontólogo. Jovem de visão, e amparado por crédito saudável, ele é um próspero empresário dono da DentSanja, que oferece planos odontológicos corporativos.

Ana se especializou em design de interiores. Ela odeia ser chamada de decoradora. Independente, deixou a casa dos pais quando comprou um apartamento no Parque das Nações. Empreendedora como o mano Zé, Ana também tem a sua empresa, a SanjaEstilo, que produz móveis sob medida de alto padrão para os abastados desta província crepuscular.

Cinco décadas completadas nesse agosto de 2010, João foi convidado para comemorar seu aniversário na Caixa de São João que, como ele, também festeja 18.250 dias de existência.

Comovido com a lembrança, o patriarca dos Silva rememorou a forte presença da Caixa na vida dele e dos seus.

A parcimônia nos gastos engordou a sua Poupança na Caixa. A economia lhe propiciou a compra de um terreno. Financiou na Caixa a construção da sua morada. Os diplomas dos rebentos foram conquistados com auxílio do FIES. O primeiro consultório do filho José foi comprado através do PROGER. A casa no São Lázaro foi reformada com uma linha habitacional da Caixa. A DentSanja cresceu e apareceu com o Crédito Empresa Caixa. Ana comprou seu apartamento com uma carta de crédito do Consórcio Caixa. A SanjaEstilo faz mais de 50% das suas vendas pelo Construcard Caixa...

Fictícia, a história dos Silva foi composta com retalhos reais, alguns dos quais por mim testemunhados nos meus quase dez anos de Caixa, três deles trabalhados na agora cinquentona agência São João da Boa Vista.

Não obstante a sua atuação como um banco convencional, a Caixa encontra tempo e energia para ser o principal agente de políticas sociais do governo federal, exercendo papel de destaque na promoção do desenvolvimento urbano que contribui sobremaneira para melhorar a qualidade de vida da população brasileira.

Caixa São João, 50 anos, efeméride nos Crepúsculos, festa no pé da Mantiqueira.

Caixa São João, 50 anos, orgulho dos sanjoanenses!

PS: Um texto chapa-branca permeado de merchans do ganha-pão. Verdade. E verdade também é a enorme afetividade que me estimulou a escrevê-lo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Hélio, o pai

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Já que não posso abraçá-lo hoje, a republicação de uma crônica como homenagem.

O ano era 1976, o mês, fevereiro. Numa destas boçalidades da existência humana, um acidente automobilístico tirou a vida de um homem, um grande homem, pai de dois filhos, quase três. Este terceiro rebento deu seu primeiro choro dez dias após o estúpido desastre. Meu irmão caçula não conheceu nosso pai.

E eu o conheci muitíssimo pouco. Quando a eternidade veio buscá-lo minhas primaveras eram somente cinco.

Hélio do bigode espesso. Hélio do Banespa. Hélio de longas baforadas no seu cachimbo. Hélio do Opala verde e das maravilhosas viagens com a família. Hélio dos discos de vinil, de Roberto Carlos, de Chico Buarque, de Martinho da Vila, de Benito di Paula. Hélio de poucas lembranças e muita saudade.

Hélio amante da carne vermelha. Conta minha mãe que ele fazia questão de ir ao açougue do Dito Sinhá para escolher o melhor corte. Depois, deleitava o paladar com um belo bife. Os cromossomos foram vigorosos e legaram a este escriba e seu filho o mesmo apreço pelo traseiro bovino. Laurinho e eu perdemos a razão por uma picanha sangrando.

No curto período em que moramos na vizinha Vargem Grande, as tardes de sábado eram sagradas. Passeios de carro, onde eu viajava em pé no banco de trás, seguidos de pit-stops na Padaria do Zé Candinho para saborear as lendárias bombas de chocolate. Naquela época bomba não era um doce comum. Era iguaria fina de fim de semana.

Meu vizinho e amigo desde o berço, Cirto, conta uma história passada alguns meses antes de sua morte. Com sua habitual veia cômica, Cirto relembra um dia em que fomos nos entreter com pedalinhos em Águas da Prata. No fim do passeio, paramos no bosque para comer o tradicional milho verde. Eu preferi pastel. Vendo o filho atrapalhado com aquela enorme massa e insignificante recheio, meu pai fuzilou com sarcasmo: “Ô Cirto, olha só o pastel do Lauro Augusto, parece até envelope de ofício!”

Às vezes bate uma melancolia, um inconformismo com o desígnio divino de ter me privado tão cedo da convivência paterna. Numa altura da minha adolescência, cheia de conflitos, duvidei até da existência de Deus.

Minha mãe, devo reconhecer, fez o que pôde e o que não para transformar em gente aqueles três moleques. Sofreu mais do que todos, mas, no saldo final, sem falsa modéstia, reconheço-me como bom fruto da educação “anamaria”. Este reconhecimento, entretanto, não me tira a convicção de que, se meu pai fosse vivo, tanta coisa seria diferente pra melhor na vida da minha família. Não falo só da presença física do homem, falo, também e principalmente, do timoneiro que conduz a embarcação para águas tranqüilas.

Lá no plano celestial, imagino meu pai cachimbando e papeando com o Homem Barbudo sobre os rumos da carreira profissional do filho mais velho: “Ô Chefe, trabalho em banco é tão estressante. Será que o menino quer se matar de trabalhar como o pai?”

Aqui do andar de baixo, o bancário descendente responde:

“Pai, no trabalho quero ter o mesmo sucesso que você sempre teve. Mas não é o mais importante. Quero ser seu espelho na plenitude da condição humana. Quero ser o paradigma de homem e pai que você sempre foi”.

domingo, 1 de agosto de 2010

Cantineiras

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Antes de qualquer apontamento, louve-se a iniciativa da ACE e da CTUR de escolher a melhor rotunda napolitana de Sanja. Quiçá venham outras eleições de acepipes crepusculares: o melhor bauru, a melhor coxinha de boteco, o melhor pastel…

Clichê horripilante, mas vá lá, críticas construtivas sobre as escolhas:

Luís Fernando Veríssimo já cogitou renunciar a este mundo quando lhe serviram uma pizza doce. Não chego a tanto, adoro uma de banana com canela, mas acho que pizza-sobremesa tem que concorrer numa categoria separada. Dizer que a melhor de Sanja é uma pizza de abacaxi com sorvete soa um tanto herege aos mestres da Velha Bota. Não duvido da magnitude desta pizza do Spaço, mas, repito, ela deveria ser aclamada numa casta das açucaradas.

Desde a infância da Beloca, esta província crepuscular cultua um clã pelo esmero no preparo das pizzas. Falo, claro, dos Poiano. Há pelo menos três casas da grife familiar funcionando em São João. Falo deles, ausentes na disputa, para apontar que a escolha poderia carecer de inscrições. O júri visitaria as pizzarias seguindo uma lista pré-definida por uma enquete popular pela internet. Sem inscrição e com uma pré-definição do rol baseada na preferência dos clientes, o concurso ganharia em representatividade, credibilidade e legitimidade.

Aproveitando o post, saio do embate, mas sigo falando das redondas. Visitei dia destes o Zucatu’s e embarquei num rodízio. As pizzas seriam respeitáveis se não padecessem de um pecado capital: a carência total de molho de tomate. Verdade, nem um pingo de vermelho, lá a “coisa” é só massa e queijo. Como estava num rodízio, pedi por três vezes ao garçom que transmitisse minha queixa ao pizzaiolo. Nada!

Ainda elas. Ontem, escoltado por dois amigos da Magistratura, subi para o frio de Poços para visitar a filial mineira da cacondense e premiada Pizza na Roça. Pelo ambiente e pelos discos, valeu o deslocamento. A dica do cardápio é pedir a “campeã” Brócolis Caboclo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Crepuscular bem aninhado

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Vereador e prefeito desta Sanja nos anos 70 e 80, hoje o tucano Sidney Beraldo habita em altos ninhos do PSDB paulista.

Depois de iniciar sua trajetória política na província, o macaúbico homem público foi eleito Deputado Estadual por quatro mandatos consecutivos (1994, 1998, 2002 e 2006). No período 2003/2005, presidiu a Assembléia Legislativa bandeirante.

Liderança inconteste no tucanato, Beraldo atendeu José Serra e foi Secretário Estadual de Gestão Pública de 2007 até abril deste ano. Teve uma atuação de destaque na pasta e só abdicou da missão para coordenar a campanha de Geraldo Alckmin ao governo paulista.

A probabilidade de vitória de Alckmin é muito grande. E com a confirmação nas urnas do que sinalizam as pesquisas, o político crepuscular vai ser novamente um dos homens fortes do governo estadual.

Twitteiro, ele atendeu o convite para este bate-bola pelo microblog.

Os tucanos governam o Estado desde 1995 e há a perspectiva de emendar mais dois mandatos. A alternância de poder não seria saudável para o momento?

É importante salientar que o PSDB governa o Estado desde 1995 porque a população tem votado nos sucessivos governos tucanos. O povo aprovou o nosso jeito de governar e por isso somos merecedores da confiança dos cidadãos de São Paulo.

O quê de mais substancial mudou no Estado nesta década e meia de governos tucanos?

Quando Mário Covas assumiu o governo, em 1995, o déficit público herdado da administração anterior era de 89%. Covas adotou os mesmos procedimentos recomendados a empresas em crise: reduziu custos, renegociou contratos e reestruturou a máquina administrativa. Essas medidas foram determinantes para a retomada do crescimento de São Paulo. A partir do ajuste nas contas, o Estado ingressou, aos poucos, num círculo virtuoso sustentado por recursos próprios.

O senhor foi Deputado Estadual por vários mandatos. Qual a importância da região ter um representante na Assembléia Legislativa?

A presença de um representante político junto ao governo estadual é indispensável para o desenvolvimento de uma região. Na nossa região, por exemplo, se fizermos uma comparação veremos o quanto progredimos nos últimos 16 anos. Não havia estradas duplicadas, poucas cidades dispunham de saneamento básico, dependíamos de outras regiões para resolver demandas de saúde, tínhamos um déficit alto de moradias populares. Outro dia fiz a soma dos recursos investidos pelos governos de Mario Covas, Geraldo Alckmin e Serra nos 16 municípios da região: foram R$ 2,5 bilhões. Tudo o que conquistamos foi em parceria com prefeitos, vereadores e setores organizados da sociedade civil.

O senhor trabalhou muito próximo ao Serra na Secretaria de Gestão. O quê o senhor mais admira nele como homem público?

Ser secretário do Serra foi a experiência mais desafiadora da minha vida pública. Já o conhecia há muitos anos, desde a época em que ele era secretário de Planejamento do Franco Montoro e eu prefeito de São João da Boa Vista. O que mais me chamou a atenção na convivência com o Serra é a sua incrível capacidade de trabalho e a sua obstinação. É um estadista, um homem de visão.

Nos últimos meses o senhor virou um twitteiro. Está gostando das redes sociais ou só as usa por necessidade política?

Entrei no Twitter porque entendo que os detentores de cargos públicos devem satisfação à sociedade. Pode ser até que não faça uso adequado, como recomendam os especialistas em redes sociais, mas encontrei um meio eficaz de interagir com aqueles que confiam em mim e acompanham o meu trabalho. Ainda não sou um “craque” como você, mas espero chegar lá.

O quê a região de São João mais precisa nesta segunda década do novo século? E como fazer?

Precisamos investir pesado em educação para o emprego. Dar oportunidade aos jovens, abrir novas escolas técnicas, continuar lutando pela instalação de uma universidade pública. Conseguimos ampliar o número de vagas no ensino profissionalizante na região, instalando a Fatec em Mococa, e ETECs em Aguaí, Casa Branca, Vargem Grande do Sul, São José do Rio Pardo. Também viabilizamos em São João o Instituto Federal de Educação, que começou como Cepro e hoje oferece cursos para formação de técnicos e tecnólogos. Precisamos ampliar nossos distritos e parques industriais para atrair empregos de qualidade para a nova geração.

 

Links para contatar e interagir com Beraldo:

http://www.deputadoberaldo.com.br/default.asp

http://twitter.com/sidney_beraldo

domingo, 18 de julho de 2010

Abiscoitamentos

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Internautas, abiscoitei mais uma! Abiscoitei uma história e fui abiscoitado por celebridades da província.

Amigos e a meia dúzia de leitores desta tribuna internética sabem do apreço do blogueiro por incursões gastronômicas. Descobrir novos sabores e revisitar os clássicos são algumas das razões da minha insignificante existência. E não é que nesse fim de semana revisitei um clássico de padaria num estilo pra lá de inusitado.

Pocinhos do Rio Verde é um vilarejo quase rural da urbe mineira Caldas. O sossego do lugar só é quebrado nos finais de semana do mês de julho. Sua acolhedora plebe reverencia no inverno o seu orgulho, o seu patrimônio histórico e cultural imaterial: o Biscoito. Isso mesmo, o BISCOITO. Sim, repito, o filho mais ilustre do polvilho.

Procurei um retiro pra namorar pelos 21 anos de casamento e fui abiscoitado por uma das maiores efemérides do Sul das Gerais: A Festa do Biscoito.

No galpão da biscoitança, dezenas de fornos de barro acolhem a massa da iguaria em brasas que, mais do que assar, aconchegam o ambiente nessa estação gelada.

E o quitute que sai das milagrosas mãos das comadres mineiras é servido de maneira insólita: recheado. Com pernil, com frango, com goiabada, com doce-de-leite. O melhor deles, no reles palpite deste glutão, é o de calabresa com vinagrete da barraca da Cidinha, uma das grandes estrelas da festa.

A Cidinha se tornou uma popstar nas montanhas das Gerais depois de abiscoitar o paladar dos telespectadores da Ana Maria Braga. Clique aqui e assista.

E, barriga abiscoitada, pude botar atenção no músico camaleônico que soltava a voz no palco. É o Paulinho Veronezi, de Alfenas, que abiscoita a mineirada com o show “Paulinho Veronezi in Concert”. Se tem biscoito pra todos os gostos, o moço canta pra todos os ouvidos: Frank Sinatra, Beto Guedes, Secos & Molhados, Supertramp e por aí vai o ecletismo.

Num fim de semana que prometia ser muito tranquilo fora do meu quarto, fui sacudido pela arte em polvilho da Cidinha e pela salada musical do Paulinho Veronezi. In Concert, diga-se, In Concert.

40 anos e uma penitência nesse domingo que termina: como pude viver até aqui sem conhecer o biscoito da Cidinha e sem a sonoridade do Veronezi?

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domingo, 4 de julho de 2010

Valeu, Dunga!

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A Globo, quando quer, faz bom jornalismo. Na Twittosfera, Marcos Uchôa foi muito atacado por essa matéria do Esporte Espetacular de hoje, que, a meu ver, contém uma análise perfeita da Seleção Brasileira.

A matéria, crítica como tem que ser, foi feita para cutucar Dunga? Muito provavelmente, sim. Se fosse um treinador chapa-branca que bajula e é bajulado pelos globais, a crítica não viria. Ou, se viesse, seria em indolores tons pastéis.

Se a postura de Dunga irritou a Globo e a fez praticar não mais que a sua obrigação, não me furto em agradecer: Valeu, Dunga!

Clique aqui e assista.

sábado, 19 de junho de 2010

Bloco na rua

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Sanjoanense, 45 anos, casado, pai de três meninas. O médico veterinário de formação e ex-reitor da UniFEOB vai pra sua segunda disputa nas urnas: João Otávio Bastos Junqueira é candidato a deputado estadual pelo PPS.

No seu primeiro embate eleitoral, a candidatura a prefeito de São João da Boa Vista em 2004, teve surpreendentes 7.071 votos. Número expressivo pra um calouro, ficou em terceiro lugar no pleito, muito à frente do então candidato da situação.

Sidney Beraldo, há vários mandatos representando São João e região na Assembléia bandeirante, é hoje alta figura do tucanato e está engajado nas campanhas de José Serra e Geraldo Alckmin. Com a não disputa de Beraldo, João Otávio vê uma boa oportunidade de se eleger e herdar do tucano o seu consolidado capital eleitoral.

Conhecido em São João, o grande desafio do candidato é ser um nome regional. Ser bem votado também na região é fundamental para as pretensões do postulante a uma cadeira na Assembléia Legislativa.

Bloco na rua, João Otávio aceitou o curto bate-bola com o blog.

1. Por que a candidatura?

Tenho convicção de estar preparado para o cargo. Apresentou-se a oportunidade de representar minha região e assim desejo colocar parte de minha vida, meu trabalho e minhas convicções a serviço da construção de uma sociedade mais justa e igual na qual minhas filhas e meus iguais possam viver bem.

2. Qual o legado político dos sucessivos mandatos do Beraldo?

O Beraldo atualmente e o Nelson Nicolau antes, mostraram a importância de termos um deputado próximo, que acompanha, auxilia e dá visibilidade às cidades da região. Mas, mais do que isso, mostraram que é possível uma região, mesmo sem ter uma cidade muito populosa, fazer seu representante, basta querer e abraçar a idéia. É possível e importante para nós.

3. São João deve se desenvolver em qual direção? Qual é a vocação da cidade?

São João é uma cidade agrícola que possui uma boa estrutura de serviços. Começa a entrar em um ciclo mais forte de industrialização que deve ser acompanhado pelo incremento na formação de mão de obra e na infra-estrutura. Assim a prioridade é o fortalecimento do ensino em todos os níveis e seguir na melhoria estrutural da cidade (rodovias, escolas, moradias, etc).

Desta forma São João é, digamos, uma cidade multi-vocacional e isso, creio, é bom, pois as atividades econômicas podem ser complementares. Assim é preciso crescer sem destruir o conquistado, estimulando a agroindústria para fortalecer a produção agrícola, proporcionar a formação de bons profissionais para gerir o comércio, incentivar a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável para preservar nosso requinte ambiental e por aí vai.

4. Quais são seus projetos para a região?

Por minha experiência e formação, minha bandeira será a Educação, mas sem ser o samba de uma nota só. A Educação no sentido amplo que além dos ensinos formais de qualidade em todos os níveis, passa pela cultura, pela dignidade de trabalho, moradia e lazer. Ninguém se educa de forma isolada, e para ter sucesso num plano educacional o entorno e as pessoas tem que estar bem.

Acredito na força dos consórcios regionais, como por exemplo, o Conderg, na qual cada cidade participa colaborando com suas vocações e infra-estruturas. Assim, por exemplo, o turismo hidromineral poderia ser incrementado em Águas da Prata, gerando emprego e renda, e a formação de profissionais do Turismo poderia ser feito em São João de forma combinada e complementar. Este exemplo pode ser ampliado para diversos setores da economia em todas as cidades evitando duplicidade de ações, otimizando recursos e unindo as pessoas.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Capitães macaúbicos

Na CBN, orgulho!, Max Gehringer fala porque as Copas de 1958 e 1962 foram marcantes para os sanjoanenses. Aperte play e encha o peito!

 

CLIQUE E OUÇA

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Coragem

É certo que a bandalheira está instalada em todas as Casas Legislativas das unidades federativas. Em graus diferentes de contaminação, nenhuma passa num exame de assepsia. É fato, ainda, que uma das mais corruptas Assembléias é a do Rio de Janeiro. A coisa lá não tá totalmente perdida porque tem uma mulher cheia de brio.

Tiro o chapéu pra coragem da deputada Cidinha Campos. Ela, sem freios na língua, não se rende ao corporativismo e detona colegas. Retórica contundente a serviço da ética. Pena ser uma voz lúcida quase única no lamaçal da cena política. Confiram aí o grito forte contra a podridão.

Cidinha Campos X Álvaro Lins

 

Cidinha Campos X José Nader (1)

Cidinha Campos X José Nader (2)

Cidinha Campos X José Nader (3)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Back to Sanja

Peixotinho, Macaúba e Dona Lindona 005

Sobre o último post.

Dado a invencionices e maionésicas viagens, desta vez o blogueiro usou personagens e histórias reais. Esclarecendo meia dúzia de questões sobre suspeição de ficção, nomeio os bois que gentilmente colaboraram com o texto:

  • Sílvia Ferrante, cantora, fotógrafa e membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista;
  • João Sibin Jr., empresário (Emigran), cronista e fotógrafo;
  • Eliza Gregio, escritora, poeta, radicada há poucos meses em São João;
  • Ana Cláudia Santos, empresária (Art Ervas) e ex-presidente da Associação Comercial e Empresarial de São João da Boa Vista;
  • Paulo, da cidade de Sumaré não citou no e-mail seu sobrenome e referências profissionais.

E depois do texto finalizado, recebi do colega de Academia João Otávio Bastos Junqueira o belo relato que segue:

Já saí e voltei de São João inúmeras vezes e pelos mais diversos motivos.

Estudei fora, trabalhei fora, viajei muito, etc etc. Mas um retorno me marcou muito.

Estávamos, eu e cinco mulheres (esposa, 3 filhas e sobrinha) em viagem, quase chegando a Ribeirão Cascalheira, cidade no nordeste do Mato Grosso, a cerca de 2000 km daqui. Era manhã de sábado no Carnaval de 2005.

Uma estrada deserta no meio do nada e um enorme buraco, uma cratera. Um motorista prudente, mas distraído no momento, pneu estourado e carro capotando no asfalto quente. Uma cena feia, apavorante.

Socorrido, acudidos no hospital mais próximo, noves fora e só uma luxação de clavícula e uns pequenos cortes no motorista. As mulheres, nem um arranhão. Quase um milagre para quem viu o carro que o seguro deu perda total.

Viagem interrompida e planos abortados. Vamos voltar para casa.

O seguro providencia dois carros para levar toda a matula até Cuiabá o aeroporto mais próximo (próximo? 650 km de estrada muito ruim).

Na saída, cerca de 100 km, o carro que levava minha esposa e duas filhas literalmente pega fogo que foi controlado. Abandonamos motorista e carro e juntamos tudo (conteúdo de uma caminhonete cabine dupla) agora em um Gol.

Viagem que nunca acabava. Chegamos em cima da hora para o vôo. Inúmeras conexões depois e chegamos a SP. Outro carro esperando para trazer-nos a São João. Chegamos de madrugada.

A visão da cidade iluminada vista do morro de acesso à fazenda Barreiro (morro imediatamente antes do pedágio no sentido SP - São João) me emocionou.

Naquele momento dei sentido a tanta coisa em minha vida e a visão de minha cidade, na presença de minha família e naquele contexto foi uma cena inesquecível.

Linda e marcante!

É isso.