quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Cinquentona enxuta

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Morador do bairro do Pratinha, João Silva, operário, 50 anos, é um zeloso pai de família que pautou sua vida para dar boa educação aos filhos. Previdente, ele sempre guardou parte dos seus ganhos.

Junto com a esposa Maria, hábil costureira, o diligente João obteve êxito em muitos dos seus propósitos de vida. E o quê mais o orgulha são os filhos formados: José, o mais velho, é dentista. Ana é arquiteta.

Hoje casado e habitando numa velha e charmosa alameda do São Lázaro, José não é mais apenas um odontólogo. Jovem de visão, e amparado por crédito saudável, ele é um próspero empresário dono da DentSanja, que oferece planos odontológicos corporativos.

Ana se especializou em design de interiores. Ela odeia ser chamada de decoradora. Independente, deixou a casa dos pais quando comprou um apartamento no Parque das Nações. Empreendedora como o mano Zé, Ana também tem a sua empresa, a SanjaEstilo, que produz móveis sob medida de alto padrão para os abastados desta província crepuscular.

Cinco décadas completadas nesse agosto de 2010, João foi convidado para comemorar seu aniversário na Caixa de São João que, como ele, também festeja 18.250 dias de existência.

Comovido com a lembrança, o patriarca dos Silva rememorou a forte presença da Caixa na vida dele e dos seus.

A parcimônia nos gastos engordou a sua Poupança na Caixa. A economia lhe propiciou a compra de um terreno. Financiou na Caixa a construção da sua morada. Os diplomas dos rebentos foram conquistados com auxílio do FIES. O primeiro consultório do filho José foi comprado através do PROGER. A casa no São Lázaro foi reformada com uma linha habitacional da Caixa. A DentSanja cresceu e apareceu com o Crédito Empresa Caixa. Ana comprou seu apartamento com uma carta de crédito do Consórcio Caixa. A SanjaEstilo faz mais de 50% das suas vendas pelo Construcard Caixa...

Fictícia, a história dos Silva foi composta com retalhos reais, alguns dos quais por mim testemunhados nos meus quase dez anos de Caixa, três deles trabalhados na agora cinquentona agência São João da Boa Vista.

Não obstante a sua atuação como um banco convencional, a Caixa encontra tempo e energia para ser o principal agente de políticas sociais do governo federal, exercendo papel de destaque na promoção do desenvolvimento urbano que contribui sobremaneira para melhorar a qualidade de vida da população brasileira.

Caixa São João, 50 anos, efeméride nos Crepúsculos, festa no pé da Mantiqueira.

Caixa São João, 50 anos, orgulho dos sanjoanenses!

PS: Um texto chapa-branca permeado de merchans do ganha-pão. Verdade. E verdade também é a enorme afetividade que me estimulou a escrevê-lo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Hélio, o pai

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Já que não posso abraçá-lo hoje, a republicação de uma crônica como homenagem.

O ano era 1976, o mês, fevereiro. Numa destas boçalidades da existência humana, um acidente automobilístico tirou a vida de um homem, um grande homem, pai de dois filhos, quase três. Este terceiro rebento deu seu primeiro choro dez dias após o estúpido desastre. Meu irmão caçula não conheceu nosso pai.

E eu o conheci muitíssimo pouco. Quando a eternidade veio buscá-lo minhas primaveras eram somente cinco.

Hélio do bigode espesso. Hélio do Banespa. Hélio de longas baforadas no seu cachimbo. Hélio do Opala verde e das maravilhosas viagens com a família. Hélio dos discos de vinil, de Roberto Carlos, de Chico Buarque, de Martinho da Vila, de Benito di Paula. Hélio de poucas lembranças e muita saudade.

Hélio amante da carne vermelha. Conta minha mãe que ele fazia questão de ir ao açougue do Dito Sinhá para escolher o melhor corte. Depois, deleitava o paladar com um belo bife. Os cromossomos foram vigorosos e legaram a este escriba e seu filho o mesmo apreço pelo traseiro bovino. Laurinho e eu perdemos a razão por uma picanha sangrando.

No curto período em que moramos na vizinha Vargem Grande, as tardes de sábado eram sagradas. Passeios de carro, onde eu viajava em pé no banco de trás, seguidos de pit-stops na Padaria do Zé Candinho para saborear as lendárias bombas de chocolate. Naquela época bomba não era um doce comum. Era iguaria fina de fim de semana.

Meu vizinho e amigo desde o berço, Cirto, conta uma história passada alguns meses antes de sua morte. Com sua habitual veia cômica, Cirto relembra um dia em que fomos nos entreter com pedalinhos em Águas da Prata. No fim do passeio, paramos no bosque para comer o tradicional milho verde. Eu preferi pastel. Vendo o filho atrapalhado com aquela enorme massa e insignificante recheio, meu pai fuzilou com sarcasmo: “Ô Cirto, olha só o pastel do Lauro Augusto, parece até envelope de ofício!”

Às vezes bate uma melancolia, um inconformismo com o desígnio divino de ter me privado tão cedo da convivência paterna. Numa altura da minha adolescência, cheia de conflitos, duvidei até da existência de Deus.

Minha mãe, devo reconhecer, fez o que pôde e o que não para transformar em gente aqueles três moleques. Sofreu mais do que todos, mas, no saldo final, sem falsa modéstia, reconheço-me como bom fruto da educação “anamaria”. Este reconhecimento, entretanto, não me tira a convicção de que, se meu pai fosse vivo, tanta coisa seria diferente pra melhor na vida da minha família. Não falo só da presença física do homem, falo, também e principalmente, do timoneiro que conduz a embarcação para águas tranqüilas.

Lá no plano celestial, imagino meu pai cachimbando e papeando com o Homem Barbudo sobre os rumos da carreira profissional do filho mais velho: “Ô Chefe, trabalho em banco é tão estressante. Será que o menino quer se matar de trabalhar como o pai?”

Aqui do andar de baixo, o bancário descendente responde:

“Pai, no trabalho quero ter o mesmo sucesso que você sempre teve. Mas não é o mais importante. Quero ser seu espelho na plenitude da condição humana. Quero ser o paradigma de homem e pai que você sempre foi”.

domingo, 1 de agosto de 2010

Cantineiras

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Antes de qualquer apontamento, louve-se a iniciativa da ACE e da CTUR de escolher a melhor rotunda napolitana de Sanja. Quiçá venham outras eleições de acepipes crepusculares: o melhor bauru, a melhor coxinha de boteco, o melhor pastel…

Clichê horripilante, mas vá lá, críticas construtivas sobre as escolhas:

Luís Fernando Veríssimo já cogitou renunciar a este mundo quando lhe serviram uma pizza doce. Não chego a tanto, adoro uma de banana com canela, mas acho que pizza-sobremesa tem que concorrer numa categoria separada. Dizer que a melhor de Sanja é uma pizza de abacaxi com sorvete soa um tanto herege aos mestres da Velha Bota. Não duvido da magnitude desta pizza do Spaço, mas, repito, ela deveria ser aclamada numa casta das açucaradas.

Desde a infância da Beloca, esta província crepuscular cultua um clã pelo esmero no preparo das pizzas. Falo, claro, dos Poiano. Há pelo menos três casas da grife familiar funcionando em São João. Falo deles, ausentes na disputa, para apontar que a escolha poderia carecer de inscrições. O júri visitaria as pizzarias seguindo uma lista pré-definida por uma enquete popular pela internet. Sem inscrição e com uma pré-definição do rol baseada na preferência dos clientes, o concurso ganharia em representatividade, credibilidade e legitimidade.

Aproveitando o post, saio do embate, mas sigo falando das redondas. Visitei dia destes o Zucatu’s e embarquei num rodízio. As pizzas seriam respeitáveis se não padecessem de um pecado capital: a carência total de molho de tomate. Verdade, nem um pingo de vermelho, lá a “coisa” é só massa e queijo. Como estava num rodízio, pedi por três vezes ao garçom que transmitisse minha queixa ao pizzaiolo. Nada!

Ainda elas. Ontem, escoltado por dois amigos da Magistratura, subi para o frio de Poços para visitar a filial mineira da cacondense e premiada Pizza na Roça. Pelo ambiente e pelos discos, valeu o deslocamento. A dica do cardápio é pedir a “campeã” Brócolis Caboclo.