terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Fio amarelo de esperança


Deus e os meus próximos são testemunhas da importância dos fios de ovos para minha mesa natalina. Como-os antes, durante, depois da Ceia, no dia seguinte, com comida, com sobremesa, com pão, puro...

Neste ano, encomendei fios de ovos no Big Bom. Em algum Natal recente já havia comprado lá, gostado, e o preço era bem atrativo: 48 crepúsculos por mil gramas.

Dia 24, depois do almoço, dia e hora em que só os insanos vão a um supermercado, fui eu lá, ansioso, pegar os deliciosos e amarelos barbantinhos de ovo e açúcar.

Não gostei do que vi quando a atendente me entregou a embalagem plástica transparente. O nome errado escrito num papelzinho —Laura— foi inofensivo perto do que meus cansados olhos registravam. Nada dos fiozinhos compridos cor de gema. A coisa era assustadora: pelotinhas esverdeadas de aparência macabra. Sim, pelotinhas esverdeadas. O horror, o horror!

Botei no carrinho e comecei a conjecturar entre as gôndolas: eles ainda estariam quentes, e, no decorrer do dia, os cachinhos seriam naturalmente esticados e a cor metamorfoseada para o amarelo clássico. Ou ainda, a Laura existiria e teria pedido uma variante inusitada: ninho de ovos com espinafre. 

No checkout, desisti de depositar expectativas redentoras sobre aquilo. Arrasado, pedi pra chamar a gerente e fiz um discurso inflamado aventando a real possibilidade d’eu ser privado de fios de ovos na Noite Feliz. “Moça, isso é sério!”, alertei à funcionária.
Ela se desculpou e recolheu a feiúra para análise. Não mais voltou.

A última cartada seria tentar a Padaria Firenze no minuto derradeiro da prorrogação. Goooool! Minha Ceia foi salva por um exagero do padeiro que, graças a Deus, fez uma quantidade superior ao encomendado. 80 crepúsculos o quilo foram pagos sem arrependimento por fios de ovos irreparáveis no sabor, na coloração e no formato. 

Sempre há um fio de esperança. 
Não desista nunca!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Micagens



Sou um homem de fé. Acredito em Papai Noel e numa cápsula supostamente natural que promete emagrecimento com a ingestão de duas delas ao dia. Sem exercícios físicos e sem dieta.

No trabalho, antes de sair para o almoço, como é recomendável, tomo a milagrosa de aroma herbal enquanto atendo os clientes.

Semana última, enquanto ofertava crédito barato a uma freguesa idosa, joguei a bendita na boca e intentei engoli-la a seco. A coisinha, carecendo de um empurrão líquido, estacionou impiedosamente na minha goela.

Não quis demonstrar o vacilo e prossegui no atendimento. Em vão. Fui entregue pela minha voz saindo num tom falsete, por uma lágrima e por caretas esquisitíssimas, enquanto tentava eu forçar a ida daquele cilindrinho para o meu sistema digestivo.

Atônita, a anciã não falou nada, mas ficou nítido o espanto dela ante aquele bancário que falava fino, fazia micagens, vertia água do olho e prometia grandes vantagens.

Acreditem ou não: concedi o empréstimo, vendi um seguro, consegui engolir a cápsula e emagreci 3kg.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Dezembro


Ouço por aí queixas generalizadas sobre a antecipação forçada do clima de Natal.

Eu, ao contrário, nunca reclamei.

Eu gosto...

Gosto das noites movimentadas no comércio da Dona Gertrudes, do Tekinfin lotado, das pessoas com o espírito mais leve.

Gosto das confraternizações calóricas, dos amigos-secretos nas firmas, do alívio nas metas corporativas.

Gosto dos pisca-piscas do comércio popular da Ademar de Barros. Gosto das crianças extasiadas com o Papai Noel da Praça Joaquim José.

Gosto dos supermercados abarrotados de perus e panetones. Gosto de fios-de-ovos na ceia. Gosto da simpatia dos lixeiros almejando a caixinha natalina.

Gosto de flanar na Tereziano Valim e ouvir Noite Feliz nas casas que ainda preservam a tradição da novena.

Gosto até da onipresença das uvas-passas nos pratos da grande mesa.

Gosto de esperar um anjo com alguma boa nova na madrugada do dia 25. Nunca vi nem ouvi nada. Ainda assim, continuo esperando.

Gosto de pensar, independentemente de crenças pessoais, na beleza da história daquela menina de 15 anos que aceitou sem assombro o anúncio de que geraria um Salvador. 

Gosto de pensar na fortaleza moral daquele carpinteiro que de repente, sem aviso prévio, foi comunicado de que sua mulher geraria um menino especial.

Gosto de imaginar o choro deste menino único quebrando o silêncio daquela noite na imensidão do deserto.

Gosto de uma certa melancolia que paira no ar de dezembro.

Gosto da euforia —etílica ou não— dos que celebram nos eventos de fim de ano.

Gosto de, na quietude da noite, ficar sozinho contemplando a minha árvore de Natal. Lembrar de quem não mais está fisicamente por aqui. Do meu pai, da minha avó Fiuca, de amigos, de familiares, do caldo de gente querida que me moldou, de épocas felizes que vêm ao presente com cheiro de ameixa, nozes e champagne.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Ollivia: novo chef


Pelo prédio histórico, pelo ambiente de extremo bom gosto e pelo cardápio, o Ollivia está há tempos fincado no mapa de comer bem na região. Sou fã da casa desde a inauguração.

Na dinâmica da vida, mudanças são tão naturais quanto saudáveis. A cozinha do restaurante poços-caldense trocou de comandante. 

Rony Islan, um mineiro de BH que se fez profissionalmente na área de telecomunicações, morando em São Paulo e viajando pelo Brasil, é o novo chef do Ollivia. Após um infortúnio familiar, ele chegou a Poços de Caldas em 2012 para trabalhar numa churrascaria. Estudioso, observador e talentoso, o cozinheiro se projetou rapidamente e conquistou o posto de sous-chef de Henrique Benedetti.

Atraído por um novo projeto, Benedetti saiu do Ollivia deixando Rony pronto e acabado para sucedê-lo. 

No começo de novembro deste 2018 quase finado, o estabelecimento renomado dos gentis e competentes Luciano Mussolin e Liliane Ormeneze passou a ter outro —e promissor— nome bordado no dólmã.

Rony Islan deu-me hoje aquelas boas-vindas que seduzem o mais exigente comensal: risoto de camarão com mozzarella de búfala.

domingo, 2 de dezembro de 2018

Letras Sempre Vivas

Às margens do rio Paranapanema, na pequena localidade paulista de Timburi, os adolescentes passavam férias. Ela vinha de Botucatu para o aconchego da casa dos avós maternos ; ele, de Ipaussu, tinha ascendentes de pai e mãe na mesma cidade.

A paquera, o cruzar de olhares, os bilhetinhos trocados através de primos e amigos. Os encontros na Praça da Matriz. As cartas escritas com a tinta da paixão juvenil.

Hélio e Heloísa, pela distância e pelo rigor dos costumes da época, só oficializaram o namoro depois de cinco anos de flertes e de declarações via Correios.

O casamento foi em 1982, na Botucatu da noiva de sangue suíço, Heloísa Ambiel Pires. Ela, filha de um comerciante que tinha distribuidoras de periódicos em várias cidades de São Paulo, ajudava o pai na gestão do negócio. Hélio Gatti Martins, nos primeiros anos de vida conjugal, trabalhou em Bauru, na estatal de energia CESP. 

A Agência Pires de Jornais e Revistas, na Dona Gertrudes dos Crepúsculos, estava também no rol de empreendimentos do senhor José Camargo Pires.

Pais de Ana Luísa, então com dois anos, Hélio e Heloísa aterrissaram em São João da Boa Vista em 1986 para assumir o negócio de jornais e revistas da família, que estava arrendado.

A prole cresceu: Clarissa e Elisa nasceram nesta abençoada aldeia oxigenada pela brisa da Mantiqueira

Bonança também na empresa. O suor recompensa.
A banca foi modernizada, a distribuição prosperou, os livros se juntaram aos jornais. O nome forte Letra Viva saiu de um concurso entre os sanjoanenses. Em 1996, o lendário Bar Canecão sucumbiu, e a Letra Viva passou a ocupar a esquina mais nobre do comércio macaúbico.

Nessa trajetória de 32 anos letrando a nação crepuscular, a Letra Viva testemunhou gerações legando boa literatura aos mais novos. Aqueles jovens que começaram a frequentar a livraria no fim dos anos 1980, voltaram à loja tempos depois, com seus filhos, para juntos sentirem os prazeres do manuseio, do passeio entre as estantes, do cheiro de tinta no papel, da compra do bom e velho livro.

Semanas atrás, Hélio e Heloísa comunicaram à província o encerramento das atividades da Letra Viva. As redes instantaneamente foram inundadas por lamentos sinceros pelo fechamento do estabelecimento que já está gravado na memória afetiva de São João da Boa Vista.

Sobre esse fim de ciclo, reproduzo as palavras de Heloísa, colhidas hoje cedo na sua casa, entre xícaras de café e o som da chuva:

“Fecho a livraria sem nenhum sentimento negativo. São João muito nos deu e, modestamente, tentamos retribuir à cidade estes bons sentimentos. A dinâmica do varejo tem mudado muito rápido nos últimos anos. Sempre fui antenada para não perder o bonde do mundo empresarial. Ultimamente, a idade tem pesado e acho que estou começando a perder a capacidade de me atualizar na velocidade do mundo de hoje. Ao contrário do que muitos pensam, a Letra Viva teve como clientela maior as classes B e C. Jovens de escolas públicas, sim, frequentavam a livraria e compravam livros. Mais do que a maioria imagina. Essa relação da Letra Viva com o público infantil e juvenil é o vínculo do qual mais me orgulho, e é disso que mais vou sentir saudade”. 

Antes de finalizar minha modesta deferência ao casal Letra Viva, quero dar um toque mais pessoal ao tributo. Moramos, nós e eles, nas cercanias do circuito Tereziano Valim-Gabriel Ferreira-Dom Pedro II. Mais do que essa vizinhança, temos, eu e Josi, um filho comum com os homenageados: Andreas Lemmer, um intercambista alemão, morou em nossos lares nos idos de 2003/2004. Pelo convívio e pela proximidade, atesto o quão íntegros, discretos, devotados aos seus e ao labor eles genuinamente são.


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Harvard


Fundada em 1636, a Universidade de Harvard fica em Cambridge, Massachusetts, na região metropolitana de Boston.

O centro universitário abriga a maior biblioteca acadêmica dos EUA. Em Harvard foram graduados oito presidentes norte-americanos. 150 ganhadores do prêmio Nobel têm ou tiveram vínculos com a instituição, sejam como estudantes ou professores.

Hoje, 22 mil alunos estão matriculados nas dezenas de cursos oferecidos.

Não há como não se impressionar com a beleza do campus e com a sua magnitude.


Frank Pepe Pizzeria



New Haven, Connecticut, a cidade onde fica uma das mais conceituadas universidades do mundo: Yale.

Mais do que isso, a cidade onde fica uma das pizzas mais gostosas e inusitadas do mundo: a pizza de white clam —marisco— da legendária Frank Pepe. O marisco fresco é acompanhado de queijo, alho, azeite de oliva e orégano. Uma pancada de sabor na mesmice. A massa também não é menos que perfeita.

A Frank Pepe, forno a carvão desde 1925, não se destaca só pela ousadia. A pizza clássica tomato pie com mozzarella é das redondas mais maravilhosas que já comi.

De NYC, no caminho para Boston, é obrigatória a parada em New Haven.

Curtam esse vídeo e confiram o tamanho deste ícone napolitano nos EUA:





B.T.'s Smokehouse


Os deuses da gula conspiram pelos glutões.

Hoje, voltando de Massachusetts para Connecticut, por acaso, paramos em Sturbridge numa churrascaria de beira de estrada na I-84. Eram 16h de domingo. O lugar pequeno, simples, carente de luz natural, estava abarrotado. Bom sinal. Enquanto a TV gigante passava futebol americano, os pedidos eram frenéticos. Cortes suculentos, molhos picantes, refrigerante free refil e cerveja corriam soltos entre alguns barbudos naquele estabelecimento típico norte-americano.

As carnes bovina e suína são esfregadas com temperos —dry-rubbed— e defumadas por 14 horas. Elas saem do defumador direto para o cliente.

Junto com a carne eleita, você pode optar por dois acompanhamentos —a salada de batata estava deliciosa. Um inusitado pãozinho de milho adocicado acompanha todos os pedidos.

O serviço é rústico: a carne fatiada é consumida com talheres plásticos na própria bandeja.

Gostei tanto que googlei para saber mais. Era previsível: o lugar já esteve na grande mídia norte-americana como um dos melhores churrascos defumados do país. Segue abaixo o link para o vídeo do YouTube com uma reportagem sobre o incrível B.T.’s Smokehouse.

[A casa estava tão muvucada que não consegui fazer fotos boas para o post, mas posso garantir que dei boas bocadas]


Rangos planetários


Comer nos EUA. Comida étnica na rua ou em pequenos restaurantes familiares.

Os imigrantes foram, são e serão sempre essenciais na construção do país. Onipresentes e trabalhadores, eles trazem os sabores de suas origens. E fazem dinheiro com isso.

Mexicanos —e hispanos em geral—, árabes, judeus e asiáticos —chineses, tailandeses, japoneses, vietnamitas— estão em todos os cantos da América servindo qualidade e preços absurdamente atraentes.

Aqui pertinho de onde estou hospedado em Connecticut, num mesmo prédio há três restaurantes bem simples com um movimento nervoso o tempo todo: um chinês, um hondurenho e um mexicano.

Pra quem gosta e não tem medo de arriscar, comer nos EUA é uma festa.
Sí, señor, son tacos en la foto.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Pastrami Queen - NYC


Times Square, Central Park, 5ª Avenida, Empire State, Estátua da Liberdade, Rockefeller Center, Brooklyn Bridge e Sanduíche de Pastrami.

Sim, coloco o sanduba no rol das clássicas atrações de NYC.

Já comi muitas vezes no Katz’s Deli, algumas vezes no finado Carnegie Deli. Hoje fui conhecer o Pastrami Queen, na Lexington com a 78, bem perto do Central Park.

Li em algum lugar que esse era o pastrami favorito do fantástico Anthony Bourdain.

Lugar minúsculo, mas o sabor do sanduíche é do tamanho da Big Apple.


Flushing Chinatown


Conhece os pontos turísticos clássicos de NYC e quer bater perna por lugares menos convencionais?

Chinatown é legal pra isso. Não, não falo da Chinatown que quase todo turista conhece. Falo de outra Chinatown, que fica no Queens, com acesso superfácil pela linha 7 do metrô. É só descer na última estação —Flushing Main St— e entrar num pedaço da Big Apple tomado pelos chineses, acho que por alguns coreanos também.

A comunicação visual dos estabelecimentos comerciais, o idioma, os restaurantes, os mercadinhos, as bancas de frutas nas ruas, as galerias que vendem bugigangas e acessórios femininos, os lojistas que almoçam pratos típicos nos balcões de seus boxes. Pouquíssimos ocidentais circulando. Tudo remete à China.

Almoçamos, eu e Josi, no Shun Won. Entre o pato, o arroz frito, os dumplings, o macarrão turbinado com camarão, porco, ovo e legumes, ficamos uns 90 minutos na casa. Ninguém, absolutamente ninguém além de nós, de feições não asiáticas deu o ar da graça.

E por falar em graça, achei sem graça o cardápio ser desprovido de sobremesas.




Koku Ramen - NYC


Ramen é um prato oriental feito com macarrão, carne, cogumelo, ovo, vegetais e folhas, tudo isso mergulhado num caldo hipercondimentado.

Em NYC fui hoje na rua 32, também conhecida como Little Korea, para provar um ramen legítimo coreano no recomendado Koku.

Fomos, eu e Josi, às lágrimas pela potência da pimenta. O sabor é delicioso e intenso de tal maneira que comemos, suando, até o fim, mesmo com o incômodo picante.

A coisa é tão forte que quase fiz um trocadilho infame com o nome —Koku— do restaurante.

[nota 1: os pratos no cardápio são classificados em três níveis de pimenta. Pedimos o de nível 1. O de nível 3 deve levar à morte]
[nota 2: o escuro no prato é uma alga, embora o visual possa levar a aracnídeas impressões]

Cake Boss


Segunda fria e cinza em NYC. Vamos sair do estado pra comer a sobremesa antes do almoço.

Hoboken, New Jersey, 5/11/2018.

Os cannoli justificam a fama de Buddy Valastro. Espetacular! 

Massa leve, crocante, creme doce com sabor acentuado de ricota.

Pegamos a linha de ônibus 126 na estação Port Authority, pertinho de Times Square. Por US$ 3,50 você roda 25 minutos e cai na porta do Cake Boss.




quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Botecando por acaso


Caminhantes obstinados não se assustam com o grafite nas nuvens. Rasgar as calçadas da urbe é necessário.

Na nossa trilha urbana, o toró veio numa ira própria destes tempos. 

O toldo puído do boteco abriga por poucos minutos. Os furos nele e o vento nos empurram para dentro do estabelecimento. Azulejos encardidos, mobília velha, chão áspero, luz fraca, uma estufa tristemente vazia. 

A senhora sozinha, cheia de dignidade, atende seus fregueses como pode. Aquela fauna humana que, depois do expediente, encontra na prosa de bar um alento para as desventuras da vida. Os homens bebem e falam com o vigor daqueles propulsionados pelo combustível etílico. A energia é boa. 

19h num bairro qualquer desta Sanja: eu e Josi, cabelos molhados e roupas úmidas, no antigo balcão da taberna lotada, sob o ruído da tempestade, sorvendo um litrão de Skol na companhia de copos americanos, amendoim torrado e gente que luta.

domingo, 28 de outubro de 2018

Miranda's Pizza Bar


Quem não conhece o Miranda?
Aquele simpático garçom do Dom Caneco que, além do atendimento cordial, é mestre em entreter os clientes com truques de mágica.

Ele, um exímio no ofício, serviu por dezesseis anos no Bar do Clube, no Amnesya e no já mencionado Dom Caneco —neste último por 72 meses.

O paulistano José Carlos Miranda, 61 anos, hoje está voando por conta própria, ou melhor, está assando por conta própria.

Trabalhando exclusivamente com a família, ele está fazendo belíssimas redondas na Durval Nicolau. Pizzas corretíssimas que não decepcionam em nenhum fundamento: massa artesanal —que pode ser integral com um pequeno acréscimo—, assada naquele tempo perfeito para a crocância externa e para a maciez do interior, molho de tomate caseiro e coberturas com ingredientes extra-qualidade. Não tem nada meia-boca nas pizzas do Miranda.

A carta robusta contempla 51 boas ideias de sabores entre salgadas e doces, das quais eu já provei algumas para afirmar que a casa —que ainda não tem um mês— vai vingar.

Miranda’s Pizza Bar também inova na coquetelaria: é a única pizzaria de São João com serviço de barman. Os drinks são executados por Guilherme da Silva, sobrinho do Miranda, que tem no currículo trabalhos em balcões renomados de São Paulo.

O coquetel da foto é o refrescante e surpreendente Lagoa Azul.

Saúde! 🥂🍻

🍕🍕🍕

Avenida Durval Nicolau, dentro do posto Nova São João
fones: 19 3631-0131 e WhatsApp 19 99786-3322
Delivery, oba!, sem taxa de entrega



sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Carnes Mantiqueira


Fim dos anos 1980, começo dos 90: na Adega, dos mesmos donos da Rotisseria O Forninho, ali na rua Pereira Machado, comi pela primeira vez um chorizo, um ancho, uma picanha maturada. São João, à época, entrou e saiu rápido do mundo das carnes nobres. A casa durou pouquíssimo tempo.

Outubro de 2018: Carnes Mantiqueira recoloca esta província crepuscular no roteiro de prazeres dos melhores cortes bovinos. No pavimento superior do açougue que é referência de qualidade na Av. Durval Nicolau, as portas se abrem para um restaurante superbacana que vai seduzir o mais exigente dos carnívoros. O conceito é de uma steak-house.

A brasa vai arder para talhos 100% angus acompanhados pelo menu concebido pela chef Mariana Almeida. A carta não é extensa, mas é bem elaborada com robustos bifes de ancho, prime rib, bombom de alcatra, chorizo e chuck steak, que podem e devem ter a escolta de polenta cremosa, risoto de alho-poró, salada e batatinhas assadas.

E a goela perde a secura em grande estilo: com os chopes artesanais do Israel Almeida Júnior ou com os drinks do mago Roberto Merlin. Baita respeito aos empreendedores que também se preocupam com uma coquetelaria de excelência.



Parabéns e sucesso pra quem ousa investir em tempos tão complicados:

Virgílio e Rodrigo Palermo
Guilherme e Patrícia Noronha
Israel e Mariana Almeida 
Luís Ernesto e Joaquim Aceturi


Gente de origens e atividades diversas. 
Gente que gosta da aldeia e quer o melhor pra ela. Sempre!


O meu churrasco é mal passado.
E o seu?

🥩🥩🥩🥩🥩🥩


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Parada Trudelnik - Águas da Prata


O trdelník é uma massa leve, semelhante a um copinho sem fundo, típica de alguns países do leste europeu, mais notadamente na República Checa e na Hungria. O rolinho pode ser doce ou salgado e também chapiscado com açúcar cristal, canela, orégano, queijo, especiarias, etc.

João Roberto Pedro é um paulistano cuja família tem casa de férias há mais de 40 anos em Águas da Prata. Cansado da Grande São Paulo, onde tinha um café em Santo André, ele trouxe o nome e o conceito de trabalho para a Rainha das Águas.

Inaugurada dia destes, a Parada Trudelnik tem o “u” para deixar a coisa mais pronunciável e tem o trdelník homemade —assado na hora— que pode ser lambuzado com requeijão, ricota, doce de leite, nutella ou geleia.

Quer mais brasilidade no seu cafezinho? Quindim, meu caro, quindim!

☕️🍪🍮🍰🍩

Av. Washington Luís, pertinho do Laticínio Prata e do Banco do Brasil.
Abre de quarta a domingo, das 8h às 20h.






terça-feira, 16 de outubro de 2018

Café na Bodega


Cuscuz com carne de sol, queijo coalho e vinagrete. O prato é servido na telha. O cuscuz tem aquele toque molhadinho, cheio de sabor, que só a manteiga de garrafa proporciona. O queijo coalho é dourado na chapa e a carne de sol é produzida pela própria dona do lugar.

A dona é Gerlândia Barros e o lugar é o Café na Bodega. Uma bodega arretada de boa!

Gerlândia, acompanhando o marido Carlos Lima,saiu do Ceará aos 25 anos para morar —imaginem o choque térmico e cultural!— na Finlândia. A ideia era ficar 48 meses, mas a coisa deu tão certo —no doutorado e no trabalho— que eles ficaram quase 10 anos.

São João da Boa Vista entrou na vida do casal quando o engenheiro Carlos, dentro dos planos de retorno ao Brasil, passou num concurso público para lecionar no campus local da Unesp.

Desassossegada e cheia de memórias afetivas nordestinas, Gerlândia importou de Fortaleza o irmão João e, juntos, em abril de 2018, como sócios, abriram as portas do Café na Bodega.

Nessa caatinga da Mantiqueira tem a delícia narrada no primeiro parágrafo, tem tapiocas com vários recheios, tem baião de dois, tem bolo de mandioca, tem suco de cajá, tem chapéu de cangaceiro, tem literatura de cordel...

O angu é porreta, o preço não vai fazer você pedir penico e o atendimento é massa!

E onde fica esse lugarzinho pai d’égua para o cabra merendar?
No sertão do Jaguari, na rua Campos Sales esquina com rua Dr. Teófilo Ribeiro de Andrade.

Vai lá, abestado!

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Café Platina


Meu Deus, que café é esse?!

Nas montanhas da região da Fonte Platina, na cidade paulista de Águas da Prata, existe uma combinação de altitude, clima e solo que é ideal para o plantio de café.

E nesse mesmo pedaço da Mantiqueira, na fronteira SP/MG, há uma pequena propriedade de terreno extremamente íngreme que produz um café exclusivíssimo, cujo cultivo é feito de forma 100% manual.

A rara safra do Sítio Matinha está disponível torrada e moída no selo artesanal Café Platina, cuja bebida atingiu 82,58 pontos no concurso do ano de 2018 promovido pela UniFEOB e pela entidade dos cafeicultores de Água da Prata.

Um paladar frutado, doce, de acidez moderada com notas de caramelo e castanha.

Um baita café!

☕️☕️☕️

R$ 13,99 a embalagem de 250g ou você pode comprar duas embalagens e levar a terceira por R$ 11,99.

Café Platina tem no:

Ou para consumidores sanjoanenses, com frete grátis, pelo WhatsApp: 19 97111-7440.

☕️☕️☕️

[a sugestão de consumo com o Café Platina são os deliciosos bolos da Casa de Bolos; o de maçã, canela e castanha é o meu preferido além do clássico dos clássicos: fubá]


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Sorveteria Macaúba


Em 1983, a lendária Dona Angelina, cansada da faina, decidiu que era hora de passar para outras mãos a arte de fazer o também lendário sorvete de macaúba.

Ela confiou esse tesouro da culinária sanjoanense a um jovem casal empreendedor de Santa Cruz das Palmeiras. Odécio e Carmem Novo chegaram aos Crepúsculos com o sonho de cá fazer a vida e criar o filho único Cleber, na ocasião com nove anos.

Desde então, o sorvete de macaúba —singular no mundo— foi levemente aperfeiçoado e deixou de ser sazonal na carta da casa. O mestre-sorveteiro Odécio buscou conhecimento com um engenheiro de alimentos da Unicamp e desenvolveu um processo para processar e congelar a polpa da macaúba. Essa técnica não vitimou o sorvete com agentes estranhos: disponível de janeiro a janeiro, ele, o macaúbico carro-chefe,  e todos os itens ali servidos são absolutamente naturais.

Quer sentir um frescor além-macaúba? Prove também as maravilhas geladas de uvaia, limão, nata e amora. Ah!, e como não mencionar um dos meus preferidos: ameixa.

Neste 2018, senhor Odécio e dona Carmem comemoram 35 anos refrescando o calor de gerações crepusculares. Aqueles fregueses dos anos oitenta nunca deixaram de frequentar a Sorveteria Macaúba, aqueles fregueses dos anos oitenta tiveram filhos e netos que também aprenderam a gostar de um dos melhores sorvetes do planeta.

Avesso a qualquer ação de marketing, sério, discreto, devotado à família e ao trabalho, o quase septuagenário Odécio filosofa: “a melhor propaganda é a qualidade do produto”.

Anos atrás, num domingo fervente, dona Carmem se mostrava preocupada: “Eu e meu marido estamos cansados. Essa vida no comércio não é fácil. Um dia vamos ter que parar. Se o Cleber não quiser seguir no negócio, ou vendemos ou baixamos as portas”. 

Uma semana atrás, num domingo de quentura senegalesca, senhor Odécio era só orgulho: “Cleber e a esposa Luciene vão assumir a sorveteria. Eu continuarei por trás, ensinando e botando a mão na massa, mas agora a responsabilidade do balcão e da gestão vai ser deles”.

Um dia atrás, numa quinta-feira dos infernos, o advogado Cleber é entusiasmo e expectativa: “Tão importante quanto o ganha-pão é honrar e preservar o fruto de trinta e cinco anos de suor dos meus pais”.

Um pequeno estabelecimento familiar, um sorvete 100% artesanal livre de qualquer essência artificial, livre de qualquer conservante ou aditivo químico. Leite da fazenda —pasteurizado, claro—, frutas, açúcar, pesquisa, dedicação e paciência. E História, muita História!

Meu respeito, minha admiração e os votos de um macaúbico sucesso nessa nova etapa da Sorveteria Macaúba.

🍦🍦🍦
[Dona Carmem foi enfática enquanto conversávamos para a escrita do post: “Sou grata a Deus, a meu marido, a meu filho, às minhas funcionárias e aos meus fregueses. A sorveteria foi, é e sempre vai ser a minha vida”].