quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Gringo Sushi&Bar


Um venezuelano do Caribe —Ilha Margarita—, descendente de libaneses, fazendo comida japa no Brasil. Em São João da Boa Vista. Na Mantiqueira.

Trinta anos, Tarek El Ladin Hazime, filho de mãe brasileira, é o Gringo. Ele é mais um, entre milhares de seus compatriotas, que deixou a Venezuela para buscar oportunidades que lhe foram tiradas pelo desastre do chavismo.

Com uma referência de amizade nesta província crepuscular, Gringo desembarcou em janeiro de 2015 no aeroporto de Guarulhos. Tinha R$ 2,00 —isso mesmo, dois reais— no bolso e gana para dar uma virada na vida. O ônibus para São João foi pago com a venda de três camisetas que ele tirou da mala. Antes de arranjar um bico no Bento’s e um cômodo para morar, ele dormiu dois dias na praça Joaquim José.

Ajudante de cozinha, garçom, mototaxista e segurança. Gringo se virou como pôde. Ralou, conseguiu relativa estabilidade, trouxe a mulher Emily e conta como fixou seu objetivo de vencer longe da terra natal: “Quero trabalhar 100 horas por semana, por 10 anos, no meu próprio sonho, ao invés de trabalhar 40 horas por semana, por 80 anos, no sonho de outrem”.

Da paixão pela comida japonesa e dessa vontade de empreender, nasceu o Gringo Sushi&Bar, uma casa de essência nipônica, mas condimentada por temperos caribenhos. Uma coisa com uma pegada Tóquio-Jamaica.


O post traz fotos de algumas releituras interessantes que ele ousa oferecer. 
Mesmo não sendo fã do cream cheese no rango japa, eu gostei.


1. Kaki-shakê: cubos de salmão ao molho de ostra, alho-poró e raspas de limão siciliano. A base é uma colher de cream cheese;
2. Carpaccio de Salmão: servido com shoyu da casa e gergelim;
3. Dyo de Camarão: o crustáceo é envolvido com lâmina de abacate, servido sob couve crispy e pimenta;
4. Pantanal Black (que nome é esse?!): salmão defumado, cream cheese e pepino.

Um venezuelano do Caribe —Ilha Margarita—, descendente de libaneses, fazendo comida japa no Brasil. Repito o trecho do primeiro parágrafo para finalizar dizendo que de um cara assim tão fusion só poderia sair uma cozinha fusion. Respeitável cozinha fusion.



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A Casa do Pastel


PASTEL, quem não gosta?
Quem não tem um pastel de estimação guardado nas memórias afetivas?
Quem não tem um pastel de feira pra chamar de seu?

Cá nas plagas crepusculares temos uma pastelaria que está de portas abertas desde 1992. 25 anos [bem]servindo esse salgado frito que é um ícone da cozinha brasileira. 

Ali nas cercanias do terminal urbano, pertinho da Ademar de Barros, no bochicho do comércio popular, está fincada A Casa do Pastel, capitaneada pelo multitarefas Marco Antonio Moraes.

Jornalista de alma e de diploma, Marco, hoje também professor da UniFAE e assessor de imprensa da Prefeitura de Águas da Prata, já trabalhou em grandes veículos de mídia. Mesmo rodando por aí, ele nunca deixou a pastelaria, onde a simplicidade das instalações abriga uma preocupação obsessiva com o produto. Farinha de primeira qualidade, fritura na gordura vegetal que proporciona um pastel sequinho, recheios sem miséria e temperos testados à exaustão.

Inaugurar A Casa do Pastel, um quarto de século atrás, foi mais do que empreendedorismo. Marco quis com o negócio, também, manter uma tradição familiar. O pai dele, Antonio Moraes, foi pasteleiro por décadas. No local onde hoje está a UPA, nas imediações do cemitério, seu Antonio foi dono da barraca na qual era ofertado o melhor pastel de feira da província. Moleque inquieto, Marco aprendeu e se apaixonou pelo ofício do pai. 

Vou menos do que gostaria À Casa do Pastel —estacionar no pedaço é um saco—, mas sempre que estou flanando em busca de bugigangas na Chinatown da Ademar de Barros dou uma corridinha para revisitar a digna, longeva e consistente arte pasteleira da família Moraes.


O pastel da foto é um dos campeões de pedidos: Especial, que leva bacon, presunto, mozzarella, milho e catupiry. Um primor entre tantos no apetitoso rol de clássicos e inventivos que contempla 43 sabores.