domingo, 9 de fevereiro de 2020

Cantina Galo de Ouro


A poesia na simplicidade. O encanto nos pequenos prazeres da vida. A surpresa nos recônditos da Mantiqueira.

Entrego-me, não raras vezes, às dicas de amigos quando estas trazem algum tesouro gastronômico da região. 

Entrego-me, não raras vezes, ao apelo irresistível de um frango assando em slow motion naquilo que a genial sabedoria popular apelidou de “televisão de cachorro”. 

A entrega deste fim de semana foi na vizinha mineira Andradas. Conheci lá, no Centro da cidade, um inusitado boteco que serve um irretocável frango assado.

Picado, servido numa prosaica bandeja de papelão, o penoso, temperado à perfeição, chega à mesa para ser devorado da forma preferida do freguês: com talheres ou deliciosamente com as mãos. É regra, pela secura, minha rejeição à carne do peito do frango. Na Cantina Galo de Ouro, pelo ponto ideal, todas as partes têm a suculência desejada por este escriba glutão. 

Devem acompanhar a refeição acessórios que contribuem para a grandeza do momento: farofa e maionese da casa, tudo com aquele jeitão de almoço de domingo que os mineiros sabem tão bem fazer.

A taberna é democraticamente frequentada por trabalhadores que relaxam com uma cervejinha no balcão e por casais sentados para o lauto repasto.

Desde a década de 1980 nas mãos da família Pádua, o bar é tocado pelo casal João Vergílio e Abigail e pelo filho João Vítor. Na prosa com o clã, que transborda gentileza, é admirável ouvir a preocupação deles com cuidado no preparo e com a satisfação dos comensais. 

João Vítor, dezoito anos, brilho nos olhos, é quem vai manter a tradição no nobre oficio de assar mais de mil frangos por mês por mais algumas décadas.

🐓🍗🍺
Cantina Galo de Ouro
Rua Cel. Eduardo Amaral, 286, Centro
Andradas, MG
35 99930-1264
(o bar abre diariamente, mas o frango só é servido de sexta a domingo, das 8 às 23h)