sábado, 17 de abril de 2010

Milionário, pop e premiado

THE_BOBs_2010_first_por

Os colonos do Fazendão da Beloca estão em festa. Comemoram a fama de um deles em plagas além-cerca. E bota além-cerca nisso!

O sanjoanense! Dulcídio Braz Júnior ganhou o prêmio The Best of Blogs, The BOBs, como o melhor blogueiro em língua portuguesa pelo seu púlpito virtual Física na veia!. O reconhecimento veio da organização tedesca Deutsche Welle, cujo júri internacional lamentou pelos desportuguesados: “Deveria haver um blog como o Física na veia! em outras línguas”.

Ensinando Física com links cotidianos e bom humor, Dulcídio domina como poucos a linguagem internética. E isso faz toda a diferença quando se quer seduzir o público jovem. 

A internet, penso cá com meus coquinhos gosmentos, permite a ovação aos cérebros que decidem não deixar a província. Em eras pré-web seria impensável premiar um professor que não trabalhasse nos grandes centros urbanos. E não se premiaria por uma questão de visibilidade, já que o mérito dos “dulcídios” enraizados é inconteste.

Há poucos meses, comemorando o milionésimo acesso ao Física na veia!, o blogueiro macaúbico sapecou na sua tribuna um bordão que contraria a lendária aridez da matéria: “Aqui a Física é pop!”. O milhão de visitas e agora o troféu internacional corroboram o carimbo.

Mestre, internético, astrônomo e… músico (!!!), o multimídia Dulcídio, que ainda tem sabedoria pra torcer pelo Tricolor, responde a algumas perguntas aqui no Baú:

Por que estudar Física? A Física é a Ciência que tenta entender as regras deste grande jogo chamado Universo. Nós estamos dentro do Universo, submetidos às mesmas regras, jogando o mesmo jogo. Como podemos nos sair bem num jogo sem conhecermos as suas regras? Se as pessoas vissem a Física dessa forma, tenho certeza de que não teriam tanto medo dela. Pelo contrário, iriam começar a achá-la divertida.

Por que lecionar? O que mais me motiva no trabalho de professor é a possibilidade de levar para jovens estudantes o prazer de conhecer as sutilezas, os caprichos do Universo. E, quem sabe, a partir deste prazer, despertar o verdadeiro gosto pela boa Ciência. É mais ou menos como num garimpo: tem que ser perseverante, incansável. Mas as pepitas de ouro estão por aí. Já encontrei muitas delas! Neste sentido, o Física na Veia! é a minha grande sala de aula, sem limitações de espaço e de tempo.

Por que criar o blog? Acho que todo mundo que cria um blog tem um interesse quase incontrolável de compartilhar ideias. No meu caso, como já disse na resposta anterior, o blog é a minha maior e mais abrangente sala de aula. No blog não tenho obrigação nenhuma de seguir este ou aquele programa pronto. Também não bate o sinal nem para entrar nem para sair. Vêm para a aula "o aluno" de qualquer idade e que está interessado. E estou em todos os lugares ao mesmo tempo. É a mais pura liberdade! Na prática, blogar é para mim como se a minha "peneira de garimpar" estivesse ampliada.  E posso falar sobre a Física do meu jeito, ou seja, a Física viva, contextualizada, livre, verdadeira, como penso que ela deveria ser ensinada sempre. Lembro o grande Richard Feynman, físico americano e Nobel de Física em 1965, que lecionou no Brasil entre 1951 e 1952 no CBPF -Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas- e criticou o ensino de Física por estas bandas dizendo que, no fundo, o que se ensinava aqui no nosso país era uma Matemática disfarçada de Física. Ele estava certo! E, infelizmente, para muitas escolas, a crítica ainda continua válida quase seis décadas depois. É uma pena! A parte mais saborosa, o filé da Ciência, acaba ficando de fora e, quase sempre, tudo vira uma grande calculeira que mais espanta as pessoas do que as encanta. No meu blog, a boa Física sempre está lá, bela para quem quiser apreciá-la. E a audiência crescente ratifica a beleza da Física. Parafraseando Vinícius de Moraes, embora noutro contexto, "beleza é fundamental!". Ou, como venho dizendo ultimamente, depois que o blog atingiu a marca de um milhão de visitas, "A Física é pop!".  O feio teria pouca chance de ser pop. Não é?

Como recebeu a notícia do prêmio? Recebi com muita emoção. Afinal, um júri técnico internacional escolheu o Física na Veia! reconhecendo o meu trabalho. Assisti à transmissão da cerimônia ao vivo pela internet, direto de Berlim. E o resultado saiu por volta das 14h40min (horário de Brasilia). Quando o apresentador com sotaque alemão disse   "Portuguese… The Best Weblog... and the winner is..." e meio confuso com a pronúncia "... Fissika na Fe… Fe... Feia!" e apareceu a home do blog, ao vivo na tela, quase caí da cadeira! Eu estava no páreo e sabia que tinha lá as minhas chances de vencer. Mas sabia também que a "briga" era das boas. Passei este último mês depois do anúncio da short list da Deutsche Welle (em meados de março) imaginando até que ponto um blog de Física, de divulgação científica, poderia ser bom adversário num universo de blogs sobre assuntos bem mais populares. Mas creio o júri apreciou justamente o diferencial. E deu um parecer inesquecível: "É uma pena que um blog como este não exista em outras linguas". Vou guardar isso para sempre comigo. É praticamente uma certificação de qualidade internacional. E uma deliciosa massagem no ego deste professor!

Planeja criar a versão “english” do blog? A responsabilidade de escrever em outra lingua que não a minha é muito grande, até porque para explicar e ensinar bem a Física ou qualquer outra Ciência as palavras devem ser escolhidas a dedo pois são o veículo principal  que carrega os conceitos precisos que dão solidez às ideias científicas. Não tenho a certeza de que conseguiria fazer isso em inglês, não tenho esse domínio da língua. Mas acredito que agora, a partir do prêmio, com tanta exposição que o blog está tendo, possam finalmente aparecer parcerias que há tanto tempo procuro. Quem sabe numa dessas o blog não passa a ter versões bem traduzidas em outras linguas.

100_4613

No retrato capturado no 2o. Encontro de Macaúbas Twitteiras, os blogueiros Milhão e Tostão (ressalte-se que “Tostão” é no sentido de pequenez monetária e longe de qualquer semelhança com o craque do futebol)

Conhece o Física na Veia!? Não!? Clique aqui e viaje com o professor Dulcídio

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sons do mundo

O melhor retrato do que é uma world music. Palavras aqui são excrescências. Som no talo e boa conexão ajudam no deleite.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

40

Comeu mais do que deveria e viajou menos do que gostaria! Síntese de vida para o blogueiro quarentão.

bolo_de_aniversario

Nasceu em Sanja.

Morou na casa da vó Fiuca. Passeou de Opala com o pai. Viajou pra São Vicente com a família. Mudou pra Vargem. Comeu bombas de chocolate no Zé Candinho. Perdeu o pai. Voltou pra Sanja. Estudou no Joaquim José. Gostou da Renata e da Taciana. Odiou a dona Yone. Ganhou esfihas da tia Leila no recreio. Fez Primeira Comunhão e foi crismado na Nossa Senhora Tereziânica da Aparecida. Jogou no time do Pedrinho. Passou férias com os primos em Belzonte e Goiânia. Estudou no Instituto. Gostou da Maria Emília. Foi com 15 pra labuta. Viu o Tricolor diversas vezes no Morumbi. Conheceu os parques de Walt Disney. Cursou contabilidade na Escola de Comércio. Serviu no Tiro de Guerra. Conheceu a Josi. Namorou. Apaixonou. Amou. Casou. Foi pai aos 19. Desenhou na prancheta e no AutoCAD. Conquistou o canudo de Direito. Ingressou na Caixa. Lavrou muito nos jornais da província. Perambulou pela região a trabalho. Colheu uma hipertensão. Flanou pelo Brasil a passeio. Fez companheiros no Rotary. Hospedou três intercambistas. Virou escriba internético. Batizou a Sophia, a Mel e o Matheus. Foi eleito pra Academia. Exportou o filho pra Escandinávia. Devorou chorizos na capital portenha e comprou muamba no Paraguai. Sofreu com pedras nos rins.  Pirou e sarou…

Sarou?! Será?!

Deve morrer em Sanja quatro décadas adiante, depois de mais umas poucas viagens e iguarias vorazmente engolidas.

Autobiografia tão condensada quanto desinteressante. Pretexto para gravar nos comentários deste post algumas das manifestações carinhosas pelas quatro décadas de vida do biografado que, diga-se, é herói de não sei o quê na Suécia. Clique aqui.