domingo, 26 de agosto de 2018

Brighton Beach - Russia in NYC


Minha quarta viagem a NYC foi em setembro de 2017. Eu e minha mulher buscamos dessa vez fazer passeios menos convencionais. Um deles foi esse. Num canto étnico no Brooklyn.

Brighton Beach, ou Little Odessa, é o reduto dos russos em NYC. 
Ouve-se por toda parte o idioma dos imigrantes. Letreiros são escritos no alfabeto cirílico e a comida típica perfuma as esquinas do bairro. 

Use as linhas B e Q do metrô para chegar à região.

Depois de muita perna batida, na hora de comer pedi dica a uma local.

A senhora russa indicou o Varenichnaya Russian Style e afirmou: “a comida lá é boa e bem típica da cozinha do meu país”. Fui.

Lugar simples, pequeno, poucas mesas e frequentado mais pela comunidade do que por turistas. Gostei da experiência.

Condicionado por décadas, sempre entendi e apreciei o strogonoff feito com filé mignon, creme de leite, massa/molho de tomate (ou ketchup), molho inglês, conhaque e champignon. Nesse restaurante russo de Brighton Beach em NYC, comi, talvez, o prato feito à moda dos inventores —carne mais dura, menos molho, creme levemente azedo—, um tanto diverso do que estou acostumado. Prefiro-o à moda brasileira, mas esse estava longe de ser ruim.

Nas fotos, também a tradicional sopa de beterraba russa: borsch (ou borscht).





domingo, 19 de agosto de 2018

Restaurante do Alemão


Dia destes, um amigo pratense, o Zé Renato, me pediu indicações de lugares para se comer um bom filé à parmegiana em São João. Apontei alguns que não fazem feio, mas, confesso, não há nenhum na província que me faça sair de casa. 

Comi um recentemente —num recanto até bacaninha— que foi uma experiência trágica. A carne passava longe de ser mignon, coisa que é comuníssimo na maioria dos cardápios. Na cara-dura, cobram filé e entregam patinho. Segue o relato da catástrofe: o molho era industrializado, ácido ao extremo, a fritura estava mal feita, encharcada em óleo velho, e a mozzarella tinha gosto rançoso. O horror, o horror!

Hoje, acatando a dica de um casal poços-caldense, rodei 60km para devorar um filé à parmegiana redentor. Mignon suculento, espesso, perfeitamente frito, molho de tomate caseiro, mozzarella fresca. Senti falta das ervilhas, mas o prato estava deliciosamente livre dos pecados mencionados no parágrafo anterior. 


Módicos 75 crepúsculos pagam uma nada módica travessa que alimenta três pedreiros famintos.

Onde?
Voltei ao Restaurante do Alemão, onde estive semanas atrás com o parça Michel Zimber para devorar um frango ao molho pardo. Diga-se: é a única casa na região em que ofertam o galináceo no sangue.

No shopping de Poços pegue a estradinha que vai a Palmeiral. Depois de vinte e poucos quilômetros asfaltados, chega-se à Fazenda Aparecida, propriedade cafeeira que acolhe o restaurante. 

As mesas de plástico ficam sob uma estrutura de madeira rústica coberta com telhas francesas. O salão de piso cimentado tem vista para um lago. Peixes e pratos mineiros são servidos em tábuas forradas com folhas de bananeira. Sucos em jarra e Coca litro podem ser pedidos. O apagão digital —sem sinal de celular e sem wifi— contribui para curtir ainda mais o rango e a atmosfera, mas obriga a freguesia a portar dinheiro ou cheque. 

Simplicidade e qualidade!

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Empadas da Samara


Ela voltou!

O pai, padeiro por mais de trinta anos, criou uma receita de massa de empada para agradar família e amigos.

A mãe, para reforçar o orçamento doméstico, aprendeu as manhas das empadas e começou a vendê-las.

A filha, Samara Lima Costa, num momento de desemprego, se socorreu fazendo as empadas que ela conhecia desde criança. Meia dúzia num bar, meia dúzia numa lanchonete, meia dúzia para um conhecido e... o Facebook. A aparência induz à compra, o sabor fideliza. A rede social espalhou as empadas da Samara para a cidade inteira. A massa perfeita envolvendo o recheio farto e bem temperado. Um sucesso arrasa-quarteirão!

Servidora pública municipal, cozinhando numa creche, ela, cansada, privou a nação crepuscular de suas delícias nos últimos dois anos.

Sensível aos clamores do seu povo, a empadeira maior anunciou solenemente neste inverno de 2018: “Aos famintos, quero novamente oferecer minhas empadas para curar suas aflições. Eu voltei!”

E a cura vem com sabor, ou melhor, com sabores:
  • Frango
  • Frango com catupiry
  • Palmito
  • Camarão 
  • Bacalhau 
  • Calabresa
  • Carne-seca 
  • Tomate seco com ricota
  • Doce de leite
  • Nutella
E mais, muito mais...

WhatsEmpada: 19 99182-1436


Empório Montezuma


Faz a melhor burrata de búfala do Brasil e ainda arrebenta com essa espetacular sugestão de consumo.

O selo Montezuma, orgulhosamente sanjoanense, oferece em seu Empório de Águas da Prata esse estrondo de sabor e estética.

A burrata, se alguém não sabe, é aquele queijo de origem italiana, fresco, branquíssimo, com recheio cremoso que se esparrama gostosamente pelo prato depois de cortado.

Então imaginem: ela, a burrata, abraçada por um desmiolado pão italiano da Fornarii. Redução de balsâmico e salada de alface, tomate cereja e azeitona preta completam esse primor culinário que mistura Serra da Paulista, Dona Gertrudes e Águas da Prata.

Quer mais da região? No mesmo Empório Montezuma essa delícia pode ser regada com o azeite Borriello de Andradas e ainda ser acompanhada pelo vinho rio-pardense Casa Verrone.

Fodaço!


Onde?
Av. Cel. Ernesto de Oliveira, 60
Águas da Prata, SP
De segunda à segunda, das 9h às 19h

domingo, 12 de agosto de 2018

Kiberia Jacob


A receita de família vem do Líbano. 
Dona Matilde Jacob adaptou a forma de preparo com os ingredientes brasileiros. O filho Miguel Jacob, em 1992, abriu a kiberia para ofertar o salgado à plebe crepuscular.

Concessões ao paladar brasuca foram feitas nestes 26 anos: kibe com catupiry é uma delas.

Eu gosto do clássico, de carne, sem firulas, e sonho com um kibe como ele foi concebido nas paragens sírio-libanesas: com carne de cordeiro.

Paulinho, que hoje toca o negócio, é filho do Miguel e neto da Dona Matilde.
Meu respeito e minha homenagem aos Jacob, um clã íntegro, gentil e trabalhador. A arte do comércio está no DNA deles. A arte da cozinha milenar está na alma deles.

Tem coisa melhor que um fim de tarde no alto da Dona Gertrudes?

Onde?
Av. Dona Gertrudes, 476
São João da Boa Vista, SP

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Espaço Bambu


A cozinha tem o tamanho perfeito para a proposta da casa. Nem tão grande que deixe o ambiente impessoal, nem o contrário que cause incômodos apertos nos comensais. O bom gosto também está nos paranauês ornamentais que são uma bacana mistura de rústico e moderno, urbano e rural. O pé-direito baixo e o forro em lambril trazem aconchego.

A mesa-bancada, bonita e bem equipada. é um espanto. Vinte espectadores confortavelmente acomodados para apreciar a performance do cook-show Volmar Zocche. O chef executa o menu da noite ali, ao vivo e em cores, esbanjando técnica, conhecimento, bom humor e paciência. A comida, claro, é o mais importante, mas o jantar-evento vai além: o vinho tem o condão de aquecer as relações humanas. A vibe é do bem, da energia saudável, das risadas entre amigos, da interação entre grupos que não se conheciam, das piadas que socializam. 

A democracia fica evidente com a prosa leve entre milionários e assalariados, com a convivência pacífica entre os chilenos de 30 dinheiros e os europeus de três dígitos. E falando em Bacco, mais um atrativo do restaurante: a rolha, viva!, não é cobrada.

Volmar Zocche é um catarinense, filho de um italiano com uma alemã, que voou para a Itália para estudar Veterinária. Na Bota, a vocação paneleira o levou a mudar de rumo. Para desgosto dos pais, formou-se em Gastronomia na melhor escola de Milão. Graduado, Zocche comandou respeitáveis cozinhas, italianas, egípcias e paulistanas. Em Goiânia, foi o consultor-master do Troia, restaurante dos sertanejos Bruno & Marrone.

Casa Branca entrou na vida do chef em razão de um convite profissional irrecusável: ser cozinheiro particular de um herdeiro multimilionário. 

A morte do empregador e circunstâncias de vida proporcionaram o encontro de Volmar Zocche com o casal Fábio e Ana. O Brasil conhece Ana como Ana Volponi. Ela foi um dos nomes de destaque do voleibol feminino brasileiro, brilhando por vinte anos —de 1984 a 2004— nas quadras, pelo escrete nacional e por diversas agremiações vitoriosas. 

Fábio Giordan, o marido, também foi forjado no esporte. Jogou basquete no Corinthians de Vicente Matheus. Ele é um eletrizante anfitrião, recebendo, servindo, capitaneando a brigada e falando pelos cotovelos. E bebericando civilizadamente.

O Espaço Bambu, montado na belíssima propriedade de Fábio e Ana, nasceu da junção do talento do chef Zocche com a necessidade de empreender destes simpáticos ex-desportistas casabranquenses. A aula-refeição, desprovida de protocolos e chatices professorais, é um conceito tão inusitado quanto inédito na região.

Noite fria de quinta-feira, dois de agosto de 2018: vivenciei uma das mais deliciosas experiências gastronômicas da minha existência. E não foi só pela comida.


🥘🍷🥘🍷
👉🏻Serviço: o Espaço Bambu só trabalha com reservas e funciona de quinta a sábado. Contato/WhatsApp: 19 99999-5777.

👉🏻O cardápio de quatro tempos —entrada, massa, carne e sobremesa— muda mensalmente e custa R$ 100,00 por pessoa. Vale cada centavo investido.


CLIQUE AQUI E SAIBA COMO CHEGAR