sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Ekeko

 

Provei! De verdade fui arrebatado pelos aromas e pela leveza da massa. Salteñas e empanadas inspiradoras da croniqueta abaixo, lavrada ainda sob o efeito do cominho.

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O boliviano Fernando Escobar aterrissou no Brasil na década de 1960 para estudar. Fisgado pela mineira Isabel, casou e aqui ficou. Os três filhos do casal —Valéria, Andrea e Arturo— nasceram no Rio de Janeiro. Aos oito anos do caçula Arturo, a família foi passar férias na Bolívia. O garoto se apaixonou pela salteña à primeira mordida: “eu queria comer a toda hora, mas lá salteñas só são servidas das dez ao meio-dia; nem os bolivianos sabem explicar direito o porquê desse hábito que se mantém até hoje.”


Em 2017, confabulando com um primo que o visitava no Brasil, Arturo reclamou da dificuldade de se achar uma boa salteña em São Paulo. Tentaram fazer, mas não deu muito certo, o sabor ficou muito diferente do original. Ouviu de um legítimo “salteñeiro” que a iguaria tinha um segredo. Frustrado e sem saber o tal segredo, ele voou para La Paz e se inscreveu num curso: “nas aulas descobri existir mais de trinta segredos e inúmeros macetes para a confecção de uma perfeita salteña.” 


Voltou a Sampa e abriu o restaurante Ekeko no Paraíso. Colocou no cardápio também as famosas empanadas argentinas, cuja receita lhe foi passada por um chef porteño amigo. Nos três anos de portas abertas, a cozinha do Ekeko conquistou a comunidade boliviana (e parte da argentina) de São Paulo. 


A pandemia antecipou o projeto de mudança para o interior de Arturo Kelmer, 50. A terra da mulher Silvana Vianna, 48, foi o solo eleito. O vento que não vem dos Andes é suprido pelo que vem da Serra da Paulista. Vai daí que esta Sanja de majestosos crepúsculos tem ao alcance do WhatsApp empanadas e salteñas cultivadas com pesquisa e paixão desde a infância do menino Arturo. 


🇧🇴🇦🇷🇧🇷

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19 3366-7500

domingo, 9 de outubro de 2022

Vai passar

 


Meados de 2019, primeiro ano de desgoverno do inominável. No grupo intermunicipal de amigos, eu, Josi e outra boa alma éramos os únicos a bater no Mal. As conversas, antes amistosas e bem temperadas, se transformaram em discussões pesadas, tóxicas, insalubres.


Saí daquele ambiente quando me mandaram à Venezuela, tacharam Luiza Trajano de comunista e Jair de ungido dos céus e defensor da família. Ali, ouvindo aquelas barbaridades de gente supostamente instruída, tive certeza da potência avassaladora da máquina de fake news do nazifascismo brasileiro.


Claro que algumas daquelas pessoas já estavam no armário, à espreita, só esperando um aceno das trevas para colocar pra fora discursos excludentes e odiosos, mas a força das notícias manipuladoras criadas no submundo da extrema-direita empoderou mais ainda a turba fanática.


Desde 2018, estamos mergulhados num conflito político-institucional potencializado pela criminosa insensibilidade social do governo central. A pandemia, que poderia ter unido o país contra o vírus, escancarou a quem quis enxergar um presidente cruel, que debocha das vítimas, que nega vacina, que tira máscara de criança, que sabota medidas protetivas, que exalta medicamentos inócuos. Enfim, um sujeito desprezível desprovido de qualquer traço de humanidade.


De sete dias pra cá, depois do primeiro turno da eleição, a guerra de postagens eclodiu novamente nas redes sociais. Os cegos exaltados de sempre somados aos assumidamente fascistas dispararam, entre tantas mentiras e maldades, preconceito e xenofobia contra o povo nordestino. Testemunhamos um festival triste e intolerante que disse nada sobre o alvo dos insultos e muito sobre quem os proferiu. Detalhe: xingam nordestinos mas arrogam hipocritamente temor a Deus.


Intencionalmente ou não, tem muitos passando pano nas atrocidades perpetradas por esse ser ruim sem se dar conta do que está em jogo.


Fernando Abrucio escreveu no Valor: “Como a História verá quem optar pelo modelo bolsonarista? Será que os tucanos e afins que abraçam o bolsonarismo não percebem que os políticos, pesquisadores e a mídia internacionais estão dizendo que esta é a trilha certa para o precipício? Que poderemos sofrer sanções comerciais e políticas com efeitos danosos para a economia se continuarmos com as diretrizes ambientais e de direitos humanos atuais? Essa cegueira custará a carreira política de muitos políticos mais ao centro, mas principalmente terá consequências terríveis para toda a sociedade”.


É fato, não raras vezes me pego desolado ao descobrir alguém que um dia foi digno do meu apreço se revelar tão desalmado e absurdamente alienado. Aflição e desalento, sim, eu sinto, mas logo recupero o orgulho e a altivez por combater ao lado dos humanamente imperfeitos contra o incurável perverso.


Sem sigilo de 100 anos no meu voto: eu, sem vacilo, aperto 13! Com força!

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Chefchaouen — a experiência azul-marroquina



Madrugamos em Málaga para chegar antes das 8h ao porto de Tarifa. Conseguimos, mas uma certa burocracia documental na compra dos (caros) bilhetes fez com que perdêssemos o primeiro ferry-boat do dia. Embarcamos só às 9h rumo a Tânger, rumo ao Marrocos, rumo à África. 


Sob um céu esplendoroso e sobre um mar calmo, cruzamos o Estreito de Gibraltar em cinquenta tranquilos minutos. O visto marroquino é concedido dentro do próprio barco sem nenhuma dificuldade. Incômodo somente foi a longa fila. A ala de passageiros do ferry-boat, diga-se, é grande, confortável e conectada. 


Badreddine, o motorista que nos levaria país adentro, atrasou o suficiente para sermos ostensivamente abordados por vendedores de passeios. Piedoso do camelo que estaria incluído no tour, recusei depositar minhas generosas arrobas nas suas corcovas. Saímos do porto de Tânger enxergando praias cheias, hotéis de luxo, prédios modernos e avenidas largas. As placas são grafadas em árabe e francês. Túnicas (djellabas) e burcas vestiam os nativos que se aventuravam na quentura nas ruas. 


Pé pesado, Badreddine venceu em duas horas a distância até Chefchaouen. Dormi na maior parte do percurso, mas tive despertares para testemunhar a sinuosidade e a boa pavimentação da estrada. Josi se mostrou incrédula com meu sono profundo durante aquela condução veloz de um taxista desconhecido numa terra idem. 


Quando Badreddine estacionou, a visão daquela escada sem fim assombrou-me. Quando derrotei aqueles cento e setenta degraus até a recepção, o suor fez-me proferir alguns palavrões em árabe. Quando a gentil Radia nos deu boas-vindas com uma limonada leitosa, eu ainda questionava-me a escolha daquele hotel. Quando me perguntarem sobre a hospedagem no Dar Jasmine, ainda vou falar mal da escada, mas vou falar excepcionalmente bem da suíte, da cama, do chuveiro, da decoração, da paisagem, do café da manhã, do jantar e do atendimento polido e simpático de toda a equipe. Que experiência única, arrebatadora, surpreendente! 


E a cidade? Uma localidade cravada nas encostas da cordilheira do Rife. Chefchaouen, no norte marroquino, a incrível Cidade Azul. As paredes são azuis, também azul é a simpatia do marroquino falando árabe, francês, inglês ou espanhol nas vielas movimentadas. Nelas, comerciantes expõem artesanatos e produtos da cultura local a turistas do mundo todo que buscam sem parar o melhor ângulo para a melhor foto no cenário mais azul. 


Dizem que, no começo do século passado, os “chefchaouenses” acreditavam no poder da cor azul para repelir mosquitos, por isso a pintura no tom anil. Se funciona contra os insetos, não posso afirmar, mas tenho certeza da força da energia azulada para o turismo naquela remota urbe do norte da África. 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

A Napoletana


William Gonçalves, que está há quinze anos na cena gastronômica poços-caldense com o Breja Gastrobar, decidiu fazer discos napolitanos por uma razão simples: “não tinha em Poços uma pizza que eu realmente gostasse”. Um tanto de pesquisas e um montão de testes precederam a abertura d’A Napoletana, uma casa de poucos meses com atmosfera cantineira que serve belas redondas cuja massa é de lenta fermentação e alta hidratação. O perfeito molho de tomate pelado completa o fundamento das impecáveis pizzas do lugar. Mais um bom e assado motivo pra subir a serra.


🍕🍕🍕

A Napoletana

de terça a domingo, a partir das 18h

Av. João Pinheiro, 1033

Poços de Caldas, MG

domingo, 7 de agosto de 2022

Menções e sensações

 

Poeta incurável, escritor compulsivo e cronista irreversível, o amigo e confrade Fernando Dezena mencionou duas vezes este escriba glutão em seu texto dominical. As linhas dele, com a leveza habitual, passearam por bocas leoninas, mesas fartas, sítios elevados e almas idem. Sei lá o porquê (?), nas passagens em que ele cita-me há alusões a um café da manhã e uma leitoa desossada. Até parece que sou movido por compulsões gastronômicas! Isto posto, não quero aqui me gabar de ter sido o anfitrião do desjejum, tampouco o privilegiado convidado da pururucância suína n’altitude. Hoje, prefiro a vanglória nada vã dos duzentos mimos do Rubem Braga com que o Dezena agraciou-me. Ah, posso jactar-me da caneca de pingado como companheira matinal de lavras e leituras?

#ForaBolsonaro

domingo, 31 de julho de 2022

O piano


 História e histórias. Difícil precisar exatamente quando esse piano C. Bechstein chegou em São João da Boa Vista. Fabricado em 1918, o instrumento aterrissou nos Crepúsculos em meados da década de 1920. O historiador Antonio Carlos Lorette defende a hipótese de que o piano foi adquirido pelo quadro associativo do Centro Recreativo Sanjoanense, então composto por filhos intelectualizados da aristocracia rural que comandava a cidade.

Certo é que a peça histórica integrou a patrimônio do Theatro Municipal e da Sociedade Cultura Artística, esta última uma confraria de intelectuais e artistas sanjoanenses fundada em 1930 que se reunia no pavimento superior do foyer do Theatro. Segundo o pesquisador Lorette, naquele mesmo 1930 Heitor Villa-Lobos se apresentou no Theatro usando o antológico piano de cauda.

Em 1946, Guiomar Novaes voltou a São João para um recital no Theatro em prol da Casa da Criança. A consagrada pianista também mostrou seu talento no enorme C. Bechstein que protagoniza este texto.

Com o passar dos anos, a falta de manutenção, cessões infelizes e reformas inadequadas foram cabais para deixar o piano à mercê de melancólicos usos corrosivos: aparador de vasos de samambaias, mesa de pingue-pongue e tábua de refeições.

Lorette, o incansável gladiador do patrimônio histórico de São João, pediu socorro ao casal mecenas Angela Bonfante e Geraldo Dezena para salvar o piano de cento e quatro anos da ruína absoluta. Sensibilizados, eles assumiram o ônus do restauro, contrataram um paulistano expert na marca C. Bechstein e, depois de oito meses de um trabalho minucioso e dispendioso, o instrumente de cauda inteira está lindo, renovado, impecável, imponente. Onde? Na Boca do Leão em Águas da Prata, totalmente disponível para visitação.

domingo, 17 de julho de 2022

Liti, o sábio da montanha

 

Voltei ao bairro da Cascata, aquela provinciana fronteira paulista que beija Minas Gerais. Vi empórios e bares modestos, vi senhoras proseando na calçada e carros puídos estacionados, vi crianças brincando na rua e homens cobertos com chapéus ostentando canivetes na cintura, senti o cheiro de alho e cebola fritando e o aroma de lenha queimando, vi jovens nas portas de humildes casas vidrados nas telas de celulares nada humildes. Vi galinhas ciscando no asfalto…


E vi o Liti, entrei na inusitada morada de madeira do Liti. O registro civil revela que ele é Luís Antônio de Oliveira, 64 anos. Liti é um cascatense nativo, retireiro de toda uma vida nas fazendas do pedaço. Descobri o personagem em 2017, trilhando com Josi. Do nada, numa aparição típica de bons caçadores, ele surgiu do mato com seu pastor alemão, Lobo, e nos mostrou atalhos e picadas que só um matuto da montanha conhece. Pintor e escultor diletante, Liti faz suas obras com ossos de animais granjeados em suas intermináveis incursões pelas florestas e pastagens da região. Não há quem domine melhor as veredas destas selvas pratenses. Ele, ainda, é um poeta popular que escreve diariamente. Liti, o cara não para, é um difusor da cura com plantas e ervas que ele mesmo colhe nos bosques recônditos que só ele acha. O papo com a figura é eclético e recheado de histórias que trazem ovnis, espíritos, crendices, folclore e um profundo amor por este solo bendito. 

quinta-feira, 7 de julho de 2022

#ForaBolsonaro



Um brinde…

🥂🥂

…aos que resistem aos arroubos autoritários, aos que não perderam a humanidade, aos que acolhem e abraçam a diversidade, aos que não são insensíveis aos vulneráveis, aos que se norteiam pelo pensamento racional, aos que combatem os mercadores da fé, aos que rejeitam a pregação insana de pseudolíderes desalmados, aos que repelem o ódio de falsos moralistas, aos que condenam a violência de messias sebosos, aos que se indignam com a vagabundagem sobre duas rodas, aos que não compactuam com roubos rachados e propinas douradas, aos que não digerem chocolates lavados e mansões sujas, aos que lutam incansavelmente para destruir as novas câmaras de gás do nazifascismo. Saúde!

sábado, 4 de junho de 2022

Ipê Amarelo Café da Serra

 


Café colonial ou brunch?
☕️ 🍰 🍳 🥤 
A sanjoanense Maria Aparecida Germinaro Smith, depois de uma vida em São Paulo e no Rio de Janeiro, voltou às raízes para reencontrar a serra, literalmente. Morando na Serra da Paulista, ela compartilha a beleza de sua propriedade à mesa do novíssimo Ipê Amarelo Café da Serra. Todo o lauto buffet é servido com delícias feitas artesanalmente na casa e nas redondezas montanhosas. 

☕️ 🍰 🍳 🥤 

Serra da Paulista, km 7,5

Sábados, domingos e feriados, das 8h30 às 17h

19 99459-4974



segunda-feira, 30 de maio de 2022

Botas vermelhas

 


Elas irromperam espalhafatosas pelo Velho Mundo. Tanto quanto a berrante cor rubra, os barulhentos atritos com o chão chamam a atenção do desavisado turista. É o fim do silêncio contemplativo de séculos nos museus de Firenze. É o fim das preces serenas nos templos católicos de Siena. É o fim do flanar quieto pelos jardins de Montreux. É o fim da degustação tranquila de queijos em Gruyères. É o fim do chocolate relaxado na Maison Cailler. É o fim do schnitzel sossegado no Augustiner de Munique. É o fim do remanso com uma caneca de cerveja nas calçadas de Innsbruck. É o fim da hidratação em paz nas fontes de Evian. É o fim da calmaria insossa de Liechtenstein. É o fim…


Culpa da Arezzo, não a urbe da Toscana do filme “A vida é bela”, esta também fustigada em seu solo medieval pelas vigorosas pisadas, mas a grife dos trópicos que insiste em não adaptar um redutor de ruídos no solado que protege os pés da elegante mulher. Num mundo onde já existe impressoras 3D, câmeras 4K em dispositivos móveis e internet 5G, o avanço da civilização ainda não foi capaz de silenciar as passadas das atrevidas botas vermelhas. É o fim!


sábado, 28 de maio de 2022

Ovos Fonte Platina

 

Dona Marisa, matriarca do clã Figueiredo de Jardinópolis, SP, se apaixonou por Águas da Prata na década de 1980. Os filhos Luís Ricardo, Antônio Carlos e Suzana, então jovens, não viram tantos encantos na pacata estância.


Nada como o passar dos anos para virar a chavinha bagunça/sossego. Vai daí que…


A família nunca se desfez do apartamento pratense e a frequência que começou um bocado incômoda para os meninos foi se transformando em adoração. O clima, a paisagem, a tranquilidade, as trilhas de bike, a Fonte Platina. Ah!, a Fonte Platina.


Estabelecidos, bem postos na vida, Luís Ricardo, professor universitário, e Antônio Carlos, dono de restaurante, decidiram abraçar os 60 reforçando os vínculos com este abençoado torrão: há vinte e poucos meses compraram um sítio. Óbvio, na Fonte Platina. Na roça!


E na roça tem fogão a lenha, tem cisterna, tem casa com piso de cimento queimado, tem água na moringa de barro, tem linguiça curando, tem queijo já curado, tem café coando… E na roça tem galinhas saudavelmente soltas nas pastagens que botam ovos saudavelmente caipiras. Aqueles cujas gemas avermelhadas tingem lindamente um arroz branco e um miolo de pão.


Generosamente, Luís e Toninho compartilham com a região um naco desta caipirice. Os ovos Fonte Platina, alimento que carrega a alma da terra e o suor bendito dos pequenos empreendedores, têm sua modesta produção disposta em poucas e afortunadas prateleiras da aldeia Sanja-Prata.


🍳🥚🍳🥚

OVOS FONTE PLATINA

📲 16 98833-1850

🍳🥚🍳🥚

👉🏻São João: 

📌 SuperVitória

📌 Açougue Vitória

📌 Hortifruti+


👉🏻Águas da Prata:

📌 Quitanda da Val

📌 Forte Prata

📌 Supermercado Wan


sexta-feira, 27 de maio de 2022

Zé Pelé, o camisa 10 da mandioca


Ninguém conhece José Vítor de Araújo pelo nome de batismo. Fonteplatinense de alma, 62 anos, ele está no bairro desde 1974, quando chegou de São Sebastião da Grama com a família para trabalhar nas lavouras de café. A boia era fria, o sol era quente, a idade era pouca e o vento nas montanhas trazia alguns sonhos de mudar de vida. Muita água correu de lá pra cá.

Líder comunitário e vereador por quatro mandatos (1982-2000), Zé Pelé sempre usou sua cadeira na Câmara para melhorar o Principado da Fonte Platina.

Num balcão de botequim na Barrinha —Bar do Norfinho—, recebeu clamores para comercializar aquela mandioca que ele levava para acompanhar a cerveja com amigos.

Então funcionário da Renovias, Zé percebeu uma oportunidade de negócio. Fez proposta a donos de terrenos baldios do Principado: “eu mantenho seu imóvel limpo e você me permite o plantio da mandioca”.

Com a ajuda essencial da irmã Célia e do genro Sandro, Zé Pelé montou uma eficiente linha de produção para descascar, lavar, cozinhar, embalar e congelar as macaxeiras platino-pratenses. “Pesquisando e testando, conseguimos ofertar ao freguês a mandioca mais perfeita para fritar. Sequinha, ela não encharca na fritura. Tenho o meu segredo!”, discursa o orgulhoso empresário que entrega mensalmente 1.300 quilos daquilo também chamado por aí de aipim.

Desde 2018 com a pequena fábrica 100% regularizada nos órgãos sanitários, o selo Mandioca Prata está em pontos de venda em Águas da Prata, São João, Pinhal e Poços. Cá no pedaço, poucos mencionam o nome oficial. MANDIOCA DO ZÉ PELÉ, reto e direto, é a marca que está na boca e no prato do povo.

Zé Pelé, o camisa 10 da mandioca, ainda tem planos de crescer. “Duas toneladas por mês? Quem sabe!”

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MANDIOCA PRATA

19 3642-2525 // 19 99729-5567

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Mamma Mia - Casa Branca


A casa centenária da pacata urbe ocupa uma esquina no Centro. Sem recuo, portas e janelas grandes voltadas para a rua integram interior e exterior. O parapeito baixo de uma das aberturas faz o transeunte no passeio público sentir o calor da lenha queimando e testemunhar o trabalho frenético dos pizzaiolos para saciar o apetite do salão lotado numa gelada sexta-feira de outono. Vencidos os degraus pouco amigáveis da entrada principal, os cômodos acolhedores da velha habitação têm mesas dispostas sobre um gasto piso de madeira. As paredes espichadas pelo alto pé-direito são forradas por retratos de uma Casa Branca que ficou no passado. Os gentilíssimos garçons, trajados com as clássicas camisas brancas e pretas borboletas, são tipos de profissionais que quase mais não se vê nos restaurantes. Desde 1986, a Mamma Mia fundada por Fernando “Dóca” Furlanetto Romano é uma cantina que encanta a região com imaculadas pizzas e massas. Hoje auxiliado pelos filhos Fernando e Felipe, Dóca levou a Mamma Mia e suas sedutoras redondas a São João da Boa Vista. O delivery não tem o charme da original, mas mata a saudade do sanjoanense que não fica sem os discos napolitanos que contam trinta e cinco anos de história.

🍕 🍕 🍕

Casa Branca

Rua Luiz Piza, 353

(19) 3671-1318

🍕 🍕 🍕

São João da Boa Vista (só delivery)
(19) 3623-5132 // (19) 99664-1214

🍕 🍕 🍕

[PS: Embriagado pelo vinho, pelo aroma da lenha e pela pizza de jabuticaba, o cronista cometeu alguns lapsos na apuração da história, a seguir devidamente sanados. 1) a Mamma Mia foi idealizada pelo citado Dóca na companhia de seu primo Matias Romano; 2) no delivery recém-inaugurado em São João da Boa Vista, Renato Romano é sócio dos brothers primos Fernando e Felipe]




sexta-feira, 25 de março de 2022

Ninna Bistrô


 Sou fiel às minhas paixões. Noite de outono em Poços é uma delas. Gastronomia, alguns sabem, é outra. Com Josi, paixão maior, misturei tudo nesta quinta e reencontrei a cozinha sempre assombrosa do chef Henrique Benedetti. Ele é um virtuose que reúne técnica, sensibilidade e bom gosto. E é no renascido Ninna Bistrô que a cidade mineira assiste novas performances deste cara talentoso que eu conheci em 2016 no Ollivia. O restaurante é propriedade da empresária Sônia Sarti que abrigou-o em seu lindíssimo casarão centenário. O imóvel, restaurado por mais de década, é uma verdadeira galeria de arte da empreendedora que harmonizou a decoração com objetos granjeados em suas viagens pelo globo. 

Vou narrar o menu do jantar começando por um item (foto abaixo) extra-cardápio que o Henrique, baita honra!, fez especialmente pra nós. Panceta crocante, aligot de queijos Gruyére e Minas curado e molho de goiabada. A junção de queijos, carne de porco e goiabada é uma síntese requintada das mesas das Minas Gerais. Prato arrebatador!

Segue o concerto: tartelete de bouef bourguignon, casquinha de bacalhau com pérolas de tapioca, risoto de camarão rosa, leite de coco e espuma de parmesão, torta de chocolate noisette e, ufa!, crème brûlée de doce de leite. 


🍤 🧀 🥩 🍷 🎹 

Ninna Bistrô

Rua Corrêa Netto, 857

35 3721-7249

Jantar: de quarta a sábado

Almoço: sábados e domingos



domingo, 13 de março de 2022

Mendonza Charcutaria


 Dica gastronômica de amigo tem a força de uma prescrição médica. O “doutor” Sérgio Roque me indicou o belo trabalho de charcutaria dos irmãos Munhoz e, óbvio, fui atrás da boa fumaça do fogo amigo que queima serragem e madeira frutífera. César, 42, e Rafael, 38, estão na labuta desde 2014 enchendo linguiça, no mais saboroso sentido da palavra, e desde 2017 empreendendo também na arte de transformar o sabor da carne pela defumação. A Mendonza Charcutaria está em Casa Branca, mas entrega um portfólio de vinte itens em toda a região.

🐷 🐓 💨 

📲 19 99229-8500

[Na imagem, tender e picanha suína defumados, linguiça de parmesão e bacon, pão italiano da Dri “Ueba” Torati e geleia de abacaxi com pimenta da Fabiana “Fadaluca” Glória]

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Poesia em calda

 

Castanhas portuguesas produzidas na Fazenda Chiqueirão são descascadas e raspadas até que fiquem bem amarelinhas. Dona Augusta Stein Carvalho Dias, 97 ANOS, dona da receita de família, participa de todo o processo e faz questão que os veios das castanhas sejam mantidos. Uma a uma embrulhadas em filó e amarradas, as castanhas assim são preparadas para que não quebrem durante o cozimento por três horas no fogão a lenha. Após a lenta cocção no tacho de inox, o açúcar é acrescentado. Por três dias consecutivos, o doce é fervido duas vezes a cada vinte e quatro horas. No quarto dia, as castanhas são envasadas após delicadamente serem retiradas do filó. Na Queijaria Pátio de Pedra tem mais este incrível tesouro artesanal dos Carvalho Dias. Trabalho, tradição e poesia em calda. 


🌰 🌰 🌰

Queijaria Pátio de Pedra // Fazenda Chiqueirão

Pra quem chega a Poços de Caldas, MG, vindo do estado de SP, entrada à direita, sinalizada, antes da represa Bortolan

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Seg, ter: 8h - 12h

Qua, qui, sex: 8h30 - 17h

Sáb: 8h30 - 16h

Dom: 8h30 - 14h

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📲 35 99242-1018

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Queijo Pátio de Pedra


O queijo Minas artesanal de leite cru tem em Elena Stein Carvalho Dias uma esmerada produtora e incansável pesquisadora. Do rebanho Caracu de sua centenária Fazenda Chiqueirão, local também da Queijaria Pátio de Pedra, sai o leite que proporciona este tesouro láctico da Mantiqueira. O cliente pode comprar o queijo fresquíssimo, logo após sair da fôrma, ou levá-lo pra casa curado. Dona Elena prega, e eu concordo, que o ideal para consumo é a partir do vigésimo dia de maturação, quando a natural desidratação começa a deixar o sabor mais acentuado. Se o freguês der sorte, há dias em que ele pode achar disponível alguns experimentos da mestre-queijeira Elena, como o tipo parmesão feito com oitenta litros de leite ou o hidratado com banha de porco e enfaixado, além dos queijos com processo de cura superior a sessenta dias. 


Na simpática lojinha da queijaria, a freguesia gentilmente atendida pode se deleitar com pão de queijo feito, óbvio, com queijo da casa. Ah, o bolo da foto é estupendo: tem na massa, ouçam!, açúcar mascavo, cenoura ralada e abacaxi cozido; na cobertura, meu Deus!, nozes e cream cheese. 


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Queijaria Pátio de Pedra // Fazenda Chiqueirão

Pra quem chega a Poços de Caldas, MG, vindo do estado de SP, entrada à direita, sinalizada, antes da represa Bortolan

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Seg e ter: 8h - 12h

Qua, qui, sex: 8h30 - 17h

Sáb: 8h30 - 16h

Dom: 8h30 - 14h

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📲 35 99242-1018