domingo, 21 de março de 2010

Redondas tereziânicas

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Já escrevi por aí choramingando sobre a invasão comercial na Tereziano Valim. Não é o caso deste post, bem ao contrário.


Desde que o mundo é mundo, da varanda do número 152, dona Magdalena Godoy, em sua infinita brandura, e seus gatos contemplavam a Sanja passando sem pressa.


De uns anos pra cá ela só trocou o posto de observação: saiu do alpendre terreno e entrou no terraço eterno.


Saíram as cadeiras e samambaias e entrou um… forno a lenha. Os herdeiros da velha senhora locaram a casa para o Alexandre Milan, que lá abriu “O Pizzaiolo”.


“O Pizzaiolo” é a quarta casa cantineira do Alê, que já foi boleiro profissional atuando como guarda-metas no Palmeirinha local, no Rio Branco mineiro de Andradas e no Fortaleza. Um dos seus feitos mais notáveis, e este blogueiro foi testemunha ocular no estádio do CIC, foi segurar uma bomba do Roberto Carlos no último minuto do cotejo que marcou a despedida de Mirandinha dos gramados. Ele me prometeu o vídeo com o lance pro mundo aplaudir via YouTube.


Aprendeu a arte das redondas napolitanas em 1991 quando abriu “O Casarão” em sociedade com os brothers Gerônimo e Raul, o mesmo restaurante que funciona até hoje na Prudente de Moraes. Foi uma das primeiras pizzarias com forno a lenha em Sanja.


Alê é da escola que preza a pizza mais tradicional, nada de massa extra-fina e ausência de bordas. Também gosto do ecletismo gustativo e já escrevi sobre o “Bedrock” e seus discos pouco espessos. Digamos que o Bedrock faz uma pizza-aperitivo, enquanto “O Pizzaiolo” segue a doutrina de uma escola mais fundamentalista. A massa espetacular nada seria sem o molho acurado artesanal e o equilíbrio dos ingredientes.


Viajei um pouco por aí e conheci boa comida. Pouquíssimas pizzarias têm o pedigree napolitano do “O Pizzaiolo”. Guilherme Rehder, macaúbico quatrocentão, viajou bem mais que o autor destas e, habitué do disco tereziânico, decretou: “Está entre os melhores do mundo”.


Tenho o hábito de aferir a qualidade de um estabelecimento gastronômico pelo movimento nas suas mesas. “O Pizzaiolo” contraria essa lógica. O delivery supera o consumo no local e não raras vezes o lugar parece estar às moscas.


Sábado último, enquanto colhia as fotos deste post e esperava uma calabresa e outra marguerita pra viagem, disse ao Alê: “Sanja ainda não descobriu O Pizzaiolo”.


Caro macaúbico, dê um pulo na Tereziano ou ligue 3633-3560. Você vai se surpreender com as redondas do goleiro-pizzaiolo Alexandre Milan.

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segunda-feira, 15 de março de 2010

Glauco, Dino e Sanja

Concluindo, hoje, o último post com a reprodução das charges-santinho by Glauco, desenhadas especialmente para o amigo Bernardino Galhardi em 1988, quando ele foi candidato a uma cadeira na Câmara dos Vereadores de Sanja.

Dino conheceu o Glauco em Jandaia do Sul, PR, porque fazia engenharia com o Netão, irmão mais velho do cartunista. O brother Netão convidava o Dino para férias paranaenses com os Vilas Boas. 

Consta que, da faculdade em Ribeirão Preto, Neto enviava cartas com ilustrações do Bernardino para a família no Sul. Também com desenhos, quem respondia as missivas ao mano era… o Glauco. (histórias gentilmente contadas pela fotógrafa e artista plástica Silvia Borges de Carvalho, companheira do Dino por muito tempo até morte dele anos atrás)

Lá na tasca celestial, certeza!, os beberrões estão baixando rápido o estoque dos prazeres destilados etílicos.

Deixemos a prosa logo e vamos ao que interessa, os impagáveis panfletos políticos:

Glauco1

Glauco2

Glauco3

sábado, 13 de março de 2010

Glauco

Charge Glauco

Na arte ele me chama de amigo. Não era, infelizmente. Era amigo do amigo e parceiro de trabalho Bernardino Galhardi.

Nas eleições municipais de 1988, Bernardino candidatou-se para o Legislativo de Sanja. Para dar um gás na campanha, ele foi até Sampa procurar o chapa Glauco para que o artista criasse umas charges-santinho. Quando este blogueiro, que então tinha 18 anos, soube do encontro com o cartunista que idolatrava desde que viu as primeiras tiras na Folha, morreu de inveja e implorou: “Pô, Dino, seu veado, pede para o Glauco rabiscar alguma coisa exclusiva pra mim”.

Pós-graduados nos prazeres botequeiros, os dois se encontraram numa bodega qualquer da Paulicéia. E foi na mesa do muquifo, entre muitos copos envenenados, que o gênio do humor e pai do Geraldão lavrou a imagem que ilustra este post. E o cartum tem um quê da alma burlesca do Glauco: foi gravado num papel que embalava maços do cigarro Galaxy.

Puta orgulho! Baita tesouro!

Acabei de ver uma homenagem a Glauco Vilas Boas de um cartunista no UOL. Na porta do céu, São Pedro vê o Geraldão chegando e dispara: “Puta que pariu, escondam os querubins!”.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Tapete Azul

tapete azul

Em menos de sessenta dias duas despedidas. Diria o Galvão Bueno: “Haja coração!”

Começo a minha mensagem devendo. Devendo copyright ao Marinaldo por iniciá-la usando o seu bordão clássico:

Caríssimos e Belíssimas (e faço questão de ressaltar a literalidade do “belíssimas” para as colegas-beldades da Cidade Azul),

Relacionamentos curtos são intensos. A brevidade impede a rotina.

Em 50 dias tive uma relação efêmera, vigorosa e muito profícua nesta azulada agência.

Trabalhei na Caixa por oito anos no segmento empresarial e tive, no plano pessoal, um segundo semestre de 2009 bem conturbado.

O choque inicial de voltar ao trabalho depois de meses de molho, em outra cidade e em outro segmento deu lugar a um sentimento de extrema satisfação. Primeiro por voltar à linha de frente em pleno gozo da saúde emocional, depois por descobrir a dinâmica da vida profissional além das trincheiras da área de pessoa jurídica.

Nossa empresa tem no seu corpo funcional virtudes inabaláveis quando recebe colegas de outras plagas/segmentos: espírito de coleguismo e generosidade no compartilhar conhecimentos.

E aqui entre os “anil citadinos” (lindo isso, não?) não foi diferente. Pra não destoar da cor recorrente, fui recebido com tapete azul, paparicado e, com o perdão do clichê, muito aprendi com todos.

A equipe trabalha séria no sentido de ser comprometida com resultados, mas isso em nenhum momento se traduz em sisudez, muito ao contrário, o gerente geral, Marinaldo, competente no gerir, músico diletante e boa praça de alma lúdica, imprime ao “modus trabalhandi” da agência uma leveza e bom humor cotidianos raros nas corporações.

Comecei devendo e termino idem: tenho uma dívida de gratidão com os colegas da Cidade Azul.

No nomadismo inerente à função de gerente bancário, vou pra minha quinta agência em menos de 10 anos de Caixa. Não tenho o direito de pegar a estrada sem antes dizer a todos o meu sincero MUITO OBRIGADO!

Pinhal, bota água no feijão porque eu tô chegando!

Despedida - Cidade Azul 

Jangada: local da pizzada de despedida

terça-feira, 9 de março de 2010

Fasano

O sujeito é fera. Temos que tirar o chapéu pro cara que mantém há anos em Sampa o Fasano, a maior referência em cozinha no Brasil. Me emociona a paixão dele ao falar da casa, do zelo com o preparo e o serviço e da preocupação com o “tchau” de satisfação dos clientes.

E não é porque ele cobra caro não, é porque ele sabe fazer como poucos. Algumas frases/tiradas são impagáveis na entrevista, como a da espuma e a do iPod.

Pelos padrões internéticos, uma entrevista de 6 de janeiro já estaria velha. Não essa, que tem que ser lida, relida e guardada pra ser trelida de tempos em tempos.

Abra um vinho, tire a rolha do link abaixo e deguste palavra por palavra do mestre Rogério Fasano.

Leia aqui a entrevista publicada na Veja em 06/01/2010

bruschetta Fasano

sábado, 6 de março de 2010

Genki

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A Galeria Datolli, bem construída e no filé da Dona Gertrudes, sabe-se lá o porquê, foi um grande mico. Nenhum comércio bacana prosperou lá.

A revoada pelo fracasso dos comerciantes originais, digamos, obrigou o proprietário a flexibilizar as condições de ocupação. No lugar do padrão Sanja-Jardins, entraram salões de beleza modestos e pequenos estabelecimentos off-glamour.

Os preços módicos do aluguel (e a quase certa supressão das “luvas”) encorajaram o(s) proprietário(s) do oriental Genki a abrir suas portas lá. Já conhecia a boa comida deles pelo delivery quando operavam num lugar qualquer do Santo André.

Na Galeria, o Genki ocupa, com algumas adaptações, o espaço equivalente a umas quatro lojas. Vale a visita!

Não fiz grandes incursões pelo cardápio, mas o trivial japa sushi-sashimi estava corretíssimo. Só senti a falta do atum num sábado à noite.  Atendimento ágil, cortês. Aceitam cartões de crédito. A casa estava cheia, bem frequentada, mas o ambiente não padece dos decibéis infernais do Tekinfin. E, melhor, no fundo da Galeria os comensais ficam longe do caos alcoólico-adolescente que é a Dona Gertrudes nos finais de semana.