terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Estacionamento ímpio

Pecado

Inicio esta postagem com a reflexão que ouvi de um urbanista: “Para avaliar a dimensão democrática dos centros urbanos é só verificar o quão largas são suas calçadas”. Largas e exclusivas para pessoas, acrescenta o autor destas linhas.

Nas esquinas e nas redes sociais ainda há calor nos debates sobre o estacionamento no entorno da Catedral.

E se há clamor, segue o andor...

A Polícia Militar, ao que consta, tem feito um trabalho ostensivo de fiscalização nos horários noturnos de missas mais concorridas. Nas cerimônias diurnas, quando a vigilância relaxa, o abuso voltou a ocorrer. O mau costume de alguns motoristas está tão arraigado que só a pedagogia de punição financeira para dar cabo a tão reprovável ato.

Infringir (infração grave segundo o Código de Trânsito) a lei é só um dos fatores que condenam o malfadado estacionamento. Existem outros tão ou mais importantes.

A invasão veicular sobre o passeio público, mais do que uma questão estética, transmite a imagem de uma urbe desordenada onde o arruaceiro faz o que quer e o Estado é omisso.

Numa área central de grande fluxo de pedestres, a segurança destes é colocada em risco ao misturá-los com o trânsito desarranjado de veículos na praça.

Há ainda que se falar do dano ao patrimônio público. O piso, um belo trabalho executado em pedras portuguesas, não foi dimensionado para suportar tráfego de veículos. Além do risco iminente de afundamento, o calçamento poroso pode padecer de manchas permanentes causadas por eventuais vazamentos de óleo lubrificante.

Ainda, vai contra qualquer principio de sustentabilidade pensar um espaço público onde os automóveis sejam privilegiados em detrimento dos transeuntes.

Ouvi de um amigo o seguinte questionamento aos católicos que ali se mostram tão incivilizados: “É possível ser um bom cristão e um mau cidadão?”.

Se regras não escritas de boa educação não bastam, a autoridade não pode transigir quanto ao cumprimento dos dispositivos legais, sob pena de descrédito absoluto e abertura de perniciosos precedentes.

As lamentáveis transgressões, esta e outras que ocorrem na cidade, são problemas em si. Mas elas carregam simbolismos maiores, muito mais graves: o júbilo da ilegalidade e o triunfo da barbárie.

3 comentários:

Marcelo Sguassábia disse...

Bravo, escriba. Isso é mesmo um absurdo sem tamanho. Donagertrudicamente apoiado. Um grande abraço!

Sergio Meirelles disse...

Lauro, perfeito.

Sérgio Meirelles

Fernando Padial Quebradas disse...

Quem não respeita uma lei mundana, expressa, clara e bem definida.
Certamente, não respeitará leis religiosas: que são obscuras e permitem várias interpretações.

E ...qual o tamanho da fé, que não merece 2/3 quarteirões de caminhada?

Lauro, sempre gosto de ler tuas postagens e seu Blog. Abraço. Boas Festas. Voce é um bom homem.