Panelaços e buzinaços sacudiram a noite do último domingo em diversas localidades do país. Enquanto a inquilina do Alvorada fazia um pronunciamento débil na TV, brasileiros muitos cravaram decibéis nas latas num protesto insuflado via redes sociais. No decorrer da semana em São Paulo, a presidente levou outra bordoada ruidosa das indignadas gentes.
Estas manifestações são prenúncios claros para o dia quinze vindouro.
E por que o Brasil vai pra rua?
Porque existe um justo repúdio ao bando de malfeitores que assaltou —ainda assalta?— desavergonhadamente o Estado brasileiro.
Porque uma sociedade vigilante —e barulhenta quando necessário— é pilar de um regime democrático.
Porque a Petrobras, patrimônio da nação, está sendo corroída por ações e omissões criminosas que destroçaram sua credibilidade e, consequentemente, seu valor de mercado.
Porque, pela vastidão de indícios e engodos sacramentados, é legítimo discutir política e juridicamente a capacidade de governar do mandatário maior da República.
Porque é intolerável que compromissos de palanque sejam rasgados com a maior cara-de-pau depois da posse.
Porque a participação política do povo não se resume ao ato de votar.
Porque os interesses de um partido político não podem ser misturados às políticas de Estado.
Porque protestar não é golpismo.
Porque ventilar sobre dispositivos constitucionais não é terceiro turno.
Porque liberdade de imprensa é outro pilar de nações democráticas.
Porque o Brasil é muito maior que a peleja tucanos X petistas.
Porque só fama não alça ninguém ao posto de gerente competente.
Porque a economia de um gigante precisa de um timoneiro que saiba navegar também em mares revoltos.
Porque Cuba e Venezuela têm muito de ditadura e pouco de liberdade.
Porque a contrariedade ao governo também está nas periferias e nos rincões do país.
Porque pedir mudança não significa vestir o traje da elite golpista, tampouco farda e bolsonarices alegóricas.
Porque existe corneta vigorosa —e livre— muito além da CUT e dos movimentos sociais.
Porque a vaca tossiu.
Em tempo: convicto estou dos propósitos da passeata como convicto estou da baixeza de protestar com linguajar de rasteiro calão e com desejos estúpidos de sangramento.
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