O amigo magistrado Christian Robinson Teixeira sentencia:
—Tem novidade na Prata. Novidade na cena gastronômica. O Carioca Café oferece um cardápio de poucos e surpreendentes sandubas. Vamos lá?!
Convite de magistrado não se discute, aceita-se de pronto, sem recorrer.
Luciano e Cláudia dirigem a casa. Ela, de Aguaí. Ele, do Rio. Baixaram na estância hidromineral para ele exercer o seu ofício: luthier, o profissional que fabrica e conserta instrumentos musicais. Alaúdes e guitarras de séculos passados puxavam o seu portfólio.
Ideias projetando novos negócios sempre pululam.
Planejaram ingressar no comércio moveleiro e locaram um ponto. Ventos e planos mudam. Nada mais de mesas e cadeiras, tudo de caçarolas e temperos.
Um salto da específica manufatura de objetos sonoros que alimentam o espírito para a elaboração não menos acurada de mimos de sabor para o corpo e também para a alma.
Luciano encasquetou com uma dupla de ícones cariocas: mate gelado e bolinho de bacalhau. Abrir um café virou o propósito.
650 bolinhos foram feitos para o fim de semana da inauguração. Encalharam. Com o passar dos meses, por sugestões e inspirações, o menu foi sendo moldado.
E a coisa vai indo. O boca a boca espalha que é um lugar pequeno, simples, arrumadinho, com uma carta enxuta de inesperados e deleitosos itens. O atendimento não é dos mais ágeis, mas a simpatia faz o comensal relevar qualquer desconforto.
E lá tem...
Tem hambúrgueres artesanais de fraldinha, tostados na fachada e suculentos na essência, servidos com cebolas caramelizadas flambadas com Jack Daniel’s. Tem outras variantes inusitadas de escolta: gorgonzola e/ou shitake. Tem uma kafta da mesma família dos burgers, que cai na mesa acompanhada de molho de coalhada, salada de pepino e tomate e pão sírio quentinho.
Tem fritas com alecrim que podem ser submersas no clássico ketchup Heinz. Submersos também, em coberturas várias, tem os bacanas waffles.
Tem a mineirice no sanduíche de linguiça. Tem pedigree de boteco no sanduba de pernil defumado com vinagrete. Tem aquele acepipe que mexe com a nossa memória afetiva: bolinho de chuva. Tem um quindim que não é deste mundo. Tem o mate gelado com limão que sobreviveu mesmo depois do melancólico fim do bolinho de bacalhau.
Tem lousa e conversa ao invés do cardápio de papel.
Para remédio dos glutões incorrigíveis, o torrão pratense tem dádivas calóricas que vão muito além do tradicional milho-verde e iguarias derivadas.
Fui, gostei, indico e vou voltar. Muitas vezes.
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