Neste julho de temperaturas polares, tão bom quanto o vinho é conhecer histórias do vinho.
Alguém em algum lugar disse para Márcio Verrone que o solo do seu —dele— torrão natal, São José do Rio Pardo, não seria bom para o cultivo de videiras.
Dogmas estão aí para serem contestados. A colheita de inverno, decorrente da poda invertida —ou dupla poda—, está aí para provar que, com pesquisa e inovação, certezas de outrora não são mais absolutas. A EPAMIG —Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais— foi fundamental no apoio técnico do primeiro plantio em 2009.
E essa cultura pioneira veio depois de Márcio ter frequentado por oito anos a Associação Brasileira de Sommeliers, a ABS, onde se aprimorou no métier em cursos, workshops e degustações. Viagens para vinícolas na França, Itália e Portugal consolidaram esse envolvimento.
Com trabalho duro e com as bênçãos de Bacco, no início de 2016 a primeira safra da Casa Verrone foi para o mercado. Nos rótulos dessa primeira leva estavam sauvignon blanc, syrah e chardonnay. Esse último, dois meses depois de lançado, conquistou o prêmio de melhor do Brasil na sua categoria.
O batismo com troféu colocou a Casa Verrone em destaque na mídia especializada e no boca a boca entre os experts do wine world. Desde então, outras prêmios enriqueceram a galeria de Márcio Verrone e o 1,5 hectare inicialmente plantado foi expandido. 20 promissores hectares em Itobi, nas cercanias de Rio Pardo, são hoje o futuro dessa ousada vinícola orgulhosamente paulista. Ali —foto abaixo— está fincada a pedra essencial de um ambicioso centro de enocultura. Por enquanto, sem instalações fabris próprias, a empresa produz e engarrafa seus produtos em Caldas, MG.
Tarde destas, fui recebido pelo staff da Casa para prosas e provas. Algumas garrafas depois, entusiasmado e emocionado, Márcio se despediu com esse desejo:
—Um dia, eu quero sentar sobre a minha barrica, tirar o vinho com uma pipeta, encher uma taça, erguê-la, da minha vinícola olhar para o horizonte e dizer: “realizei meu sonho”.
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