—Foi bom pra você?
—Hmmm, bem, te achei meio crua.
—Crua, por que crua?
—Um pouco fora do ponto, eu quis dizer.
—Explique-se, não entendi…
—Deixa pra lá, bobagem...
—De jeito nenhum... quero ouvir...
—O seu mecanismo corporal carece de jogo de cintura, ginga, entende?
—Não, seja objetivo.
—O ato exige algumas acrobacias pra ser pleno, uma performance mais elástica, flexível...
—Você me recomendaria uma escola de circo? Frequentar sua alcova requer destreza, habilidades especiais?
—Relevo sua ironia, mas na essência é isso mesmo. Algumas piruetas só podem fazer bem.
—Piruetas?! Acho então que cabe um ensaio, uma coreografia, uma música dançante, um jogo de luzes, plateia, juízes...
—Exageros podem ser bem apimentados, entende?
—Onde você quer chegar com isso?
—Vou confessar: seus traços eslavos, seu cabelo liso, sua cara de menina, tudo isso me lembra a Nádia.
—Nádia?! A exibida do quarenta e dois? Ou é aquela oferecida do RH? Ou é a namoradinha de infância de Botucatu?
—Ela é romena. Nadia, sem acento, Comaneci. Nadia Comaneci, a ginasta que assombrou o mundo nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976.
—Ginasta?! Suas taras são atléticas? Se olhe no espelho, tome juízo, gordo abusado, roliço sem noção, obeso marrento...
—Robusto, sim, mas com muito fôlego e agilidade. Posso listar minhas sessenta e nove virtudes físicas. Meia nove! Esse número te diz alguma coisa? [Empolgado] Você vai atrás da medalha? Vamos nos ver no pódio? Posso reforçar a estrutura do leito? Quer ver meu duplo twist carpado? Vamos ouvir Carruagens de Fogo?
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