quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Luís Roberto de Múcio


Em férias nos Crepúsculos, Luís Roberto de Múcio foi solícito ao convite deste escriba: em três minutos de trocas de mensagens no WhatsApp combinamos um café na Fornarii.
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Pontual, o locutor global chegou na padoca se desculpando pelo traje: “Me perdoe pela bermuda”.
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Sanjoanense de alma e pelo título de cidadão concedido pela Câmara Municipal, ele acidentalmente nasceu em São Paulo para aterrissar em Sanja dois anos depois.
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Luís Roberto, criado na rua Teófilo de Andrade, cresceu na Esportiva jogando futebol e nadando sob as orientações do professor Marcondes. “Na época, a rede social era o clube. Era lá que a gente se divertia, socializava, encontrava os amigos, paquerava. Eu era daquela turma de moleques que chegava na Esportiva pela linha do trem e entrava pelo bambuzal”.
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Do ensino básico no Joaquim José e no Ginasinho, ele se recorda das escapadas para correr atrás da bola e de uma prova de hidrografia: “O mestre João Scannapieco disse que fui o único a acertar os nomes de todos os rios”.
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Foi para o Instituto de Educação cursar o colegial e, eleito presidente do Centro Acadêmico vencendo no pleito o legendário César Gilmar Caslini, teve a primeira atividade na área que seria o seu ganha-pão: no jornalzinho escolar SaCívico, Luís Roberto escrevia a coluna esportiva.  
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Francisco Arten, editor do periódico Opção, o convidou para a página de esportes onde cobriria o futebol dente-de-leite. No mesmo período, o então presidente da Liga Sanjoanense de Futebol, Célio Braga, que apresentava um programa esportivo —O Esporte Amador é Notícia— aos sábados na Rádio Piratininga, chamou De Múcio para trabalhar com o microfone.
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Orminda Cassiano de Carvalho, a famosa diretora da Piratininga, viu nele voz e talento para integrar a equipe do esporte profissional. Ao lado de Wanderley Fleming, apresentava o Piratininga nos Esportes reportando o dia-a-dia do Palmeiras Futebol Clube.
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Não demorou e ele foi promovido a repórter de campo do narrador titular da emissora, Basílio Bisi. Começava ali as rotinas de viagens junto com o Palmeirinha.
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Basílio Bisi, também gerente de banco, deixou a Piratininga para trabalhar longe de São João. Luís Roberto agarrou a oportunidade e no ano de 1978 na cidade de Indaiatuba ele narrou aos 16 anos o seu primeiro jogo: Primavera X Palmeirinha. Na cobertura daquele cotejo Wanderley Fleming foi o comentarista e João Fernando Palomo o repórter de campo.
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Apaixonado pelo rádio, ele ouvia fascinado as transmissões das grandes emissoras de São Paulo. Criativo e inspirado, se arvorou a fazer novas vinhetas para a Piratininga.
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Amigo e colega nos tempos da Piratininga, João Fernando Palomo constata: “O De Múcio sempre foi um cara extremamente profissional, organizado, buscava informações dos times adversários, trazia ideias, inovava nas transmissões, reformulava os textos comerciais, etc. Era claro pra mim que ele ia deslanchar na carreira”. Ao ouvir os confetes, Luís Roberto devolve a gentileza: “João era o melhor entre todos nós! Preferiu a advocacia”.
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Calouro de jornalismo na PUC, Luís Roberto de Múcio mudou-se para Campinas em 1981. Nos finais de semana, ainda trabalhava para a Piratininga nos certames do Lobo da Vila.
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Numa manhã de domingo, na cabine do estádio Ulrico Mursa narrando a visita do Palmeirinha para pegar a Briosa, o hoje deputado Beto Mansur, dono da Rádio Cultura de Santos, convidou Luís Roberto para um teste na Vila Belmiro: transmitir Santos versus Mixto pelo Campeonato Brasileiro. Era o dia 21 de março de 1981 e o Peixe venceu por 2x0.
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Efetivado na emissora, assumiu o microfone e fez as malas para a Itália, onde foi transmitir um torneio internacional com quatro times campeões do mundo. No Brasil e no exterior, de 1981 a 1984, narrou todos os jogos do Santos nas ondas da Rádio Cultura. E foi na cidade litorânea que ele concluiu a faculdade de jornalismo.
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No apagar de 1984, já um profissional experiente, recebeu o convite do ídolo Pedro Luiz para se transferir para a Rádio Gazeta de São Paulo. Nesta emissora, chegou a transmitir alguns jogos da Copa de 1986.
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Por 90 dias, em 1987, trabalhou na Record na equipe de Osmar Santos. A Rádio Globo, depois disso, foi sua casa por 11 anos. Correndo o mundo com a Fórmula 1, Luís Roberto empunhava o microfone da Rádio Globo em 1994 no GP de San Marino, naquele trágico primeiro de maio que levou Ayrton Senna.
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Sem prejudicar o trabalho no rádio, a Manchete numa passagem relâmpago e a ESPN foram os primeiros contratos de Luís Roberto no jornalismo esportivo televisivo.
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Novembro de 1997. Veio o chamado para integrar o rol de locutores de uma das maiores emissoras de TV do mundo. O sanjoanense Luís Roberto de Múcio vestiria a camisa da Rede Globo. E o macaúbico speaker mudou-se de mala e cuia para o Rio de Janeiro.
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Daí, incluindo Copas do Mundo e Olimpíadas, além dos principais campeonatos de futebol do Brasil, Luís Roberto levou, com emoção e precisão, aos lares do país centenas e centenas de disputas esportivas.
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Nos Jogos Olímpicos do Rio, a final masculina que deu a medalha de ouro ao vôlei brasileiro é a transmissão que mais impactou emocionalmente Luís Roberto: “Por ser no Brasil, pelas circunstâncias, pela atmosfera, pelo ginásio, pela torcida. De arrepiar!”
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De arrepiar, também, é a jornada deste sanjoanense que ainda adolescente pegou no microfone e é hoje um dos nomes que estão definitivamente gravados na enciclopédia do jornalismo esportivo brasileiro.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom. Dois expoentes do jornalismo. O mestre da locução Luis Roberto descrito pela pena refinada do Lauro. Deliciosa leitura
João Fernando