Você, caro leitor, que passou parte da infância ou da juventude na década de 1980, chamou, em algum momento, agasalho esportivo de abrigo? “Bacana esse seu abrigo. É da Adidas?”
E agasalho “abrigo” esportivo, naquela época, tinha que ser o clássico Adidas azul-marinho, que formava um impecável conjunto com o tênis modelo Roma, branco e azul, do mesmo selo lendário das três listras.
Eu, então moleque, pré-adolescente, tive o meu abrigo —marrom— da moda, que servia como traje para as mais diversas efemérides. Perdi a conta em quantos aniversários fui retratado com o figurino training. Roupa literalmente de missa, este escriba tomava a comunhão na Catedral com a mesma indumentária de quem fazia o teste de Cooper. Era chique.
Abre parênteses. O mano Gui há de perdoar a minha indiscrição: ele, numa festinha familiar, teve a maior falta de senso estético da História, combinando(?) o seu abrigo cor de vinho com mocassim de bico fino. Fecha parênteses.
Adidas em Sanja era na rua Hugo Sarmento, n’O Coringão. Quem lembra? Quem lembra da morena bonita, alta, olhos claros, cabelo liso, fumante inveterada, que atendia os fregueses da loja com mínimas palavras e um semblante sério, fechado? Ser atendido por essa cara de poucos amigos era obrigatório para o incauto que quisesse ter Adidas no guarda-roupa. Tive algumas peças da Adidas, mas nunca vi um sorriso da moça.
Navego por reminiscências oitentistas de consumo da província macaúbica e, pá!, outra pérola: Gigante Operação Vassoura, o popular Vassourão. O estabelecimento abriu as portas na Ademar de Barros para vender tênis de marcas ordinárias por preços idem. Era o típico comércio que apelava para um ambiente com música no volume máximo e tiras de papel picado no piso —qual é a explicação mercadológica para infestar o chão com picotes disformes de papel vagabundo?
North Star era a etiqueta carro-chefe do Vassourão. A sedução da economia funcionou até os clientes começarem a perceber que os calçados dali, além da falta de charme, careciam de conforto e durabilidade. Tive um par da North Star que não aguentou trinta dias de uso. Por que me lembrei disso? Gigante Operação Vassoura, isso lá é nome com pegada comercial? Será que o dono era janista?
E segue a falta de assunto, ou o excesso de recuerdos: 1ª Cópia, Foto Real ou Peninha Gianelli? Qual foi a videolocadora de sua preferência no começo da era do videocassete? Certeza mesmo era a marca do aparelho que reproduzia as fitas: Panasonic. Milhões e milhões foram iniciados no cinema em casa com os videocassetes japoneses que entravam no Brasil pelo Paraguai. Stallone, Schwarzenegger ou Chuck Norris? A Hora do Pesadelo, Um Tira da Pesada ou Loucademia de Polícia? Você, desleixado leitor, rebobinava a fita antes de devolver?
Nenhum comentário:
Postar um comentário