Anos 1940, a labuta era dura nas minas de carvão da Fonte Platina. A mulher Josiane preparava diariamente o embornal do operário Lauro Borges.
Certa manhã, despensa vazia, ela fez um catadão com o que foi achando na cozinha. Lauro levou para a faina um punhado de macarrão seco, dois ovos, nacos de barriga de porco curada da Cascata e queijo meia-cura do empório do Zé do Carlito. Um caldeirãozinho e uma pequena frigideira de ferro completavam o arsenal para aquele modesto mineiro matar a fome.
Na hora do rancho, o fogareiro cozinhava a pasta e frigia o toucinho enquanto Lauro agregou o meia-cura picado aos ovos batidos. Tudo junto e misturado no calor da panela, o trabalhador atacou com volúpia a inusual massa com ovos, queijo e porco.
Umberto Lino, o italiano colega de serviço, fez troça ao ver as cinzas de carvão caírem sobre o prato de Lauro Borges: “ma che cosa strana, carbone nella pasta, quello non è cibo, quella è carbonara.”
É isso, o resto é história de quem, hoje, coloca pimenta do reino para parecer fuligem de carvão.
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