Conspirariam os querubins da mesa pelas descobertas saborosas de glutões em terras além-mar?
Chegando n'O Porto, baita cidade!, a falta da lâmina semanal na cara do escriba relaxado o obriga a procurar um barbeiro para atenuar a sua deplorável aparência de indigência medieval.
Foram os € 5,00 mais bem pagos da História. Não pela barba, bem feita, diga-se, mas pela dica do barbeiro Vitor ao saber da minha fraqueza incurável: "Ao lado do seu hotel fica um dos melhores restaurantes d'O Porto. Não perca as tripas na quarta-feira".
E lá fui eu, obediente, conhecer A Cozinha do Manel, uma casa de pratos tradicionais portugueses que oferece fora do cardápio fixo opções diárias de receitas clássicas lusitanas, mais puxadas para os hábitos do norte do país.
A fachada simples e estreita não dá pistas para o aconchego do pequeno salão decorado com azulejos e mobiliário antigo. Tampouco insinua a maravilha da comida ali servida.
E voltando ao "não perca" do barbeiro Vitor, eu não perdi as Tripas à Moda do Porto, o Bacalhau à Moda da Casa, o Arroz de Pato, o Bacalhau com Broa. Não perdi também os doces: o Toucinho-do-Céu, o Creme Queimado, o Pudim. Não perdi os vinhos do Douro. Não perdi o gentilíssimo atendimento do Zé Antônio, genro do fundador Manel, que nos acarinhou com um Caldo Verde, sopa esta que não consta no menu e que foi feita especialmente para eu cravar o (X) no check-list dos meus desejos portugueses.
Vai ao Porto?
Não perca A Cozinha do Manel.
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