Sou um homem de fé. Acredito em Papai Noel e numa cápsula supostamente natural que promete emagrecimento com a ingestão de duas delas ao dia. Sem exercícios físicos e sem dieta.
No trabalho, antes de sair para o almoço, como é recomendável, tomo a milagrosa de aroma herbal enquanto atendo os clientes.
Semana última, enquanto ofertava crédito barato a uma freguesa idosa, joguei a bendita na boca e intentei engoli-la a seco. A coisinha, carecendo de um empurrão líquido, estacionou impiedosamente na minha goela.
Não quis demonstrar o vacilo e prossegui no atendimento. Em vão. Fui entregue pela minha voz saindo num tom falsete, por uma lágrima e por caretas esquisitíssimas, enquanto tentava eu forçar a ida daquele cilindrinho para o meu sistema digestivo.
Atônita, a anciã não falou nada, mas ficou nítido o espanto dela ante aquele bancário que falava fino, fazia micagens, vertia água do olho e prometia grandes vantagens.
Acreditem ou não: concedi o empréstimo, vendi um seguro, consegui engolir a cápsula e emagreci 3kg.
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