segunda-feira, 30 de maio de 2022

Botas vermelhas

 


Elas irromperam espalhafatosas pelo Velho Mundo. Tanto quanto a berrante cor rubra, os barulhentos atritos com o chão chamam a atenção do desavisado turista. É o fim do silêncio contemplativo de séculos nos museus de Firenze. É o fim das preces serenas nos templos católicos de Siena. É o fim do flanar quieto pelos jardins de Montreux. É o fim da degustação tranquila de queijos em Gruyères. É o fim do chocolate relaxado na Maison Cailler. É o fim do schnitzel sossegado no Augustiner de Munique. É o fim do remanso com uma caneca de cerveja nas calçadas de Innsbruck. É o fim da hidratação em paz nas fontes de Evian. É o fim da calmaria insossa de Liechtenstein. É o fim…


Culpa da Arezzo, não a urbe da Toscana do filme “A vida é bela”, esta também fustigada em seu solo medieval pelas vigorosas pisadas, mas a grife dos trópicos que insiste em não adaptar um redutor de ruídos no solado que protege os pés da elegante mulher. Num mundo onde já existe impressoras 3D, câmeras 4K em dispositivos móveis e internet 5G, o avanço da civilização ainda não foi capaz de silenciar as passadas das atrevidas botas vermelhas. É o fim!


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