quinta-feira, 14 de abril de 2016

Chá de boldo


Divididos estamos —80% X 20%—, fla-flu incontornável. No pós-votação do impeachment, qualquer que seja o resultado, a crise não deve dar sinais de arrefecer. Um dos momentos mais difíceis da história republicana brasileira. Política e economicamente estamos no inferno. E o triste e desesperador é que não há gestos de grandeza, só vaidade, cegueira, fanatismo e o vale-tudo pelo poder. O melhor não é opção, a escolha é pelo menos pior.

Aqueles que enxergam a política como paixão clubística incondicional são os que dão mais visibilidade ao acirramento da luta. Dos dois lados.

Mas, já disse em outras postagens, e repito: é enganoso e reducionista retratar o embate como situação versus oposição, coxinhas versus petralhas, esquerda versus direita.

No catastrófico Brasil de hoje, existe gente de todas as faixas sociais e múltiplas correntes de pensamento que tem um genuíno desejo de se orgulhar do país como uma nação politicamente estável e economicamente crescente. E esse bloco de insatisfeitos é a maioria. Para eles, a luta é mais extensa, tem muito mais significado do que esse maniqueísmo que grassa por aí.

Por opção pessoal, jamais me filiei a qualquer partido. Nunca tive identidade absoluta com nenhum programa partidário. O mais próximo que estive de uma adesão de carteirinha foi com aquele icônico MDB de Covas, Montoro e Ulysses Guimarães do final da ditadura militar na primeira metade dos anos 1980. Eu era menor de idade à época e não me dei ao trabalho de buscar uma bandeira única de combate. Na trincheira das minhas convicções, o Brasil sempre esteve, está e estará acima de arengas, ideologias e simpatias.

Em alguns pleitos do passado já dei o meu voto para o Suplicy, para o Genoíno, para o Simão Pedro, para o Paulo Teixeira. Votei em candidatos do PT consciente de que eram os melhores na ocasião. Não me arrependo.

Como não me arrependo, hoje, de apontar a corrosão ética e moral entranhada em todas as esferas do Partido dos Trabalhadores, simbolizada no patrimônio recôndito e confuso e nas ligações perigosas e promíscuas do seu líder maior. Àqueles que acusam complôs golpistas, peço: se desarmem, respirem a sensatez, ouçam mais o grito autêntico do povo do que o catecismo sectário do grêmio vermelho.

Concluindo sob uma ótica menos contaminada possível, sereno, sob o efeito de maratonas de leitura, análises, opiniões de amigos e jornalistas, afirmo: o impeachment não é a redenção, mas é um remédio urgente, amargo e institucional, imprescindível para a saúde do país. O impeachment, mais do que o fim do governo Dilma, é um recomeço do Brasil.


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