Divididos estamos —80% X
20%—, fla-flu incontornável. No pós-votação do impeachment, qualquer que seja o
resultado, a crise não deve dar sinais de arrefecer. Um dos momentos mais
difíceis da história republicana brasileira. Política e economicamente estamos
no inferno. E o triste e desesperador é que não há gestos de grandeza, só
vaidade, cegueira, fanatismo e o vale-tudo pelo poder. O melhor não é opção, a
escolha é pelo menos pior.
Aqueles que enxergam a
política como paixão clubística incondicional são os que dão mais visibilidade
ao acirramento da luta. Dos dois lados.
Mas, já disse em outras
postagens, e repito: é enganoso e reducionista retratar o embate como situação versus
oposição, coxinhas versus petralhas, esquerda versus direita.
No catastrófico Brasil de
hoje, existe gente de todas as faixas sociais e múltiplas correntes de
pensamento que tem um genuíno desejo de se orgulhar do país como uma nação
politicamente estável e economicamente crescente. E esse bloco de insatisfeitos
é a maioria. Para eles, a luta é mais extensa, tem muito mais significado do
que esse maniqueísmo que grassa por aí.
Por opção pessoal, jamais
me filiei a qualquer partido. Nunca tive identidade absoluta com nenhum
programa partidário. O mais próximo que estive de uma adesão de carteirinha foi
com aquele icônico MDB de Covas, Montoro e Ulysses Guimarães do final da
ditadura militar na primeira metade dos anos 1980. Eu era menor de idade à
época e não me dei ao trabalho de buscar uma bandeira única de combate. Na
trincheira das minhas convicções, o Brasil sempre esteve, está e estará acima
de arengas, ideologias e simpatias.
Em alguns pleitos do
passado já dei o meu voto para o Suplicy, para o Genoíno, para o Simão Pedro,
para o Paulo Teixeira. Votei em candidatos do PT consciente de que eram os
melhores na ocasião. Não me arrependo.
Como não me arrependo,
hoje, de apontar a corrosão ética e moral entranhada em todas as esferas do
Partido dos Trabalhadores, simbolizada no patrimônio recôndito e confuso e nas
ligações perigosas e promíscuas do seu líder maior. Àqueles que acusam complôs
golpistas, peço: se desarmem, respirem a sensatez, ouçam mais o grito autêntico
do povo do que o catecismo sectário do grêmio vermelho.
Concluindo sob uma ótica
menos contaminada possível, sereno, sob o efeito de maratonas de leitura,
análises, opiniões de amigos e jornalistas, afirmo: o impeachment não é a
redenção, mas é um remédio urgente, amargo e institucional, imprescindível para
a saúde do país. O impeachment, mais do que o fim do governo Dilma, é um
recomeço do Brasil.
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