Acompanho, a reboque do escasso tempo e da diminuta
vontade, muitos dos polarizadíssimos embates políticos no Facebook. Quando a coisa não
descamba para rasteirices verbais e panfletagens explícitas, dá para enxergar
nas contendas retóricas um belo exercício de democracia.
A rede social é uma síntese das ruas, dos papos de
boteco, das corneteiras esquinas numa época de ânimos pra lá de exaltados.
De um lado a MINORIA lulopetista, aguerrida, mas
absolutamente perdida na lama da trincheira, carente de autocrítica, na
inglória luta de defender o indefensável. Defendem atacando. Defendem Lula
atacando o magistrado Sérgio Moro, defendem Dilma atacando o Ministério Público,
defendem o PT atacando o STF. Atacam dez e explicam zero.
Essa MINORIA barulhenta é composta por militantes de
carteirinha, por assessores remunerados e, sim, também por simpatizantes
ideológicos.
Aponta essa MINORIA uma fantasiosa conspiração
golpista maquinada por 70% da opinião pública, pela mídia, pelo Judiciário,
pelo MP e pelo conservadorismo —leia-se PSDB— que nunca engoliu a esquerda no
poder. Injustamente, sob a míope ótica deles, o impoluto Partido dos
Trabalhadores sofre um massacre oriundo de canhões diversos.
Num Estado Democrático de Direito é legítima a
militância partidária. Mais do que isso: ela é saudável para as instituições.
Só acho que no atual momento do Brasil ela peca por primar pela sobrevivência
do seu aglomerado em detrimento do país.
Sobre a insensibilidade de autocrítica dos petistas, o
genial cronista Antonio Prata, esquerdista histórico, lavrou domingo na Folha:
“(…)
Outro dia um amigo veio me dizer que a autocrítica da esquerda era fundamental,
mas que agora não era o momento. Acho que ele se equivoca não só eticamente
como taticamente. Eticamente, é claro, pois não existe nenhum momento em que
possamos compactuar com o crime, a burrice e a incompetência.
E taticamente
pois o silêncio da esquerda em relação aos crimes, burrices e incompetências
durante o tempo em que o PT está no poder passa a ideia de que a esquerda
compactua com a corrupção e o malfeito, de que a corrupção é um mal da
esquerda, só da esquerda e que eliminar a esquerda, por meios legais ou
ilegais, é o Emplasto Brás Cubas que sanará todos os males de nossa melancólica
humanidade —é esse o pensamento que põe a classe média diante da Fiesp e o
Bolsonaro nos ombros da multidão.(…)”
E voltando ao cotejo político acirrado bem definido
nas comunidades virtuais.
Do outro lado, antagonizando ao vermelho messiânico,
uma MAIORIA difusa no que se refere à coloração partidária, mas convicta e
claríssima do alvo. Alvejam a corrupção, as tentativas descaradas de obstrução
da Justiça, a promiscuidade entre o público e o privado, a desastrada gestão
econômica do governo, a imobilidade administrativa, a ruína da Petrobras…
É do jogo que oportunistas e fanfarrões nada limpos
—Aécio, Cunha, Calheiros etc— aproveitem a onda e posem de vestais, mas eles
recebem o devido repúdio de um eleitorado majoritário que tem muito nítida a
bandeira de valores que ele quer empunhar. E o estandarte é inequivocamente
verde e amarelo.
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