O famoso Relógio de Flores de Viña del Mar |
Ressabiados, mas confiando mais nos apps meteorológicos do que naquela profeta glacial, (re)embarcamos na van com nossos trajes de verão. Não foi o caso de uma família de seis paraenses. O provedor nortista, zeloso dos seus, comprou a história da hecatombe climática da velhinha e, num brechó próximo, desembolsou US$ 100,00 para proteger o clã com casacos puídos e malcheirosos. Encapotados, eles adentraram o coletivo como se estivessem na Patagônia no mês de julho.
Josi confessou-me depois que quase acreditou também. Receosa de ficar desconfortável no passeio, faltou pouco pra ela, no brechó, sucumbir a um moletom fedorento que estampava “I ❤️ Chile”.
Horas depois, circulando nas belas Viña del Mar e Valparaíso, sob 29ºC, procurei a tiazinha nas ruas para vê-la hibernando, enrolada em várias camadas de malha de Jacutinga. Não a vi, mas testemunhei os paraenses radiantes, em camisetas, bermudas e vestidos leves. O inútil arsenal polar deles foi devidamente abandonado na van.
O genial Pablo Neruda escreveu: “É o verão que nos ensina a renascer, sem pressa, sem medo.” O tosco, e nada genial Lauro Borges, reescreve: “É o verão que nos ensina a renascer, sem pressa, sem medo de previsões falsas de anciãs arrogantes e desinformadas”.
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