quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Réveillon no exílio: uma crônica de Año Nuevo

Restaurante Como en Peru, bairro Lastarria, Santiago do Chile

 Não me encantei com a culinária chilena. O destaque das panelas deles, sem dúvida, está na marcante influência peruana. Ceviches e lomos saltados são as melhores refeições de Santiago —e, imagino, de todo o Chile. Durante nossa breve passagem pela capital, a iguaria local que mais me agradou foi a empanada de pino. Então, segue o baile.

Chegamos ao hotel depois das 23 horas. Esfomeado eu estava, pela minha natureza e pelo lanchinho meia-boca da Latam. O recepcionista, sem muita convicção, indicou-nos um modesto restaurante do outro lado da rua. COCINA PERUANA no letreiro já anunciava uma digna matada de fome. Alex e Mariano Villalobos, os gentis irmãos incas, serviram-nos ceviche e lomo saltado. O jantar memorável avançou madrugada adentro, regado a pisco sour. Voltamos ao local mais três vezes, tamanha a sedução do tempero e do frescor dos peixes.

Ao descobrirmos que o Como en Peru —assim se chama o lugar— seria um dos poucos abertos na região na noite do dia 31, escolhemos aquela casa para passar nossa primeira Virada no exílio. Elegemos, como não poderia deixar de ser, ceviches para a ceia. Rolou até uma celebração com mojitos e taças de espumante, coroada com um típico suspiro limeño como sobremesa de Ano Novo.

Na mesa ao lado, um jovem casal brasileiro se acovardou diante do cardápio variado de uma gastronomia desconhecida. Ao vê-los entrar em 2025 comendo papas fritas, senti verdadeira compaixão por seus temores diante de novas experiências.

Sob as bênçãos dos mapuches, naquele simples estabelecimento étnico no movimentado bairro Lastarria, atendidos pelo honesto suor imigrante dos manos Alex e Mariano, alimentados com deliciosos pratos andinos, vivenciamos, eu e Josi, o mais inusitado Réveillon de nossas rodadas existências.


Lomo saltado e ceviche

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