segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Resgate gastronômico

lombo-de-porco

Início de 2008 e o escriba-glutão lavrou por aí enaltecendo alguns sandubas desta Sanja. O tradicionalíssimo bauru do Nosso Bar ficou fora dos confetes. À época, justifiquei a minha crítica ao proprietário:

“O lombo suíno, a alma do bauru, tem vindo ressecado no lanche. E esse ressecamento decorre da minúscula espessura do corte da carne. É impossível chegar no ponto correto de fritura com o bife de lombo cortado tão fino”.

Minhas ponderações, que também eram a de muitos amigos e conhecidos, receberam uma justificativa pouco convincente do empresário baurueiro.

Dia destes, seguindo a dica do confrade Gilberto Marcon, resolvi conferir se o resgate gastronômico havia de fato ocorrido. Bela surpresa!

O bauru do Nosso Bar, desde sempre no panteão dos mais tradicionais desta Sanja, voltou a ser também um dos melhores no sabor. A carne suína retornou reinando, suculenta, na espessura correta e muitíssimo bem temperada.

Meus vivas aos proprietários, em especial ao amigo Silvio Carvalho, que não se fizeram de surdos ao coro de comilões desta província crepuscular.

Bauru, em Sanja, é coisa muito séria!

Entenda um pouco da polêmica clicando AQUI e AQUI.

domingo, 28 de agosto de 2011

Doces progressos

Da série “Evoluções”

mamão-formosa

Coisa de 30 anos atrás. Café-da-manhã: minha vó Fiuca me iniciava nos prazeres frutíferos cortando meio mamão caipira e servindo-o sob açúcar refinado. A fruta, muito saborosa, carecia de doçura. Anos depois, o tipo papaya era pequeno e bem doce, mas produto caro e pouco acessível aos não hóspedes de hotéis 5 estrelas. Coisa de hoje. Dia destes comprei um mamão formosa no BigBom. Fruta gigante que saiu por menos de R$ 3,00. Grande, saborosa e dulcíssima. Meus vivas aos estudiosos japas, craques de laboratório, que fariam, hoje, com que minha vó Fiuca economizasse alguns quilos de açúcar. Viva o mamão doce!

 

brigadeiro_de_colher

Bela sacada dos bufês infantis. Na festa todo mundo comia a bolinha de chocolate um tanto seca e envolta em cacau granulado. Em casa, prazeres mundanos!, quem não adora comer brigadeiro de colher em porções homéricas? E não é que agora as festas infantis servem o doce da forma como mais gostamos de comer (ver foto). Bem verdade que a tacinha e colher são minúsculas. Uma das poucas coisas que ainda me atraem a aniversários de crianças é esse brigadeirinho de colherzinha. Viva o brigadeiro de colher!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Na cancha merengue

DSC02955

Num périplo de recreio pelo Velho Mundo algumas paradas em grandes cidades são imperativas. Se inevitáveis as escalas, que sejam longas o suficiente para um giro pelo centro histórico e algo mais.

Dia destes, olé!, aterrissei no enorme aeroporto de Barajas e saí para um passeio na bela Madri.

Uma tal Jornada Mundial da Mocidade inundou a capital espanhola de hordas de jovens religiosos do mundo todo. Queriam ver o Papa, sim, mas queriam diversão e farras típicas da adolescência.

Se as calçadas estavam entupidas de hormônios, o jeito foi subir num ônibus turístico para tentar conhecer um pouco dos pontos históricos da metrópole ibérica. Entre fotos e exclamações pergunto ao motorista sobre uma área para forrar o estômago. Próxima parada, ele sugere.

Parada que me traz um restaurante caro, uma paella meia-boca, um jámon delicioso e, e... o Santiago Bernabéu, o estádio do Real Madrid. Uau!

€ 16 mais pobre e lá estou no interior da casa do escrete merengue. Uma baita emoção pra quem ama o futebol.

Muitos degraus de algumas escadas (rolantes) levam o visitante a uma vista panorâmica da cancha onde já jogaram alguns dos maiores craques do mundo. E que vista! Uma arena de ângulos perfeitos que proporciona visão 100% do gramado para todos os espectadores.

Já vestiram a alva farda do Real essas figurinhas: Di Stéfano, Puskas, Hugo Sánchez, Hierro, Raúl, David Beckham, Zidane, Cristiano Ronaldo e os brasucas Roberto Carlos, Ronaldo, Kaká. Fraquinhos, não?

Essa constelação, em diferentes épocas do século 20, levou muitas taças ao Santiago Bernabéu. E a galeria destas conquistas está no museu do estádio, onde, além dos troféus, há camisas, bolas, chuteiras e ingressos. Todos estes, objetos históricos ligados a algum momento marcante da trajetória do time madrilenho. E bota momento marcante na história desta equipe que foi considerada pela FIFA a melhor dos últimos 100 anos.

Túneis, bancos de reservas, vestiários, sala de coletivas, margem do campo. Tudo isso pode ser visto muito de perto e, arrepio!, aumenta a freqüência cardíaca dos aficcionados pelo ludopédio. Estrutura fantástica e muito didática para quem se arvora a sediar uma Copa do Mundo.

Ribeirinho do Jaguari, iniciado nos prazeres de gritar na arquibancada vendo o Palmeirinha no Getúlio Vargas Filho, este macaúbico de verbo errante, sentindo a vibração de um dos maiores palcos do esporte mundial, teve a certeza que, naquele dia, os deuses da bola conspiravam a seu favor.