Rola lá no Facebook um debate sobre o uso do passeio público no entorno da Catedral como estacionamento de veículos nos horários de missas e casamentos.
Um amigo disse que excetuando a calçada, o resto do entorno faz parte da propriedade da Diocese, podendo ela dar o uso que achar conveniente ao espaço.
Quero, aqui, fazer uma abordagem mais ampla do assunto, nos tópicos que seguem:
1) A recente grande reforma da Catedral foi concebida e executada graças a um grupo abnegado da cidade que reuniu poder público, fiéis, empresários e preservacionistas. E quando falo da reforma, não falo só do interior da igreja, mas também do seu entorno, incluindo o calçamento de pedras portuguesas;
2) Será que esse grupo aprova o uso da área que circunda o templo para circulação e estacionamento de veículos?;
3) Existe a questão estética (passa uma imagem de desordem os carros sobre o passeio público), a questão de segurança (carros X pedestres numa área de grande fluxo no centro da cidade) e a questão estrutural (o local foi projetado para pedestres e o uso habitual para a circulação de veículos pode danificar o calçamento de pedras portuguesas);
4) Há que se falar ainda da questão urbanística: vai contra a lógica da sustentabilidade pensar um espaço público (sim, lá é público) em que os carros sejam privilegiados em detrimento dos pedestres;
5) Conheço um bocado de catedrais históricas por aí. Não vi em nenhuma o seu entorno tomado como estacionamento;
6) Ouço de muitos nas esquinas desta Sanja o desconforto com a situação, mas ao mesmo tempo percebo um sentimento de leniência com o caso por parte do poder público, da imprensa, da sociedade civil;
7) Seria o temor do confronto com uma instituição tão poderosa, a Igreja Católica? Ao que parece, o estacionamento ímpio é autorizado única e exclusivamente pelo pároco da Catedral, o Monsenhor Denizar Coelho.