quinta-feira, 27 de junho de 2013

Academia em revista

Estação de Trem - estilo HonzaKov - P&B

O culto à palavra, a reverência ao bom verbo, a difusão da escrita. Nobres razões para a existência de uma Confraria de Letras. Articulados e idealistas, Octávio da Silva Bastos e Milton Duarte Segurado, depois de propósitos brotados num colóquio informal, conceberam na primavera de 1971 a Academia de Letras de São João da Boa Vista.

Culto, respeitado e aglutinador, o então bispo diocesano Dom Tomás Vaquero foi o nome de consenso para presidir as três primeiras gestões da Arcádia sanjonense. Sereno sem deixar de ser firme, seu comando no grupo literário foi marcado pela consolidação da instituição na sociedade organizada desta urbe tão luminosamente localizada, tão crepuscularmente sedutora.

Dotado de fala eloquente, orador apaixonado, Octávio Pereira Leite sucedeu Dom Tomás também por três períodos consecutivos. Zeloso do papel institucional da Academia, cumpriu com brilho a missão de gerir a associação de letrados.

Causídico de ofício e lírico por vocação, Wildes Antonio Bruscato usou seu sólido saber jurídico para propor e efetivar essenciais alterações no Estatuto. Seu triênio na condução trouxe notas melódicas à Casa, pois o confrade, entusiasta da música, foi um dos fundadores do Coral Vozes de São João da Boa Vista.

O médico, que também vigiava a saúde do léxico, José Edgar Simon Alonso substitui Wildes no mandato seguinte, mas faleceu precocemente antes de concluir sua administração. Maria Célia de Campos Marcondes, 2ª vice-presidente, assumiu o manche da aeronave dos eruditos mantiqueiros.

Maria Aparecida Pimentel Mangeon Oliveira, a Aparecidinha, educadora com inequívoca inclinação às artes, foi a gestora que imprimiu nos anos seguintes um modelo com ardoroso respeito ao protocolo nas cerimônias da Academia. Nos seus inúmeros e históricos discursos ela sempre ressaltava a importância de cultura na formação da cidadania.

O advogado forjado na lendária São Francisco, Sérgio Ayrton Meirelles de Oliveira, com o falecimento da confreira Aparecidinha, geriu até o fim o triênio 2005/2007. Proseador cheio de estilo, ele assim aclamou seus pares por ocasião do lançamento da 2ª Antologia: “Os acadêmicos são expertos nas técnicas literárias, cultos nas veredas da língua portuguesa e dotados de criatividade imprescindível”.

Culta, líder e fervorosa defensora das tradições da Academia, Maria Célia de Campos Marcondes foi novamente uma realizadora presidente nos anos 2008/09/10 e, entre diversos feitos e eventos notáveis, inseriu a instituição na rede mundial de computadores. Ganhamos, finalmente, o nosso sítio virtual.

O mandato seguinte foi dirigido pelo jornalista, professor e então vereador, Francisco de Assis Carvalho Arten. Reformas importantes carimbaram o comando dele na Arcádia: a modernização do Estatuto e a remodelação da sede. Sua habilidade política foi fundamental nestas conquistas.

Lucelena Maia, irrequieta, é a atual presidente e faz uma gestão ambiciosa no empreender em prol das letras. Tomou posse já fincando uma dinâmica agenda de acontecimentos. Até o fim de 2014 o calendário é permeado por efemérides mensais. Este primeiro número da ARCA é um dos compromissos cumpridos da atual diretoria.

Nesta província de relevos geográficos insinuantes, a serra inspira e o crepúsculo abençoa. Em 42 anos de poucas turbulências e muitos êxitos, a Academia prestou, em incontáveis e nas mais diversas formas de homenagem ao idioma, inestimáveis serviços ao fomento da riqueza cultural da cidade.

Pela preservação das espécies, Noé abarcou muitos bichos na sua arca. Aqui nesta ARCA vocabular a PLURALIDADE de estilos é de outra natureza, mas o respeito a ela é o mesmo.

Habemus revista!

Em tempo 1: Este blogueiro foi honrosamente incumbido de lavrar o texto acima para e edição primeira da ARCA, uma publicação da Academia de Letras de São João da Boa Vista.

Em tempo 2: Mais triste e menos saborosa, Pinhal perdeu Tonheca, um personagem que fez história na cidade. Fez pelo empreendedorismo, pela longevidade da cria e pelos sanduíches que são ícones na gastronomia de toda a região. Morre o homem, o legado fica. As plagas celestiais ganham novos temperos a partir desta semana. E cá no plano terreno a prole dignifica a arte do pai. Jefferson e Jackson nunca deixaram a chapa esfriar e estão aí, há muito, deliciando os famintos desta urbe cafeeira com o clássico cardápio de lombinhos & afins.

Foto e arte: Silvia Ferrante – Estação Ferroviária de São João da Boa Vista

Um comentário:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Longa vida à Arca, acadêmico escriba. Muito feliz o nome, que certamente encabeça um invejável conteúdo. Parabéns!