terça-feira, 15 de setembro de 2009

Flash Back


Praia de Itararé, São Vicente, SP - verão 1979
Dudu, Zé Augusto, Gui e o blogueiro

Trecho da crônica "Infância, memórias e viagens"

"(...)Dos meus primeiros cinco anos de idade emergem fragmentos de memória de viagens ao litoral. Praia de Itararé em São Vicente era o nosso destino.

Lembro-me muito bem do imponente (na época era) Opala verde-oliva do meu pai descendo a serra abarrotado de malas e bugigangas, embalado pela trilha sonora do Rei: "Eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar...", berrava o então cabeludo Roberto Carlos no toca-fitas do potente Opalão.

Era de lei nas férias litorâneas de verão ir ao espetacular Circo Thiany que, sempre em Janeiro, erguia sua lona e deixava maravilhados os veranistas da baixada santista. Também não perdíamos o tradicional show de animais marinhos que acontecia num parque situado na divisa entre Santos e São Vicente. Ouço claramente, até hoje, o adestrador gritando em castelhano ao casal de golfinhos: "Flipper, Caroline, salvando a bonequinha", para delírio da platéia infante que ali estava.

Alguns anos mais tarde, sem meu pai mas com minha avó, nossas viagens ao litoral eram capitaneadas por meu primo, Zé Pedro, que conduzia-nos na superlotada Variant branca da minha mãe. Até hoje não entendo como cabia tanta gente e carga no velho carro. Zé Pedro, minha mãe, minha avó, tia Amanda, eu, meus dois irmãos e Zé Augusto, meu primo de Goiânia, além de toda a sorte de bagagem e quinquilharias do clã Buscapé. O bom astral de Janeiro e a ânsia por areia e água salgada faziam com que relevássemos o desconforto da viagem.

Destes périplos beira-mar não me esqueço do sabor inigualável do strogonoff de camarão da minha vó, dos siris degustados no restaurante Boa Vista e, não sei porque, da música Bandolins de Oswaldo Montenegro. Coisas da memória que a gente não explica(...)"


Um comentário:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Ora, ora se não é o escriba imberbe, possivelmente à cata d'alguma macaúba perdida entre as conchinhas...
É, o tempo passa, meu caro. Só nos resta torcer para que não passem as lembranças. Valeu o flagrante e a releitura de trecho desta sua crônica de antanho, plena de sensibilidade. Saudações crepusculares!