segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Frouxidão ideológica






Novembro de 2003, em visita à paupérrima Namíbia, Lula soltou uma das suas e provocou constrangimento na comitiva brasileira e nos anfitriões: "Quem chega a Windhoek [capital da Namíbia] não parece que está em um país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas, tão bonitas arquitetonicamente e tem um povo tão extraordinário como tem essa cidade".
Uma gafe, sim, mas, como várias outros do boquirroto presidente, sem maiores conseqüências para a política externa do Brasil.
Nesta semana, ao receber o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, Lula perpetra talvez o ato de política externa mais desastroso das últimas décadas.
O estouvado político iraniano foi reeleito há pouco à Presidência de seu país num pleito totalmente fraudulento e amplamente rejeitado pela comunidade internacional. A “democracia” de Teerã até hoje reprime com brutalidade os revoltosos que insistem em não compactuar com o sórdido processo eleitoral. E a repressão vem com o pedigree das ditaduras mais sangrentas: prisões, torturas, julgamentos sumários e mais uma cascata de absurdos totalitários.
O presidente iraniano é o mais famigerado negador de uma das maiores barbáries da humanidade. Em qualquer palanque o imbecil não reconhece o Holocausto, o aniquilamento cruel de milhões de seres humanos apenas por serem judeus.
Repito, aqui, o já dito sobre a recorrência de Lula em, sob o pretexto de não se intrometer em assuntos internos de uma nação soberana, não condenar publicamente a pseudo-democracia do seu amiguinho Hugo Chávez: direitos humanos, liberdade de imprensa e democracia são valores universais e, respeitá-los, independe do governante de plantão. Quem não critica, é omisso. Fronteiras geográficas e soberania, quando se tratam de valores universais, não são argumentos sólidos para abster-se de manifestações contrárias.
Lula, para ser “o cara”, tenta ser o simpático líder mundial amigo de todos. Para uns, isso é notável exemplo de bom trânsito diplomático. Este blogueiro, e outros palpiteiros mais qualificados e sensatos, acham o irrestrito jogo amistoso lulista uma demonstração inequívoca de frouxidão ideológica. Mais que isso, uma conivência abominável com caudilhos e suas práticas nada recomendáveis.
Encerro a lavra com uma frase de José Serra, na Folha de hoje: “Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes”.

2 comentários:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Este nosso presidente é um verdadeiro doidivanas. Melhor seria faltar-lhe a língua que um dos dedos! Bela lavra. Dá-lhe, escriba!

Neusinha Pavarotti disse...

Tenho medo até de pensar no que pode dar essas amizades do Lula... O gentinha!