segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Akamine

















Pela minha pesquisa nada formal, encerrei a trilogia das “ranguerias” mais longevas da Cidade Azul. Primeiro os baurus, dos Ueti e da Hilda. E por último teve mais uma família japa que há décadas bem nutre os rio-clarenses. Falo do Restaurante Akamine, na Avenida 1, bem no coração da cidade. Cheguei cedo para o jantar, 19:00, com sol ainda alto nesse janeiro de calor inclemente que os escribas de antanho chamariam de “canícula”. Tão cedo que donos e garçons ainda abocavam o sustento para a jornada noturna. Alguns senhores ocupavam outra mesa bebendo cerveja. O papo era comandado por um tal “Dr. Pitanga”, vozeirão, fala por si e por todos. Pelos decibéis que ecoavam no salão, percebi que o tal “Doutor” é um cartorário das antigas, aposentado, que se gaba de “saber mais que muitos juízes”. Ele redigiria as sentenças que os magistrados só assinavam. Para lavrar as decisões ele só interpelava aos togados: “O senhor quer que eu defira ou indefira?”.
Prédio velho, manutenção que clama, mobiliário puído, toalhas tão limpas quanto gastas. De novo, como nos Lanches Ueti, encontro um lugar abrutalhado que assusta “maurícios” e “patrícias”, mas instiga os exploradores de novos temperos.
Pedi a sugestão do cardápio que gritava na primeira página: contra-filé à parmigiana. Não decepcionou, nem no tamanho nem no sabor. A carne macia sob molho de tomate caseiro e muçarela (eu sei que o “ç” dói, mas o Houaiss manda assim) alimentaria muito bem dois adultos que comem porções civilizadas. Comida boa e barata: o prato mais arroz, fritas, couvert e salada saiu pela pechincha de R$ 17,00.
Perguntei ao garçom se o japinha idoso que lavava copos era o cappo da casa. Sim, ele mesmo, Ideo Akamine. Na saída, encostei no balcão e despejei um caminhão de questões sobre a história do restaurante. Educado, mas arredio a inquirições, seu Ideo falou muito pouco e negou o pedido da foto. “Não gosto de falar nem de aparecer”. Só descobri que a família Akamine está no ramo da boa mesa em RC há mais de 60 anos.
Antes que eu ganhasse a rua, ele tascou: “Quem lhe falou que meu nome é Ideo?”. Entreguei o funcionário cagueta para ira do velho Akamine, que arrematou: “Aqui só me chamam de Nego. Ele é um burro!”
Então tá, Nego!

11 comentários:

Luis Guilherme Bittencourt Borges disse...

Muito bom! Só faltou mesmo a foto do Seu Nego...

Sergio Meirelles disse...

Lauro, meu caro investigador gastronômico. Se conheço o Akamine? E como! Fui muito amigo do Siguemitsu Akamine. Japa pequeno como eu mas de uma picardia e safadeza gigantes. Fomos colegas na mesma turma da São Francisco (turma 71 – Patrono Castro Alves e paraninfo Paulo José da Costa Junior) alem de muitas noites na Casa do Estudante da avenida São João nas homenagens, orações e libações a Baco e fornicações abençoadas por Eros e demais deuses pagãos, em bacanais que lhe deram a fama (antes da Orides por lá morar). Findo o curso cada um tomou seu empregador a tira colo e foi cada um para o seu lado. Ele na Mercedes e eu no Pão de Açúcar. Sinto falta de rever o japonês maluco beleza de Rio Claro, da família dos Akamine e seu inesquecível restaurante (o único defeito é que não podíamos mandar pendurar a conta, como é da tradição). Dá para você investigar se ele está vivo e por onde anda? Saudações

Lauro Augusto Bittencourt Borges disse...

Sérgio,
Bacana que o texto tenha lhe trazido boas lembranças da época da São Francisco. Falei há pouco com a esposa do Ideo Akamine (Nego). O seu colega Siguemitsu, irmão do Nego, faleceu há mais de 10 anos por problemas de saúde. Quando da sua morte ainda trabalhava na Mercedes. Aquela coisa da cultura nipônica do único emprego.
abs

VERA MARTINS disse...

VC FAZ-ME RIR IGUAL A MÚSICA BREGA DE ANTIGAMENTE FAZ-ME RIR O QUE ANDAS DIZENDO ....ACHO QUE QUEM CANTAVA ERA A MULHER DO ALTEMAR DUTRA ....MAS AMEI O RESTAURANTEE DO JAPONES SENHOR NEGO AHAHAHAH CHOREI DE RIR .... DEPOIS FIQUEI PERGUNTANDO O QUE É QUE O LAURO FAZ EM RC JÁ QUE ELE TRABALHA NA CAIXA EM SJBVISTA OU VC FOI TRANSFERIDO???????????????
AMEI A FOTO DO CAMINHAO DE MUDANÇA PORQUE TINHA TEM O CACHORRO NA FOTO E AI ME LEMBREI DO DITADO
...VC PARECE O CACHORRO QUE CAIU DA MUDANÇA AHAHAHAHHAHAHAHAHA
ABRACINHOS
VERA MARTINS

Evandro disse...

Cara...esse eu conheço...degustei algumas especiarias do lugar...na verdade tudo ao sabor dos anos 60 e 70...não só o ambiente mas também o sabor das degustas...

Experimente uma feijoada aos sábados, com o preâmbulo de uma caipirinha com sabor especial e uma inusitada decoração de uma fatia de maça vermelha mergulhada no néctar da pinga ou vodka ao limão açúcar e gelo...

Evandro

Lauro Augusto Bittencourt Borges disse...

Evandro,
Valeu pela dica sabática da feijoada e do drinque. Quando estiver por aqui num sábado, vou lá.
Verdade sobre o viés 60/70 do cardápio. Filé a Chateaubriand, a Cubana e outros evocam iguarias deste tempo.

abs

Caminhão disse...

Meu caro Escriba Glutão, talvez a desculpa do trabalho sirva para relatar a variada vida gastronômica da Cidade Azul. Muito me estranhará o dia que o amigo relatar sobre os sabores de um restaurante vegerariano.

abs
Ricardo

Lauro Augusto Bittencourt Borges disse...

Ricardo, há 5 anos no meu primeiro dia de trabalho em Limeira, o Vlad me inventa de almoçarmos num vegetariano. Quando eu vi "bacalhoada" de soja e tofu de tudo que é jeito, deu vontade de bater no cozinheiro por práticas espúrias contra a boa mesa.

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

O escriba é mesmo um desalmado... e eu cá, com minhas rúculas e rabanetes. Descanso da dieta, só no sábado. Saudações bairroalégricas.

Moacir Martins disse...

OLÁ "MEU MAIS NOVO AMIGO" ATENCIOSO NA GERENCIA DA CAIXA FEDERAL DA VISCONDE E INTERNAUTA. GOSTEI DA MATÉRIA. JÁ OUVIU O MEU PROGRAMA JORNAL 106 - CLARETIANA FM?. HOJE DEPOIS DAS 13 HORAS O MEU "DIALOGOS" PELA TV CLARET. BOM FIM DE SEMANA! MM.

Adilson disse...

Lauro:


São bons locais para se apreciar uma boa comida.

Quando eu trabalhava na industria frequentava muito o Akamine.
O meu prato preferido era "abadejo au bel manieu",não sei se o nome está correta.

O lanche de cupim do Lanches Hilda é saboroso.
Hoje não conheço muitos lugares pois raramente almoço fora.

Outros bons restaurantes:
-Rainha:R.6 entre Av. 2 e 4.

-O Gordo e o Magro:rotatória da R. 14 c/ a Visconde de Rio Claro,ao lado da Localiza.

-Pacheco´s:Visconde de Rio Claro.Pergunte o endereço ao pessoal da agência.

Vou perguntar outras opções ao meu filho.

Amanhã a minha filha virá de S. Paulo com o meu neto.

Na próxima semana manterei contato para jantar-mos no Akamine,

Abraços,Adilson