quinta-feira, 13 de junho de 2013

Federais do Distrito

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Três dias de labuta na capital brasuca não vão desviar o escriba rechonchudo do seu reto caminho em busca de mais saúde e menos arrobas. Vaguear é preciso!

Noite de segunda-feira, pouco político e baixa temperatura em Brasília. E um macaúbico desejoso de mexer o esqueleto aproveitando a visão das sedutoras edificações do Eixo Monumental.

Saio do Setor Hoteleiro Norte com o obstinado propósito de marchar até a Praça dos Três Poderes. Coisa de pouco mais de oito quilômetros entre a ida e a volta.

Primeira parada: Catedral Metropolitana. Uma prece silenciosa contemplando as incríveis colunas em formato hiperboloide genialmente projetadas pelo ateu Oscar Niemeyer. Rogo pouco, quase nada, pelas grandes causas que afligem a humanidade. Minhas súplicas espirituais têm mais a ver com as particulares pretensões salubres mencionadas no primeiro parágrafo destas toscas linhas.

Da virtude para o pecado, ops!, ato falho, quero dizer, da igreja para a Esplanada dos Ministérios. Aquela sequência paradoxalmente monótona e harmônica de prédios idênticos. Passa muito das 20h e em todos eles há muitas luzes acesas. As conjecturas são inevitáveis. Servidores públicos abnegados trabalhando exageradamente por um país melhor? Gente mal intencionada usando o pós-expediente para engendrar falcatruas com dinheiro público? Ou simplesmente pessoas indolentes, inimigas da tarefa hercúlea que é pressionar um interruptor?

Itamaraty, o QG da nossa política externa. O palácio reflete suas belas linhas curvas no espelho d'água e proporciona uma fértil colheita de imagens para este “instagranzeiro" compulsivo. E provoca também algumas indagações. Continuariam os diplomatas brasucas a granjear argumentos em defesa da moribunda ditadura cubana dos irmãos Castro? E a democracia de fachada da Venezuela de mãos dadas com a vizinha Cristina Kirchner, cujo esporte preferido atualmente é tentar calar a imprensa livre da Argentina. Por que nenhuma palavra mais incisiva dos nossos homens de relações exteriores contra estes arroubos reiterados de totalitarismo? Seria por que urgem preocupações essenciais com os rótulos dos champanhes franceses e com a quantidade do caviar iraniano servidos nos suntuosos banquetes diplomáticos?

O STF e seu quase solitário cavaleiro da Justiça, Joaquim. Conseguirá esse magistrado que é referência de probidade conter as manobras espúrias de bastidores tendentes a "empizzar" as condenações dos mensaleiros? Ah!, claro, a sede da corte maior da nação também é monumento da arquitetura desta cidade que é um museu a céu aberto. E dá-lhe postagens cheias de efeitos na rede social de fotografias!

No Planalto arrisquei com o porteiro: "Sou o Lauro, de São João, filho da Ana Maria e neto do professor Augusto. Faço parte da Academia de Letras de lá. O Dulcídio Braz, o Marcelo Sguassábia e o Walther Castelli são meus amigos. Será que a presidenta pode me receber pra um naco de prosa?" O cara anotou tudo e interfonou para o gabinete da chefe-mor. "Senhor Borges, suas credenciais impressionam, mas a presidenta Dilma está em Portugal, numa missão importantíssima de degustação de bacalhau. Quem sabe na sua próxima vez no Distrito Federal", justificou quase pedindo perdão o leão-de-chácara do palácio.

Sobre o Congresso é desnecessário cantar em prosa e verso mais uma vez sobre magnitude das viagens em concreto armado do maior arquiteto brasileiro. Acerca dos parlamentares, um relato. Voei de volta a Viracopos numa quinta-feira, 10:50. Da manhã, diga-se. A aeronave estava abarrotada de deputados federais da região de Campinas. Desde que o mundo é mundo sabe-se que a semana de "trabalho" deles em Brasília começa na terça e termina na quinta. A novidade foi descobrir como o expediente acaba rapidinho na quinta-feira.

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Digna foi a perda calórica pela caminhada na chegada ao cerrado; e mais digna ainda foi a reposição energética dias depois. A ela.

Antes do retorno aos Crepúsculos, um happy-hour com os colegas no Bar Brasília, lugar bacaníssimo ornado com motivos retrô, uma mistura do Bar Brahma de Sampa com os botecos da Lapa carioca. O chope, muitíssimo bem tirado, é servido naqueles clássicos copos cervejeiros da década de 1970. O acepipe que reina ali é o bolinho de batata-baroa com carne-seca e catupiry.

O melhor dos quatro dias na capital da República: uma revelação que muda os rumos da minha insignificante existência. Batata-baroa, acreditem!, é o mesmo que mandioquinha-salsa.

E sobe foto dos bolinhos para o Instagram!

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http://www.barbrasilia.com/

3 comentários:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Grande lavra planáltica, escriba. Mas cabe um reparo: na verdade, a Dilma não te recebeu porque nunca ouviu falar deste quadrúpede! Saudações Joaquinjosélicas.

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Entenda-se: o quadrúpede, no caso, é este que vos fala!

Leila Borges disse...

Lauro, valeu a tentativa! Quem sabe da próxima vez a Dilma receba, meu querido sobrinho, para um cafezinho.