sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Nando

Nando

Devastado! Uma tristeza agreste que seca até as lágrimas. Não consigo chorar, Goiaba.

Porrada da vida que é perder um amigo. Pancada forte, dor de não ter sido um amigo presente nos últimos meses. Meses difíceis pra você, Nando, irmão, que lutou contra traiçoeiros descaminhos do corpo e da mente.

Eu aqui insone e cheio de culpa, teimoso na Tereziano onde nos conhecemos lá nos longínquos anos 1970. Do olho-mágico da minha porta enxergo o outro lado da calçada, a casa 236. A casa onde você nasceu, na alameda onde nasceu nossa amizade de 40 e tantos anos.

Amizade de futebol de rua, do time do Pedrinho, de jogo de botão, de polícia & ladrão, de noitadas adolescentes em Campinas, de jornadas épicas no Morumbi, torcendo na arquibancada ao vivo para o Tricolor mais querido do mundo. Amizade de assistir aos jogos do São Paulo no sofá acolhedor da vó Nina.

Nando, meu padrinho de casamento, me levou à igreja do Perpétuo na Brasília da Tuta. Me honrou com sua presença e sua benção no altar.

Casamento seu em Minas. Eu estava lá. Exílio no Nordeste que você tanto amou. Eu passei por lá.

Mais recentemente sua paixão e talento pela cozinha me transformaram num aproveitador e fã dos seus dotes gastronômicos. Noites de panelanças em Águas da Prata. Eu me empanturrei por lá.

Nada de bom das nossas vidas vai sumir do meu baú de coisas boas. Nenhuma lembrança boa vai atenuar meu remorso por ter sido um amigo tão relapso no momento em que você mais precisava de um ombro. Talvez só de palavras. Talvez só de uma humana presença para aquecer de afeto suas noites frias na Fonte Platina.

Eu, miseravelmente, falhei.

Falamos pela última vez no seu aniversário, era abril de 2014. Seu lamento martela na minha cabeça desde então: “Pô, Laurão, achei que morando aqui a gente ia ser ver mais”.

Goiaba, você foi um cara intenso. Nas esbórnias, nas arquibancadas, nas brigas, nos casamentos, nas amizades, na imensa devoção paternal que você derramou na Ariela e na Heloísa. E, claro, no Gui enquanto você pôde.

Tive o privilégio de ser amado por você. Um generoso amigo. Tive o privilégio de conviver com você em épocas e momentos especiais das nossas vidas. E, também, em momentos simples, comuns, banais, demasiadamente humanos.

Descanse na eternidade, velho parça. Descanse num plano onde convenções sociais importem menos, muito menos, do que a vocação para ser feliz com o essencial. Só com o essencial. Livre de paulistices rígidas e cheio de nordestinices líricas.

Velho, caralho!, que dor!, uma hora, em algum alugar a gente se reencontra. Eu te amo muito e vou lá nos jardins d’Ele tentar me redimir e pedir o seu perdão. Quem sabe no Projac celestial a gente possa reconstruir a Tereziano de 1972.

[Vieram as lágrimas! Muitas!]

Nando, um beijo na Nina, no seu pai, na Donana e no Leco. A mesa aí nas alturas vai estar celebrando sua chegada. E, não se iluda, você cozinha bem pra cacete, mas a Nina vai fazer aquele frango com polenta e não vai te deixar se aproximar do fogão. Chegue quietinho e faça a farofa. Ela deixa.

Chegue quietinho, Nandão. Fique na paz e olhe por nós nesse mundo cada vez mais inóspito, cada vez mais sem Nando.

Um comentário:

Anônimo disse...

It is hard to describe the pain,the sadness,the sorrow when you loose a loved one!
Nando We loved you for what you are, a son, a brother, a father, a friend, a human with all the human feelings and weakness.
You are gone to soon, and You will be missed,but your memories will live on forever in our hearts!
Rest in peace!

And To all the family and friends may god give you the strength to go on!
Raul, Paula,Victoria and Bella