quinta-feira, 4 de junho de 2015

Maguary de caju

comida congelada

—Comida congelada!?

—É... só tenho isso.

—Esperava algo mais... um macarrãozinho feito na hora, uma saladinha fresca, um franguinho refogado, sei lá, uma comidinha com gosto de aconchego, de after sex. Esse Escondidinho da Sadia é o ó! da culinária sem graça. E também vem muito pouco, quase nada, mal dá pra um.

—Quebra um galho...

—Pois é, quebra um galho. Pra você essa noite tem um quê de quebra-galho?

—Eu disse isso?

—Não disse, mas deu a entender. Você poderia ter pensado numa coisa mais caprichada, mais romântica.

—Não gostou da minha cueca de oncinha?

—Gostei, mas não tô falando do durante, tô falando do depois. Acho que eu merecia um pouco mais de consideração. Essa gororoba de micro-ondas serve pro dia a dia, não pra uma noite especial. Ou o que a gente teve agorinha não foi especial?

—Desencana, para de pensar bobagem. Vamos tomar alguma coisa...

—Um vinho!?

—Maguary de caju, pode ser?

—Edmilson Gustavo!, você só pode estar brincando... Maguary de caju é a puta que te pariu... nem uma bebida decente você foi capaz de providenciar?

—Quem está estragando a noite é você, com esse vocabulário ofensivo.

—Vocabulário ofensivo é o que vai acontecer daqui a pouco se você não largar a porra desse videogame e não me trouxer em trinta minutos um jantar que combine com a minha pessoa.

—E o que seria um jantar que combina com a sua pessoa?

—Quer saber, seu pão duro insensível, agora eu vou apelar. Pega o cartão de crédito porque a coisa vai engrossar pro seu bolso. Vai lá no Bento’s e me traga um badejo grelhado com amêndoas e arroz negro. Também quero um risoto de pera com gorgonzola e lombo de cordeiro com geleia de hortelã. De sobremesa, ouça bem, eu quero duas, duas sobremesas: um petit gâteau e uma banana flambada com sorvete.

—E a balança?

—Que balança, Edmilson Gustavo?

—Aquela que vai quebrar depois dessa comilança toda.

—@$%&@$%&@$%&

[Em respeito aos leitores o escriba se abstém de transcrever as palavras um tanto pesadas da transtornada moça depois da infame piadinha, também pesada, do cuca fresca Edmilson Gustavo].

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