Coco. O coco de tudo que é jeito. Puro, assado, cozido, grelhado, frito, empanado. Pão de coco, refogado de coco, doce de coco. Coco é vitamina, coco é remédio, coco é afrodisíaco. Coco satisfaz, coco dá energia, coco cura.
Mais: óleo de coco, sabão de coco, shampoo de coco, desodorante de coco. Papel higiênico da fibra do coco. Água de coco.
Quem lembra do Bubba falando de camarão para o Forrest Gump? Igual.
Numa tarde em Habana Vieja, um aguaceiro dos céus nos obriga a parar numa cafeteria. Chovia o mundo!
O simples senhor cubano, levando no ombro dezenas de bolas douradas numa fôrma, também se recolheu no recinto.
Puxei prosa para passar o tempo e para matar minha curiosidade sobre o que ele vendia. Os atraentes e brilhantes doces eram balas de coco do tamanho de uma bola de beisebol.
Apóstolo do coco, o mascate rezou a oração das 1001 utilidades coqueiras do primeiro parágrafo. Ele e o coco: muito amor envolvido!
Preciso dizer que fiquei com vontade de provar a bala gigante? 1 CUC foi ligeiramente desembolsado.
Na primeira mordida, a casca crocante, tipo maçã-do-amor, se mistura com o coco ralado do recheio. Bom!
Na segunda mordida, o doce excessivo já sinaliza que vai ser um suplício comer tudo. Incômodo!
Na terceira mordida, a maçaroca fica impossível de engolir e a mastigação atinge números macrobióticos na tentativa de evitar o ardor na garganta. Tortura!
O tiozinho continua o seu fervoroso discurso pró-coco. A chuva continua torrencial. Minhas mãos meladas, aquela bola com três dentadas olhando feio pra mim e aquele retrogosto enjoativo me causam impulsos incontroláveis de arremessar aquela bala do mal para o Golfo do México. O respeito ao ambulante foi maior que meus instintos assassinos.
Segurei a bala-bola, por eternos minutos, até a estiada. Na rua, logo depois, o cesto de lixo viu este Michael Jordan gordo e branquelo cravar a sua mais vigorosa e doce enterrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário