quarta-feira, 28 de outubro de 2009

JORNALISTAS e jornalistas

















Distribuí para o meu mailing-list um artigo publicado na Folha, assinado pelo jornalista Janio de Freitas. Em linhas gerais, o artigo analisava as declarações do Presidente Lula de que a ação dos órgãos fiscalizadores de obras governamentais estava travando o desenvolvimento do país. No texto, o articulista diz sobre os ataques de Lula ao TCU e afins: “...estamos diante de uma versão atualizada do slogan pespegado por adversários em Adhemar de Barros, por muito tempo o político mais importante de São Paulo, quando baseou uma campanha na imagem de grande realizador: ‘rouba, mas faz’..."
Um amigo, não cito o nome por não ter lhe pedido autorização, respondeu da seguinte forma o meu correio eletrônico:


Adoro a capacidade que o metalúrgico tem de fazer declarações que deixam a  "elite" desses partidos políticos (que se dizem "jornais") indignados!! E o pior de tudo é que esses gênios da grande mídia (e seus adeptos), de tão sectários, não conseguem entender as metáforas do retirante de Garanhuns!! É cômico!!”


Ante a comicidade do amigo missivista, resolvi responder:
Busco minhas informações diárias sobre a cena política na Folha de S. Paulo e em diversos sites e blogs noticiosos. Há muito deixei de ler a Veja pelo seu anti-petismo patológico, pelas reportagens tendenciosas (que são editoriais dos Civita travestidos de jornalismo) e pelo pirotécnico baboseiro Diogo Mainardi, que ataca só pra ter holofotes.
A Folha, que você inclui entre os “partidos políticos que se dizem jornais”, é, na minha macaúbica opinião, o veículo de grande mídia mais plural e crítico do país. Com certeza tem lá seus defeitos, mas esse mesmo jornal que fiscaliza (para horror de Lula) e aponta irregularidades e falcatruas nos subterrâneos do governo atual, é o mesmo que revelou a concorrência de cartas marcadas da ferrovia Norte-Sul do governo Sarney (Janio de Freitas, maio de 1987), é o mesmo que não embarcou no oba-oba da grande mídia empolgada com o “Caçador de Marajás”(tanto é, que logo após a posse de Collor, a Folha teve a sua sede invadida pela Polícia Federal a mando do Presidente), é o mesmo que revelou a compra de votos de parlamentares para aprovar a emenda da reeleição de FHC (Fernando Rodrigues), é o mesmo que revelou os bastidores nada assépticos das privatizações do tucanato, etc, etc...
Em muitas destas matérias, o lulo-petismo no exercício saudável da oposição bradava contra os governos invocando as matérias da Folha e de outros veículos.
Hoje, democraticamente instalado no Poder, Lula diz que não mais lê jornais e, absurdo!, que o papel da imprensa não é fiscalizar. O lulo-petismo, como outros governos, pauta suas falas e seus atos por oportunismo e conveniência.
Alguns jornalistas e veículos de mídia têm lá seus interesses espúrios, claro, mas há jornalistas que estão há anos exercendo seu ofício com dignidade e ética. Têm história, têm trajetória de mais acertos que erros. Ontem, com o PT na oposição, eram deuses, hoje, fiscalizando mensalão e quetais, são sectários ignorantes.
Quando o cara assina “Fulano de Tal, jornalista” ele tem que honrar a sua pena e não ter filiação a nenhum partido político. Exemplifico com quatro nomes: Elio Gaspari, Fernando Rodrigues, Clovis Rossi e Janio de Freitas. Acompanho a cena política com discernimento desde o fim do governo Figueiredo e na trajetória destes nomes estão gravados críticas e elogios aos governos do momento. Claro, que pela posição fiscalizadora da imprensa, na vidraça que é qualquer governo, as críticas são mais freqüentes.
Ou, como diz Millôr Fernandes: “Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

Um comentário:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Onde é que eu assino??
Faço minhas as palavras do escriba, que pra nosso gáudio vem escribando mais amiúde. Abraços joaquinjosélicos.