segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O primo Lúcio






































Achei esta foto de outubro de 1979. O primo estava na varanda da casa da tia Anete. O achado me cutucou a republicar um texto sobre o parente, que, à época do retrato, só era dado a traquinagens de criança.

Quem quiser de aprofundar na pesquisa, digite no Google: Lúcio Bolonha Funaro.

A molecada brincava próximo à garagem onde repousava o Fusqueta 1970 da vó Fiuca. Uma rampa separava o carro do passeio público. pelas tantas, mal freado, o miúdo Volkswagen começou mover-se na direção da aprazível Tereziano Vallim. Tragédia anunciada. Assustados e sem reação, os imberbes esperaram pelo pior. O ‘crash’ sinistro não veio.

E não veio pela coragem de um pirralho, o primo Lúcio, que num lance hollywoodiano correu, adentrou no carro em movimento e puxou o freio de mão salvando tudo e todos do desastre.

Coragem, iniciativa, ousadia e raciocínio rápido. O primo Lúcio, ‘tampinha’, teve tudo o que os apalermados mais velhos não tiveram.

Noutra ocasião, a turba ‘dozeanista’ peralteava pela Tereziano e adjacências. Nesta idade, 12, a gurizada não tolera os mais novos. Os fedelhos de oito, nove anos, são alijados das brincadeiras.

E os infantes macaqueavam daqui e dali sofrendo marcação cerrada do primo Lúcio, que insistia em macaquear entre os mais velhos.

Impertinência e obstinação tamanhas que a patota dos pré-adolescentes consentiu a intrusão do insistente Lúcio. O consentimento veio com uma alcunha:

Deixa o Chupetinha brincar. Ele é ‘café-com-leite’.

Não me lembro do autor do apelido infame, acho que foi o Beto Cirto. Devo dizer, entretanto, que ‘Chupetinha’ não tinha, no passado romântico, a conotação lasciva do presente libidinoso.

E por que diabos o escriba vem desenterrar historietas sem graça de um talprimo Lúcio’?!

Perdão, leitores. É quemais de uma década não vejo o primo Lúcio. Recentemente, via grande mídia, tive notícias dele. E me surpreendi. Não tenho tempo nem vontade de apurar a veracidade dos fatos. E, contaminado por parentesco, não faço nem juízo de valor. relato e divido a surpresa com o leitorado.

“O economista Lúcio Bolonha Funaro foi eleito o inimigo número um da CPI dos Correios. É acusado de ter dado um prejuízo de R$ 100 milhões a fundos de pensão, é apontado como o dono oculto da Guaranhuns, empresa que o lobista Marcos Valério teria usado para repassar R$ 7 milhões ao PL, é chamado de doleiro e considerado operador de Ricardo Sérgio, ex-tesoureiro do PSDB.” (Folha de São Paulo, 18/10/2005)

“Os detetives do mensalão estão muito interessados num rapaz de 31 anos, operador do mercado financeiro, patrimônio declarado de R$ 12 milhões. Lúcio Bolonha Funaro, conhecido como um doleiro chique de São Paulo, pode ser o dono secreto da Guaranhuns, empresa de fachada que movimentou milhões de reais do esquema Delúbio Soares-Marcos Valério.” (Revista Época, 3/10/2005)


Permito-me, para concluir, apenas um breve apontamento: operador do mercado financeiro e rico, primo Lúcio, como nas historietas do início do texto, sempre correu riscos e jamais se contentou com o andar de baixo. Para o bem e para o mal.

Um comentário:

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Mas que traquinas, heim... esse peralvilho foi mesmo longe. Aliás, eu acho que eu vi o doleiro mirim lá no seu orkut. E o fusca branco também!!!
Abraços macaúbicos.