sábado, 31 de maio de 2014

Copas, lembranças

1978 – Argentina

copa 78

Quando os jogos do Brasil caíam em dias de semana, nós, alunos do Joaquim José, assistíamos as pelejas no corredor da escola, sentados no chão e tentando enxergar alguma coisa na imagem chuviscada de uma TV P&B de quatorze polegadas. As laterais das canchas argentinas tinham mais papel picado do que grama. Na disputa do terceiro lugar contra a Itália, um dos gols brasileiros mais bonitos em Copas do Mundo: Nelinho, uma bomba de fora da área e a bola fez uma curva inimaginável. Na gaveta! Antológico! —vale uma busca no YouTube pra quem quer ver ou rever. Só anos depois fui entender a armação da ditadura argentina para o caneco ficar com os donos da casa.

1982 – Espanha

copa 82

O jogo inaugural da Seleção em Sevilha, contra a URSS, uma virada sensacional com dois golaços de Sócrates e Éder —também prescrevo o YouTube para rever os tentos desta partida—, projetava que seríamos imbatíveis. ­Os três cotejos seguintes —massacres contra Escócia, Nova Zelândia e Argentina— confirmaram o favoritismo dos canarinhos em plagas ibéricas. Cinco de julho, Barcelona, estádio Sarriá: Paolo Rossi endiabrado e um Toninho Cerezo letárgico fizeram o Brasil, depois do Maracanazo em 1950, sofrer sua mais dolorosa derrota em Mundiais. Aos 12 anos, pela primeira vez, compreendi o significado de uma Copa do Mundo para quem ama o futebol.

1986 – México

copa 86

Telê Santana, novamente, convocou um escrete de respeito. Estávamos um pouco aquém de 1982, mas ainda contávamos com Sócrates, Júnior, Zico e o centroavante Careca numa fase espetacular. Lembranças marcantes: os gols extraordinários do lateral-surpresa Josimar —de novo, o YouTube—, contra Irlanda e Polônia, e o pênalti perdido por Zico, contra a França, no jogo que desclassificou o Brasil. Foi a primeira e única vez que chorei por uma derrota da Seleção. Lágrimas doídas e copiosas.

1990 – Itália

copa 90

Um Mundial pra ser esquecido pelos brasileiros. Um técnico embusteiro, Sebastião Lazaroni. Falava, falava e não dizia nada. A falta de comando provocou cisões e panelinhas no grupo. O futebol medíocre da época recebeu o carimbo de Era Dunga, uma alusão ao volante cujo estilo de jogo pouco técnico desagradava imprensa e torcida. Nas Oitavas de Final, contra a Argentina, Maradona e Caniggia selaram a eliminação de uma equipe que não tinha o menor futuro. Neste caso, fuja do YouTube.

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