quarta-feira, 13 de março de 2019

Por que não te calas?


Bolsominion, depois da Nutella matinal e de disparar fake news, limpa a boca na toalha, pega seu rifle e vai atirar na imprensa. O hobby atual dos Bozo-simpatizantes é esse. Mais do que um hobby, uma obsessão. Uma obsessão retroalimentada pelo grande líder do Twitter.

A mídia que critica Bolsonaro hoje, a maioria dos veículos, pelo menos, é a mesma que criticou Lula e o PT. E com razão. Na época do Fora Dilma e do julgamento do Lula, petista nenhum compartilhava links e notícias de órgãos graúdos de imprensa. Eram vendidos. Os puros eram aqueles pequenos blogs aparelhados, catequizados. Nestes Bozo-tempos, o negócio inverteu. Globo, Folha, Veja, Estadão, entre outros, são jornalecos e pasquins da “esquerdalha”.

O papel da imprensa é mais do que informar, é fiscalizar, opinar, cutucar, incomodar. Eu concordo com Millôr Fernandes na sua célebre frase: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”.

Não existe democracia forte sem imprensa combativa. Collor e Dilma não teriam caído sem essa combatividade. Sei que não tem santo na coisa. Sei que há, sim, o interesse econômico e o viés ideológico dos controladores dos grupos de comunicação. No mundo inteiro é assim.

Antes eventuais excessos à passividade, ao jornalismo chapa-branca, à bajulação. Bolsonaro pode ter algumas razões com relação à redistribuição das verbas de propaganda oficial, mas ele não age assim por zelo aos cofres públicos ou qualquer outra razão nobre, ele o faz por seu histórico desprezo ao jornalismo e às instituições democráticas.

A quem interessa uma imprensa desidratada?

Sim, a ironia, o sarcasmo, a charge, a caricatura, o humor são formas legítimas de crítica. Não culpemos a janela pelo cinza da paisagem.

Nenhum comentário: