segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Chef Baron

paella

Forjado homem nas alamedas do acolhedor São Lázaro, Luiz, vinte e poucos, enxergou que o seu eldorado estava muito além das macaúbas. Na vitrine midiática do globo por conta dos Jogos Olímpicos, Barcelona foi o destino eleito. O ano era 1992 e ele não tinha a menor idéia de como ganharia a vida na Espanha. Embarcou com algumas dicas, com a cara limpa e com a coragem típica de um bandeirante da Beloca.

Alguns contatos no bolso, Luiz desembarcou em Madri e tomou o rumo de El Masnou, pequena localidade que fica nas cercanias de Barcelona.

Frustrado o encontro com as referências brasucas que poderiam dar-lhe o primeiro norte profissional em solo ibérico, um colóquio casual  com um dominicano propiciou ao crepuscular o seu primeiro trabalho.

A faina inaugural foi lavar pratos. E o seu primeiro teto foi com os donos do restaurante.

O primeiro emprego e a primeira morada duraram menos de mês. E a curta relação se rompeu por Luiz levar consigo um hábito dos trópicos que desagradou os patrões. Depois de uma jornada de labuta na cozinha, suado e engordurado, ele não abria mão dos banhos diários. Trabalhando num restaurante, acreditem!, foi dispensado por excesso de higiene.

E, de novo, o dominicano foi a mão amiga. Levou Luiz para também lavar pratos no restaurante do Clube de Tênis, no qual era chef.

Ali, na árdua lida de lavar louças, o macaúbico decidiu que queria ser chef.

Meta traçada, Luiz enfim conseguiu contatar a comunidade brasileira do pedaço. E no convívio com os tapuias granjeou um upgrade na cozinha. Chegou, com a ajuda dos conterrâneos, ao Masia Can Casals para auxiliar na seção de saladas (entradas) e sobremesas. Estava na cidadezinha de Alella.

A entrega à nova função fez o restauranter Pepito ver o talento que laborava na sua brigada.

Expandindo os negócios para a cosmopolita Barcelona, o empresário levou Luiz para inaugurar uma nova casa. Por ano e meio o mantiqueiro-hispano chefiou a área de couverts e sobremesas do El Pirata del Puerto.

Com o firme propósito de vestir o avental de chef, passou a rodar para aprender. Um ano em cada cozinha era o suficiente pra ganhar bagagem. E assim foi dominando as caçarolas da gastronomia clássica espanhola: paellas, caldeiradas e uma variedade colorida e saborosa de pratos de frutos do mar.

A rede de contatos cresceu e, por isso, já gozava de um certo prestígio no backstage da gastronomia de Barça.

No fim dos anos 90, veio o primeiro convite para o ápice: ser o 1º chef do restaurante do Abba Sants, um hotel cinco estrelas. Ainda um tanto inseguro para a empreitada, declinou o chamado para o comando geral e foi efetivado como 2º chef.

Segundo de direito, mas primeiro de fato. Pouco afeito ao trabalho duro sob as coifas, o 1º chef posava de estrela enquanto Luiz carregava o piano.

A incômoda situação não durou mais que dois anos. No início do novo século, a cozinha estrelada do Abba Sants passou a ser, de fato e de direito, chefiada por Luiz Baron Neto. O menino do São Lázaro venceu em plagas estrangeiras.

Há dois anos retornou ao pé da Mantiqueira, onde exerce sua arte sem endereço fixo. Nas casas de quem o contrata, segue o lema de fazer uma cozinha correta na qualidade, na quantidade e no preço.

Em tempo: Gourmet ocasional e glutão full time, o blogueiro ainda não foi apresentado aos pratos do chef Luiz Baron o que, desinteressadamente, ele espera que aconteça após essa postagem.

 

Sugestão de menu degustação do chef Luiz Baron:

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Entrada

Carpaccio de salmão com lâminas de parmesão e vinagrete de tomate fresco (foto acima) ; Creme de abóbora com mousse de bacalhau (foto abaixo); Rigatone com filet mignon suíno.

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Principal

Lombo de namorado no vapor sob parmentier de mandioquinha; Carré de cordeiro assado ao molho de vinho e champignons.

Sobremesa

Figos maduros refogados com cravo e canela servidos com sorvete de macaúba.

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O chef ensina como fazer uma salada de bacalhau

5 comentários:

Anônimo disse...

Desinteressadamente me coloco à disposição para acompanhar eventual convite para degustar os pratos... Sem preferências... À mercê da criatividade do Chef...

Abraço

Evandro
P.S.- um amador... mas amante da culinária...

Anônimo disse...

Já tive o prazer de degustar as delícias preparadas por esse Chef.
Recomendo!
Silvia Ferrante

Simone disse...

Isso é a prova da persintencia e um trabalho serio, meus parabens Luiz Baron e muito sucesso que voce merece, um beijo

Simone

Luiz Baron disse...

Lauro muito obrigado pelo texto.
Somente gostaria de esclarecer que eu nao fui despedido pelo fato de tomar banho cada dia.O ocorreu é que nâo me sentia comodo com a situaçâo e mudei de trabalho.
E que em 16 anos de Espanha nunca me senti descriminado.
Obrigado

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Inspiradora saga de sucesso nas lides gastronômicas. Dá para perceber que o chef Luis voltou para a fazenda da Beloca com indisfarçável sotaque ibérico. Parabéns a ele e a você, Lauro, pela deliciosa reportagem. Abraços.