quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Habaneras 8 - O povo



Depois de cinco dias em Havana, fui encerrar as férias no espetacular balneário de Varadero —seguramente uma das praias mais lindas do mundo.

Curioso e guloso, perguntei a uma garçonete do restaurante do hotel qual era a sobremesa cubana mais tradicional. 

—É o flan. Aqui no hotel tem, mas não é tão bom quanto o feito em casa.

Agradeci a informação e fui provar o flan das minhas hoteleiras possibilidades.

No café-da-manhã do dia seguinte, Rosemary, a garçonete, surpreende este roliço escriba com um mimo: um flan caseiro. 

Conto este causinho para ilustrar a minha admiração pelo povo cubano. Sofrido, oprimido, mas alegre e generoso.

Os cubanos adoram turistas, sabem receber bem, querem a todo momento saber nossa opinião sobre o país deles, gostam de ajudar, sentem prazer em agradar.

Falei com muitos em Havana e Varadero. Tem os que abertamente repudiam o regime político e sonham com uma nova vida no exterior; há os apoiadores do regime que dizem ter tudo —segurança, saúde e educação— para uma vida digna; tem, ainda, os ressabiados que preferem não se manifestar sobre política.

Em todos, um traço comum: a alegria. Suas aflições, receios, carências, desgostos, não são externados publicamente. Nas minhas andanças por aí vi muita coisa e todo tipo de gente. Poucas vezes vi uma efusividade tão cativante como a da plebe da ilha caribenha que, decididamente, não merece o governo que tem.


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